terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

F-1: equipe a equipe, como está a preparação para a temporada 2015

O especialista do GloboEsporte.com na Europa traz uma análise detalhada da preparação de cada equipe para o campeonato que começa no dia 15 de março

Por Direto de Nice, França
Conforme era já esperado, algumas questões que emergiram da primeira série de testes da pré-temporada, de 1.º a 4 deste mês em Jerez de la Frontera, começaram a ser parcialmente respondidas nos quatro dias de treinos no Circuito da Catalunha, em Barcelona, encerrados domingo.
E o último ensaio, que começa nesta quinta-feira e vai até o domingo, também nos 4.655 metros da pista catalã, oferecerá um quadro ainda mais claro do que esperar das primeiras etapas do campeonato programado para dar a largada dia 15 de março em Melbourne, na Austrália.
Por enquanto, certeza mesmo só existe uma: a Mercedes continuará sendo a equipe mais forte. Talvez ainda mais difícil de ser vencida que no fim do ano passado. Essa pergunta Barcelona já respondeu, ratificando a impressão geral durante os dias de experimentos em Jerez.
Oito dos nove times da F1 treinaram, no Circuito da Catalunha, com seus modelos de 2015. A exceção foi a Force India, com problemas financeiros, a ponto de atrasar a conclusão do monoposto deste ano. Seus pilotos utilizaram o VJM07-Mercedes de 2014. Nico Hulkenberg e Sergio Perez devem utilizar o novo monoposto no ensaio dos próximos dias.
Lewis Hamilton dentro do carro da Mercedes no 1º dia de testes da Fórmula 1 em Barcelona (Foto: Reprodução)Lewis Hamilton dentro do carro da Mercedes durante testes da Fórmula 1 em Barcelona (Foto: Reprodução)
Todas as equipes tiveram a oportunidade de, se desejassem, colocar nos seus carros os quatro tipos de pneus produzidos pela Pirelli para asfalto seco, este ano, até mesmo o supermacio, não presente em Jerez. “É o asfalto mais abrasivo dentre todas as pistas que a F1 treina, não faria sentido utilizar lá. Já o circuito de Barcelona faz parte do calendário, seu traçado também tem mais a ver com os demais e o asfalto é, podemos dizer, normal, não como o de Jerez”, explica Paul Hembery, diretor de competições da Pirelli. Estavam disponíveis os pneus intermediários e para chuva intensa também.
O fato de nenhuma das equipes que parecem ter o melhor equipamento este ano, Mercedes, RBR, Williams e Ferrari, terem experimentado o pneu supermacio, apesar de serem distintos dos de 2014, é uma prova de que estão escondendo bastante o jogo. Apenas Lotus, STR, Sauber chegaram a conhecer esses pneus, mais aderentes. A Force India o usou, também, mas no modelo do ano passado.
“Não é apenas a Williams que ainda não exigiu tudo do carro nos testes, este ano, em particular, a maioria, tenho certeza, ainda não expôs o que pode”, afirmou para o GloboEsporte, em Barcelona, o diretor técnico da Williams de Felipe Massa, o inglês Pat Symonds. “A Mercedes sequer chegou a usar pneus macios.”
Parece não haver dúvida de que a decisão de Toto Wolff e Paddy Lowe, diretores da Mercedes, deixou todos preocupados. Se só com os pneus duros e médios Lewis Hamilton, campeão do mundo, e Nico Rosberg, vice, ambos da Mercedes, já foram com o modelo W06 equipado com pneus duros mais eficientes que todos os demais com pneus médios, o que não pode acontecer quando os dois deixarem os boxes com os macios e os supermacios?
Resposta: as diferenças tendem a ser maiores que as verificadas em 2014, quando o modelo W05 já era bem mais rápido que todos os adversários. Essa é uma impressão que só poderá ser respondida dia 13 de março, na primeira sessão de classificação da prova de abertura do Mundial, no Circuito Albert Park.
E mesmo assim há quem acredite que a Mercedes, de novo, não vai apresentar todo o potencial do W06, como o espanhol Juan Villadelprat, ex-chefe de equipe da Tyrrell, McLaren, Ferrari, Benetton e Prost, hoje colunista do El Pais e comentarista da TV espanhola. “A Mercedes pode, se desejar, começar o campeonato com o carro do ano passado que mesmo assim vencerá. Na Austrália vão andar com menos potência, mas ainda na frente, para os concorrentes não saberem, com precisão, em que tempo podem chegar.”
Felipe Massa Fórmula 1 2015 (Foto: Getty Images)A Williams, equipe de Felipe Massa, pode ter "escondido o jogo" nos testes da F-1 em Barcelona (Foto: Getty Images)

