quinta-feira, 26 de março de 2015

Candidato à presidência da CBFS rebate Falcão: "Ele não tem coerência"

Criticado pelo craque, que afirmou que "não vai haver seleção" devido aos rumos que 
a eleição tomou, Marcos Madeira diz que camisa 12 não tem conhecimento de causa

Por Rio de Janeiro
O clima no futsal segue pegando fogo a seis dias da eleição à presidência da Confederação Brasileira de Futebol de Salão (CBFS). Dois dias depois de o craque Falcão anunciar um novo boicote dos principais jogadores à seleção, o presidenciável Marcos Madeira rebateu o craque, afirmando que o mesmo "não tem coerência". Madeira será o candidato único à presidência da CBFS, uma vez que Nilton Romão, apoiado por Falcão, desistiu de concorrer ao pleito em protesto à aliança entre o grupo de Madeira e atual diretoria da CBFS, que será representada por Louise Bedé, indicada para o cargo de vice-presidente de competições.
Falcão Brasil Colômbia Grand Prix futsal (Foto: Luciano Bergamaschi/CBFS)Madeira sobre Falcão: "Quando o Renan e a Louise assumiram, ele gritou" (Foto: Luciano Bergamaschi/CBFS)
- Está havendo uma celeuma toda sem nenhuma necessidade. Os jogadores provavelmente estão sendo contaminados por pessoas que não sabem nada sobre a situação da CBFS. Você para falar algo tem que estar ciente. Não estou caindo de paraquedas aqui, tenho 40 anos de futsal. Quando o Renan e Louise assumiram a CBFS, o Falcão gritou e falou um monte de coisas como fez agora. Um mês depois, estavam todos juntos. Ele não tem coerência, pois agora ele está contra o grupo que apoiava - disse Madeira, que deixará a presidência da Federação Mineira para assumir a CBFS. 
Líder da oposição à administração de Renan Tavares - que assumiu a CBFS em junho do ano passado após a renúncia de Aécio de Borba Vasconcelos - Madeira se aproximou da atual diretoria da entidade nas últimas semanas, o que culminou na revolta de jogadores e lideranças do futsal. Na segunda-feira, toda a comissão técnica da seleção brasileira resolveu pedir demissão em conjunto, em protesto contra a aliança, estourando enorme crise política na modalidade.
- Costuramos essa aliança na tentativa de acabar com a crise. O futsal não pode ficar do jeito que está, sem patrocinador e sem jogos da seleção. Essa foi a solução mais imediata que nós encontramos. Se não fizéssemos esse acordo, não conseguiríamos marcar a eleição para a próxima semana e ficaríamos presos até 2017, quando se encerraria o mandato do Renan - disse Madeira, que indicou o presidente da Federação Gaúcha de Futsal, Dárcio de Castro, para o cargo de supervisor de seleções, ocupado até segunda-feira por Reinaldo Simões.
Marcos Madeira, presidente Federação Mineira de Futsal (Foto: Quésia Melo)Marcos Madeira (de vermelho) não terá concorrente à presidência da CBFS (Foto: Quésia Melo)
Apesar das críticas a Falcão, Madeira ainda crê em um acordo com os principais jogadores do país para que estes voltem a atuar pela seleção.
- Não temo uma evasão de atletas da seleção, porque é factível que vamos conversar sobre toda essa situação. Creio que eles vão entender todo esse processo e aproveito para conclamar a todos que querem o bem do futsal para nos unirmos por uma melhoria - finalizou o presidenciável.
A eleição à presidência da CBFS ocorre na próxima terça-feira, dia 31, na sede da entidade, em Fortaleza. Participam da votação os presidentes das 27 federações estaduais filiadas.
ENTENDA O CASO
Atual presidente da CBFS, Renan Tavares poderia ocupar o cargo até o fim de 2017, quando se encerraria o mandato de Aécio de Borba Vasconcelos, destituído no ano passado. A antecipação das eleições se dá pelo fato de a entidade estar incapacitada de negociar patrocínios com empresas estatais, por conta da reprovação do balanço referente ao período entre novembro de 2012 e dezembro de 2013. Devido às dificuldades financeiras, a CBFS desistiu de organizar a Copa América, que aconteceria na primeira semana e março, em São Bernardo do Campo (SP). 
Renan Tavares vice-presidente competições CBFS (Foto: Reprodução Facebook)Renan Tavares deixará a presidência da CBFS na próxima terça-feira (Foto: Reprodução Facebook)
Patrocinador master da seleção até o fim de 2013, os Correios não renovaram a parceria após a reprovação do balanço, já que a lei brasileira não permite que estatais patrocinem confederações esportivas que não estejam em dia com as suas contas. O máximo que a entidade conseguiu no ano passado foi fechar patrocínios pontuais para os compromissos da seleção. Assim foi no amistoso contra a Argentina no Mané Garrincha, em setembro, e no Grand Prix de Futsal, em novembro. Em ambas as ocasiões, os Correios estamparam sua marca na camisa brasileira, assinando contrato como patrocinador dos dois eventos. 
Desde que assumiu o cargo, Renan tentou, de várias maneiras, aprovar o balanço reprovado. Em agosto do ano passado, a CBFS realizou nova assembleia que decidiu voltar atrás na decisão anterior e aprovar as contas referentes ao período entre novembro de 2012 e dezembro de 2013. No entanto, a reunião não contou com representantes das federações opositoras, o que fez com que o caso fosse parar na Justiça. 
No mesmo mês de agosto, o juiz da 7ª Vara Cível da Comarca de Fortaleza, Fernando Luiz Pinheiro Barros, concedeu liminar anulando a aprovação do balanço. Em dezembro, a CBFS conseguiu anular a liminar na 5ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará, ficando apta a voltar a negociar com patrocínios. A alegria, no entanto, durou pouco tempo, já que a oposição contestou a validade da liminar, o mérito voltou a ser julgado e o balanço foi definitivamente reprovado pela Justiça.

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