sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Spider: "Tenho meus arranca-rabos com o Dana. Não sou fácil de se lidar"

Anderson Silva se define como "mula empacada", conta que é vencido no cansaço pelo chefe nas negociações e comenta saída conturbada de Wand

Por Rio de Janeiro
Anderson Silva muitas vezes tenta ser engraçado e fazer piada quando está diante da imprensa. Com os amigos do meio das lutas, as risadas são garantidas. Mas essa impressão de leveza que ele passa para quem tenta acompanhar um pouco de sua rotina profissional pode não corresponder totalmente à realidade. Quem diz isso é o próprio Spider. E quem mais sentiu essa diferença na pele talvez tenha sido Dana White, presidente do UFC, que já precisou negociar com o lutador diversas vezes. Ao comentar sua relação com a organização, Anderson contou que costuma ter seus "arranca-rabos" com o chefão e admitiu ser uma pessoa difícil:
- O que quero do UFC é o que sempre tive: o carinho, o respeito do Dana e de todas as pessoas que trabalham lá. O UFC é uma grande família, que está crescendo a cada dia mais. É uma coisa que eu já tenho. Me sinto parte dessa família. Tenho meus arranca-rabos com o Dana. Não é muito fácil às vezes, porque não sou uma pessoa fácil de se lidar. Mas adoro o Dana e acredito muito que a gente tem um respeito grande um pelo outro - disse ao Combate.com.
Anderson Silva, UFC (Foto: Ivan Raupp / Globoesporte.com)Anderson Silva, ex-campeão até 84kg do Ultimate (Foto: Ivan Raupp)
Segundo Anderson, que se define como "mula empacada" para algumas situações, o próprio muitas vezes é vencido por Dana White na base do cansaço:
- Sou meio chato, meio ranzinza. Para algumas coisas, eu sou meio que mula empacada. Quando eu empaco numa parada, vou até o final. Só que ele me vence no cansaço, né cara? E ele consegue me entender. Tem vezes em que eu ganho do Dana, mas na maioria das vezes ele me ganha no cansaço.
Sou meio chato, meio ranzinza. Para algumas coisas eu sou meio que mula empacada. Quando eu empaco numa parada, vou até o final. Só que ele (Dana White) me vence no cansaço, né cara?"
Anderson Silva
Uma dessas negociações em que Dana "venceu" foi em relação ao duelo de boxe que o Spider queria - e ainda quer - fazer contra Roy Jones Jr, mas o presidente do UFC descartou a ideia. Quanto à revanche contra Chael Sonnen, ocorrida em 2012, o brasileiro admite que ela foi muito importante para o MMA, apesar de na época ter resistido ao máximo:
- Acho que a revanche contra o Sonnen tinha que ter acontecido mesmo. Ficou na história. Quando houve essa polêmica toda sobre a revanche, o Dana falou o quanto isso seria importante. E foi, então tenho que dar razão a ele. Foi uma coisa que marcou. A experiência dele me ajuda muito, e a relação que a gente tem é muito boa. É normal, nem sempre você vai concordar com o patrão e nem sempre você vai ser um funcionário exemplar.
Busca para se sentir completo; saída de Wand do UFC
Durante a entrevista coletiva que concedeu na terça-feira, Anderson Silva confessou sentir que deixou algo escapar na carreira. Mas ele ainda não sabe dizer o que é e está em busca desse preenchimento:
- Só vou poder responder isso para você depois da luta (contra Nick Diaz). Ainda estou tentando entender, mas não consigo falar isso agora. Só vou conseguir entender depois que eu lutar, que vencer. De repente nem na próxima. De repente eu só vou conseguir responder daqui a duas ou três lutas, porque aí vou poder captar aquilo que eu estava procurando e se perdeu no meio do caminho.
Anderson Silva, UFC (Foto: Ivan Raupp / Globoesporte.com)Spider grava vídeo no celular (Foto: Ivan Raupp)
Antigo companheiro de treinos de Anderson, Wanderlei Silva anunciou sua aposentadoria do MMA e criticou duramente o UFC. Ele disse que perdeu a vontade de lutar por conta da falta de respeito do evento com os atletas. O Spider não entrou diretamente na questão, mas disse que é difícil questionar a partir do momento em que há um contrato assinado:
- Há muito tempo não converso com o Wanderlei. A gente já foi companheiro, já treinou junto e se ajudou muito. Mas não tive a oportunidade de falar com ele. Fiquei sabendo da polêmica toda que deu por conta das pessoas que vieram me falar, mas não cheguei a ver nada. Acho que ele tem as opiniões dele, tem de ser respeitado. Eu não tenho nenhum problema com o UFC. Tenho meus arranca-rabos com o Dana e resolvo com ele sempre que alguma coisa está me incomodando. Falo mesmo, e a gente resolve. Como falei, o UFC é uma família. Quando tem algum problema, tem que chegar nas pessoas responsáveis e tentar resolver. É o que sempre procuro fazer. E a partir do momento em que você assina um contrato... Você tem a opção de querer ou não assinar. Se você assinou uma coisa, está no papel, e você concordou, fica difícil questionar alguma coisa. Não sei o que aconteceu, mas é mais ou menos o que penso.
Outra dúvida que ficou na coletiva foi em relação à equipe do Spider. O ex-campeão dos médios (até 84kg) do UFC esclareceu que, apesar da chegada de Ricardo de la Riva, o treinador de jiu-jítsu Ramon Lemos continua no time. Mas ele ainda não definiu quem será o head coach (treinador principal) da preparação para o UFC 183, que ocorre no dia 31 de janeiro, em Las Vegas (EUA). O escolhido terá papel ainda mais importante para o duelo contra Nick Diaz.

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