Agora, equipe a equipe, como está o seu estágio de preparação:
mercedes

Sexta-feira, Hamilton simulou uma corrida. Daniel Ricciardo, da RBR, também. O campeão do mundo tinha pneus duros. A revelação de 2014, o australiano, principal razão de Sebastian Vettel se transferir para a Ferrari, usava pneus médios. O horário do ensaio não foi o mesmo, mas as condições de temperatura do ar, do asfalto e vento não eram significativamente distintas.
Na primeira série de 22 voltas que o GloboEsporte.com acompanhou, Hamilton foi, na média, seis décimos de segundo mais veloz que Riccardo nas suas primeiras 18 voltas. Apesar de o australiano ter atenuantes para poder explicar ser, no tempo total da série de 18 voltas, 11 segundos mais lento que Hamilton, como eventualmente estar com mais gasolina, embora pouco provável, o dado é revelador da vantagem do modelo W06. Vale repetir: Hamilton tinha pneus duros, os da faixa laranja, facilmente identificados, e Ricciardo, os médios, brancos. E mesmo assim foi mais rápido.
Nico Rosberg deu mostra do poderio da Mercedes ao fazer segundo melhor tempo com pneus médios (Foto: Getty Images)Rosberg deu mostra do poderio da Mercedes ao fazer segundo melhor tempo do domingo com pneus médios (Foto: Getty)

Ao dispor desses dados, Adrian Newey, consultor técnico da RBR, afirmou: “Eles (Mercedes) estão muito à frente de todos. É nessa condição (corrida) que parecem ser muito superiores”.
Mas não é só. Também nas voltas lançadas o W06 demonstrou estar mais rápido que os adversários. Domingo, Rosberg saiu dos boxes, com pneus médios novos, e estabeleceu 1min24s321, e depois deu mais cinco voltas antes de regressar. Quase no mesmo horário, Romain Grosjean, com Lotus E23-Mercedes, portanto com a mesma unidade motriz Mercedes, registrou 1min24s067. Detalhe: com pneus supermacios. Rosberg não tinha sequer os macios, mas os médios.
Em nenhum momento até agora, este ano, Hamilton e Rosberg utilizaram pneus macios, apenas duros e médios. Por isso no quadro dos tempos não aparecem dentre os primeiros. Na hora que for para valer, contudo, a concorrência poderá se chocar. RBR, Ferrari e Williams vão crescer bastante este ano, mas ao menos no início da temporada a Mercedes estará, como disse Newey, bem à frente.
rbr

A grande notícia para a escuderia que dominou a F1 de 2010 a 2014, conquistando tudo, é que em Barcelona seus pilotos pelo menos puderam completar elevada quilometragem, essencial para o grupo agora coordenado por Rob Marshall, o diretor técnico, entender melhor o modelo RB11-Renault e trabalhar no seu desenvolvimento.
A Renault deu, sem dúvida, um passo adiante com a versão da unidade motriz levada para o Circuito da Catalunha. “Teremos para o próximo teste uma versão com mais modificações”, explicou Remi Taffin, chefe da Renault.
Enquanto em Jerez Ricciardo deu apenas 84 voltas e Kvyat, 82, nos dois dias de testes de cada um, em Barcelona o australiano completou 202 voltas e o russo, 216. A RBR ficou atrás apenas da Mercedes em quilometragem percorrida: 2.076,0 e 1.945,7.
A confiabilidade da RBR cresceu muito em relação a 2014. Vettel abandonou vários treinos e corridas em razão de panes no equipamento. Na realidade, os ensaios deste ano demonstram existir uma sensível maior preocupação com a resistência do carro e da unidade motriz.
Daniel Ricciardo, da RBR, foi o mais rápido desta sexta-feira em Barcelona (Foto: Getty Images)Daniel Ricciardo, da RBR, foi o mais rápido da sexta-feira em Barcelona (Foto: Getty Images)

