quarta-feira, 3 de junho de 2015

Pena inicial por uso de esteroides no UFC será suspensão entre 2 e 4 anos

Novo programa antidoping do Ultimate é anunciado em Las Vegas; lutador flagrado pode perder vitória, título, ranking e bolsa, e punições dobram a cada reincidência

Por Las Vegas, EUA
O UFC anunciou nesta quarta-feira, em Las Vegas, os detalhes de seu novo programa de controle antidoping. Dentro de um programa mais amplo nomeado de "Programa de Performance e de Saúde dos Atletas", estará o controle antidoping, que ficará a cargo da Agência Antidoping dos Estados Unidos (USADA, na sigla em inglês), que terá independência completa para testar os lutadores sem aviso nenhum por todo o ano. Entre as novidades, Jeff Novitzky, vice-presidente do programa de performance e saúde dos atletas, especificou as punições para usos de substâncias proibidas: lutadores pegos com drogas de aumento de performance, como esteroides anabolizantes, serão suspensos inicialmente por dois anos - com potencial de aumento para até quatro anos, dependendo de circunstâncias agravantes.
Coletiva UFC sobre nova política antidoping da organização (Foto: Evelyn Rodrigues)Da esq. à dir.: Lawrence Epstein (CEO do UFC), Dana White (presidente do UFC), Lorenzo Fertitta (coproprietário do UFC), Jeff Novitzky (VP de Saúde e Performance), Edwin Moses (chairman da USADA) e Travis Tygart (CEO da USADA) (Foto: Evelyn Rodrigues)
As punições dobram automaticamente com a reincidência. Desta forma, a segunda condenação de um lutador por uso de esteroides poderá ser de quatro a oito anos, e uma terceira resultaria em oito a 16 anos de suspensão. Para o uso de drogas recreativas, como maconha e cocaína, a punição será de um ano para o primeiro flagrante, com potencial de aumento em dois anos por circunstâncias agravantes. A sentença também dobra a cada reincidência. Lutadores que forem flagrados estarão sujeitos a desclassificação de suas vitórias, destituição de título, ranking, bolsa e qualquer outra compensação recebida na luta.
Os exames serão realizados durante todo o ano, mas apenas as substâncias de melhora de performance serão testadas e proibidas mesmo fora de competição. As drogas de abuso são proibidas no período de competição, que, conforme Novitzky detalhou, dura de seis horas antes da pesagem até seis horas após a luta. A lista de substâncias proibidas segue a lista oficial da Agência Mundial Antidoping (Wada), mas o Ultimate não se tornou signatário do código da entidade.
Jeff Novitzky UFC (Foto: Evelyn Rodrigues)Jeff Novitzky chamou o programa antidoping do UFC de "o mais completo e eficiente do mundo" (Foto: Evelyn Rodrigues)
- Não somos tecnicamente signatários. As únicas diferenças entre nosso programa e o código da Wada seriam a diferença na pena pela primeira condenação sem circunstâncias agravantes, e a habilidade de apelar junto ao Tribunal Arbitral do Esporte. Temos uma previsão de apelação, mas não junto ao Tribunal - explicou Jeff Novitzky.
O programa entra em atividade em 1º de julho, e o UFC e a USADA vão passar as próximas semanas informando os atletas sobre os detalhes da nova política. Travis Tygart, CEO da USADA, não soube precisar se exames positivos prévios ao anúncio do programa contariam como primeira ofensa ou como "circunstâncias agravantes" nos julgamentos de uma nova ofensa.
- (Circunstâncias agravantes) São geralmente acordos para conspiração, para enganar o sistema, por aplicações múltiplas durante um período de tempo - explicou Tygart.
Para aplicar o controle a lutadores mesmo fora dos EUA, a USADA vai usar uma rede com outros órgãos de controle antidoping nacionais, e citou a Autoridade Brasileira de Controle Antidoping (ABCD) como parceira no Brasil.
- O plano é ter coordenação entre essas organizações, para que atletas indo para lá ou competindo lá, sejam cobertos o tempo todo. Os atletas serão obrigados a nos informar suas localizações e estarão sujeitos a testes literalmente 365 dias por ano, seja estando programados para lutar ou estando de férias. O laboratório no Brasil acabou de receber sua nova credencial e vai ser usado para as Olimpíadas, e vamos usá-lo também - disse Tygart.
Travis Tygart (Foto: Evelyn Rodrigues)Travis Tygart mandou um recado a quem planeja pedir isenção para testosterona: "Desculpas não vão colar" (Foto: Evelyn Rodrigues)
O dirigente também afirmou que o UFC "literalmente se removeu das operações materiais" do programa, não terá nenhum envolvimento ou autoridade sobre os exames, e apenas apenas vai bancar os custos do programa. Além disso, Tygart mandou um recado específico aos lutadores que usaram a polêmica terapia de reposição de testosterona (TRT) no passado:
- Não há razões legítimas para uma pessoa saudável entre 22 e 32 anos pedir autorização para uso terapêutico de terapia de reposição de testosterona. Não é disfunção erétil, não é cansaço, tentar ter filhos - aliás, testosterona funciona como controle de natalidade em alguns países. Essas desculpas para usar testosterona que vocês viram em esportes de luta nos últimos anos não vão colar - disparou.
Além do programa antidoping, o UFC anunciou parcerias com as companhias Fusionetics, Exo e Cleveland Clinic para melhorar as performances e treinamentos dos lutadores e evitar lesões. Além disso, a organização vai construir um centro de treinamento e reabilitação sob o nome UFC Lab, que estará à disposição de todos os seus atletas.

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