O regulamento impõe que cada piloto disponha de apenas quatro unidades para disputar as 20 etapas previstas no calendário. Ou seja, uma unidade a menos de 2014 e uma etapa a mais, o que representa um exame mais de 20% superior em exigência que no ano passado.
Mas se o RB11 e a unidade da Renault mostraram confiabilidade no Circuito da Catalunha, sua velocidade parece estar, ainda, distante da do modelo W06 da Mercedes, conforme a simulação de corrida, sexta-feira, evidenciou. “Temos muito ainda o que trabalhar no nosso carro. A Ferrari me parece estar muito bem”, disse Ricciardo.
Nesse momento, diante do que a RBR expôs, não conseguirá lutar com a Mercedes, como Christian Horner, diretor da equipe, e Helmut Marko, consultor com poder de diretor, acreditavam ser possível, depois de a empresa Red Bull realizar elevado investimento para a Renault lhes fornecer uma unidade motriz mais eficiente este ano.
Mas as dificuldades não são apenas da Renault. Pela primeira vez na RBR há indícios de que a redução substancial de trabalho de Newey, agora apenas consultor, afetou o resultado do projeto do RB11. Ainda que deverá ser melhorado até Melbourne, é pouco provável que dê o imenso salto necessário para pensar em ficar perto da Mercedes.
Até agora, todos os elementos disponíveis caminham para que RBR, Ferrari e Williams disputem uma corrida particular, atrás da Mercedes.
Niki Lauda aposta que a RBR de Christian Horner estará mais competitiva em 2015 (Foto: Getty Images)Niki Lauda, da Mercedes, e Christian Horner, da RBR: disputa que promete movimentar F-1 em 2015 (Foto: Getty Images)
ferrari

Dentre os times que tradicionalmente competem entre os primeiros, a Ferrari foi o que mais cresceu de 2014 para este ano. Os quatro dias de testes em Barcelona foram produtivos para a organização dirigida na área técnica por James Allison entender melhor o modelo SF15-T.
Vettel deu 105 voltas sábado e 76 domingo. Kimi Raikkonen, 74 e 90. Desta vez os dois não lideraram a tabela de tempos nenhum dia, como em Jerez. Não era essa a intenção de Allison e agora de Maurizio Arrivabene, novo diretor geral da Ferrari. Nas simulações de corrida, porém, o ritmo de Raikkonen e Vettel ficou longe do da Mercedes. Essa era uma das perguntas que aguardavam reposta. Barcelona a ofereceu.
Sábado Vettel completou série importante de voltas, com pneus duros e macios. Embora seus tempos tenham variado menos que os da RBR na simulação, sugerindo que o modelo SF15-T trabalha mais apropriadamente os pneus, Allison deve ter chegado a mesma conclusão da maioria: a Ferrari está no grupo da RBR e Williams. O que, considerando-se o estágio de 2014, representa um avanço significativo. O que mais chama a atenção é a melhora da unidade motriz italiana.
A Ferrari tem grande capacidade técnica e financeira para interferir no SF15-T e torná-lo mais eficiente. Não foi o caso no ano passado em razão de um regulamento nada inteligente, pois não permitia aos fabricantes das unidades motrizes, no primeiro ano da tecnologia híbrida na F1, modificar seus projetos. A unidade italiana tinha dificuldades crônicas, de projeto, e assim foi obrigada a permanecer. A versão que está em uso, agora, redimensionou o potencial do time.
Sebastian Vettel - Ferrari - dia 2 testes Fórmula 1 em Jerez (Foto: Getty Images)O tetracampeão Sebastian Vettel é a grande aposta da Ferrari para a nova temporada da Fórmula 1 (Foto: Getty Images)

williams

Se a ordem é esconder totalmente o jogo, como disse seu diretor técnico, então está sendo cumprida com rigor extremo. Massa utilizou pneus macios sexta-feira e fez 1min24s672. Bottas, também de macios, domingo, 1min25s345. É bem provável que os dois pilotos não estivessem na condição de classificação, ou seja, com gasolina para apenas três ou quatro voltas na pista, o que daria uma ideia mais precisa aos adversários do estágio da equipe.
Felipe Massa Williams Jerez (Foto: Divulgação)Felipe Massa é um dos pilotos titulares da Williams em 2015 (Foto: Divulgação)
Mas também nos long runs, ou séries seguidas de voltas, tanto Massa quanto Bottas obtinham tempos piores que os de Hamilton e Rosberg. Foi possível comparar Massa numa série de 16 voltas, sexta-feira, com uma mais longa de Hamilton. Ambos tinham pneus duros. Apesar de não conclusivo, por causa de por vezes o tempo de volta de um ou outro subir muito, provavelmente por deparar com um piloto mais lento na frente, ou mesmo pequeno erro, a diferença foi considerável, cerca de 9 segundos.
É uma diferença maior da que os pilotos da Mercedes impunham a Massa e Bottas nas últimas provas de 2014. Por esse motivo é que, nesse instante, o que emerge dos testes de pré-temporada é que a Williams ficou um pouco para trás em relação à escuderia mais eficiente da F1 hoje. E o pior para Massa e Bottas é que RBR e Ferrari chegaram mais perto.
As três tendem a lutar pelas mesmas colocações nas corridas, terceira, quarta, quinta, sexta, sétima e oitava. Isso tudo no plano da teoria e depois do segundo treino de Barcelona. Haverá ainda a sessão de quinta-feira a domingo, agora, e as novas peças que essas organizações levarão para a Austrália, sem testar, mas produzidas a partir dos ensinamentos dos treinos no Circuito da Catalunha e experimentos das suas sedes.
lotus

É a boa surpresa da pré-temporada. O ano não deverá ser tão difícil como foi 2014 para o grupo técnico coordenado por Nick Chester e na área administrativa Federico Gastaldi, afinal os dois problemas maiores do ano passado foram identificados. Um de natureza aerodinâmica e o outro na forma como a unidade motriz foi concebida para trabalhar no chassi, além, claro, da pouca eficiência da unidade da Renault.
“Sabíamos onde estava o erro e agora foi tudo corrigido. Sendo que dispomos este ano da unidade da Mercedes, melhor em todos os parâmetros, se comparada a que usávamos, e surpreendentemente mais barata”, disse ao Globo.Esporte.com Gastaldi.
Mas que o fã da Lotus, ex-Benetton e Renault, não pense que os tempos registrados por seu pilotos representam a realidade do time em relação a RBR, Ferrari e Williams. Mercedes nem se fala. É verdade, porém, que como disse Romain Grosjean, autor do melhor tempo dos quatro dias, com pneus supermacios e pouca gasolina, “o E23 tem enorme potencial de desenvolvimento”.
Com pneus supermacios, Pastor Maldonado emplacou a Lotus no topo da tabela deste sábado (Foto: Getty Images)Com pneus supermacios, Pastor Maldonado emplacou a Lotus no topo da tabela do sábado em Barcelona (Getty Images)

O que deixou o francês e seu companheiro, o venezuelano Pastor Maldonado, claramente felizes, em Barcelona, foi que o E23 “é um F1 lógico”, como afirmou Maldonado, ou seja, é previsível, “enquanto o de 2014 a gente nunca sabia qual seria a sua reação às modificações que fazíamos. E, pior, em algumas ocasiões reagia de duas maneiras distintas para o mesmo acerto ou componente novo que introduzíamos. Isso acabou”.
Faz sentido o fã imaginar que à medida que a temporada avançar Grosjean e Maldonado vão poder entrar na luta com os pilotos de RBR, Ferrari e Williams, ou pelo meno chegar bem perto.
A ideia de liberar seus dois pilotos para a pista com os pneus supermacios é uma tentativa de Gerhard Lopez, sócio e diretor da Lotus, tentar convencer empresas com quem negocia investir na sua organização, “pois os tempos muito bons comprovam o potencial para o time crescer bastante este ano”.
sauber

Foi possível contar quantos pilotos, até agora, são candidatos sérios a ocupar as oito primeiras colocações? Os dois da Mercedes, da RBR, Ferrari e Williams formam um conjunto de oito. E na F1 os dez primeiros marcam pontos. Para o novo e décimo lugares, em condições normais, já existe um adversário forte, senão até para mais, a dupla da Lotus. E será nessa faixa que a Sauber vai competir este ano, pelos que eventualmente tem a chance de lutar para marcar pontos.
Felipe Nasr demorou para ir à pista, mas terminou com o 4º melhor tempo (Foto: Divulgação)Felipe Nasr estreia como piloto titular na Fórmula 1 com a Sauber (Foto: Divulgação)
O C34 de Felipe Nasr é confiável. Em Barcelona um dia parou por causa do câmbio, produzido pela Ferrari, e no outro provavelmente a unidade motriz, considerando-se a mobilização dos mecânicos nos boxes, também um componente Ferrari. Não há como comparar o carro e a unidade motriz de 2014 com o conjunto deste ano, na opinião do companheiro de Nasr, o sueco Marcus Ericsson. “Tudo é muito melhor, agora.”
Outros dois times que vão estar nessa luta pelas últimas colocações que dão pontos na F1 são a STR, com um bom carro, este ano, e a Force India. A STR terá dinheiro para desenvolver o STR-10-Renault. A Sauber e a Force India, bem pouco. Os programas de melhora desses dois times estão comprometidos pelo orçamento reduzido, os menores da F1.
Assim, se os testes até agora estiverem traduzindo a realidade e Mercedes, RBR, Ferrari e Williams estão à frente de todos, para as duas posições que garantem pontos ainda nas corridas há nada menos de quatro equipes como candidatas, Lotus, Sauber, STR e Force India. De forma simplificada, duas para oito.
O desafio de Nasr é imenso. As chances de os pilotos da Sauber largarem nas últimas colocações são elevadas. Bem, na verdade, nas primeiras provas essa prerrogativa parece estar sendo da McLaren-Honda, com Fernando Alonso e Jenson Button. Ainda que, em uma volta lançada, como nas sessões de classificação, os testes mostraram ser possível aos dois campeões do mundo fazerem o carro da McLaren ser rápido a ponto de não ter de largar em 17.º e 18.º. Depois, ao longo dos 305 quilômetros da corrida, a história é outra.
str

É necessário começar por seus pilotos. A exemplo dos testes de Jerez, tanto Max Verstappen quanto Carlos Sainz Junior têm causado excelente impressão, em especial o holandês. De novo, a hora que a luz vermelha apagar aí sim será competição e o real potencial de cada piloto vai emergir, pois ser rápido em uma volta ou mesmo numa série delas, sem a pressão do fim de semana de GP e ter adversários por perto, lutando pelo mesmo objetivo, representa um desafio bem menor que nas corridas. Mas as indicações dos dois meninos, 17 e 20 anos, são promissoras.
O modelo STR-10-Renault já é possível afirmar é confiável. Em Jerez acumulou 1.563.0 quilômetros e em Barcelona, 1.913,1. No total, tem 3.476,1 quilômetros, atrás apenas da Mercedes, com 4.360,8.
Já o forte do novo carro não parece ser a sua velocidade em uma volta lançada, ainda que seja preciso descontar o fato de tanto Verstappen quanto Sainz Junior não terem experiência na F1 e muito menos com pneus superaderentes como é o novo supermacio da Pirelli.
Mesmo com eles, importante para os dois saberem como será na classificação para o grid, Verstappen e Sains Junior não foram excepcionalmente velozes. Domingo o espanhol registrou o sexto tempo, um segundo e seis décimos mais lento que Grosjean, da Lotus, com os mesmos pneus. Já Verstappen, sábado, com supermacio, ficou em segundo, apenas 391 milésimos mais lento que o melhor do dia, Maldonado, da mesma forma com pneus supermacios.
Carlos Sainz Jr. e Max Verstappen - 31/1/2015 (Foto: Getty Images)Carlos Sainz Jr. e Max Verstappen: a jovem dupla de pilotos da STR em 2015 (Foto: Getty Images)

mclaren

O acordo entre a equipe de Ron Dennis e a Honda, para voltar a estabelecer a história parceira técnica, a mesma que deu os três títulos mundiais a Ayrton Senna, em 1988, 1990 e 1991, foi assinado no dia 16 de maio de 2013.
Pois quase dois anos depois, fevereiro de 2015, os dois pilotos da McLaren-Honda mal conseguem manter seus carros na pista. Enquanto nas duas séries de testes da pré-temporada, este ano, a Mercedes acumulou 4.360,8 quilômetros, o conjunto MP4/30-Honda de Fernando Alonso e Jenson Button, de novo, dois campeões do mundo, percorreu 895,9 quilômetros, ou 20,5% dos da Mercedes.
Na quinta-feira, a Honda informou, em Barcelona, que seus engenheiros iriam redesenhar um componente do sistema cinético de recuperação de energia, MGU-K, a fim de que Alonso e Button pudessem, sábado, ou seja, sem considerar a sexta-feira, seguir na tentativa de treinar. Mas a peça não garantiu a resistência necessária e o carro permaneceu a maior parte do tempo parado.
Surpreendente foi a declaração de Button, na coletiva de quinta-feira, quando afirmou que o MP4/30-Honda pode vencer uma corrida até o fim da temporada, “seu potencial é muito alto”. E citou características que sentiu ainda que por pouco tempo e não de forma definitiva, como a “elevada geração de pressão aerodinâmica”.
Jenson Button - McLaren - testes de pré-temporada da Fórmula 1 - Barcelona - dia 1 (Foto: Getty Images)Jenson Button guia a problemática McLaren-Honda durante testes de Barcelona (Foto: Getty Images)

Button completou 21 voltas quinta-feira e 24 sábado. Em Jerez, no primeiro dia, 6 e no segundo, 35. No total, completou 41 em Jerez, ou 154,9 quilômetros, e 45 voltas, ou 209,4 quilômetros, no Circuito da Catalunha. Button foi quem menos permaneceu na pista até agora.
O pior é que não há indícios de que de uma hora para a outra a McLaren e a Honda irão solucionar todas as dificuldades técnicas que as atinge. Os japoneses e o grupo de Ron Dennis não souberam aproveitar os dois anos de prazo para ao menos fazer o carro e a unidade motriz funcionarem.
Só para lembrar, o regulamento permitia a McLaren-Honda treinar sem restrições no ano passado, desde que com um chassi de 2012 para trás da equipe. Não percorreram um único quilômetro. Não havia quem não soubesse, no paddock, que o programa da Honda e da McLaren estava em grande atraso. Nem sempre os rumores na F1 são fantasiosos.
Alonso declarou na entrevista de sábado que “talvez a McLaren-Honda não esteja pronta, ainda, no GP da Austrália”. Será mesmo surpreendente se, de fato, ele e Button puderem participar dos treinos livres, da classificação e corrida apenas pensando em melhorar o desempenho do carro. O mais provável é que devem permanecer bom tempo nos boxes, com os engenheiros e mecânicos tentando resolver as dificuldades técnicas, cada hora de uma natureza distinta.
Alonso bate treino Barcelona F1 (Foto: Getty Images)Alonso sofreu acidente com a McLaren durante último dia de testes em Barcelona (Foto: Getty Images)

force india

A escuderia de Vijay Mallya, dirigida tecnicamente pelo experiente Andrew Green, está tentando concluir a montagem do modelo VJM-08-Mercedes para o teste que vai começar quinta-feira. Se der certo, inicia a pré-temporada com oito dias a menos de experiência que os adversários. Como o time de Nico Hulkenberg e Sergio Perez pode ser adversário da Sauber de Nasr, o brasiliense de 22 anos terá, ao menos nessas provas iniciais, chances maiores de lutar pelos que marcam pontos na F1.
A boa estrutura da sede da Force India, localizada na entrada principal do autódromo de Silverstone, pode produzir outro bom carro como foi o modelo de 2014. Mas sem investimento o time foi ficando para trás em relação à concorrência. Marcou 98 pontos até o GP da Alemanha, enquanto na segunda metade do campeonato, apenas 57, sendo que na última etapa os pontos somados, 14, foram em dobro. Pelo critério normal, seriam 43 e não 57 pontos, ou 43,8 % apenas dos pontos da primeira metade do ano.
Isso pode vir a se repetir este ano se a Force India não receber uma injeção elevada de dinheiro, para pagar os débitos e viabilizar a disputa de uma boa temporada.
Force India pega estrada para testes de Barcelona (Foto: Reprodução)A Force India chegou a Barcelona com o carro utilizado na temporada 2014 (Foto: Reprodução)

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