terça-feira, 15 de setembro de 2015

Diaz leva suspensão de cinco anos por
uso de maconha em luta contra Spider

Americano, de 32 anos de idade, demonstrou irritação ao deixar a audiência desta segunda-feira, que selou a sua punição, e afirmou que irá recorrer à justiça comum

Por Las Vegas, EUA
Nick Diaz Audiência NAC (Foto: Evelyn Rodrigues)Nick Diaz não se manifestou durante a audiência desta segunda e optou pelo silêncio (Foto: Evelyn Rodrigues)
Flagrado no exame antidoping pós-UFC 183 por uso de metabólitos de maconha, Nick Diaz foi suspenso pela Comissão Atlética de Nevada por um período de cinco anos e terá que pagar R$ 633 mil - 33% de sua bolsa de aproximadamente R$ 1,7 milhão como multa. O lutador, de 32 anos de idade, que é reincidente, compareceu à audiência realizada na sede do órgão, em Las Vegas, acompanhado de seu time de advogados e saiu irritado do local, afirmando que vai recorrer à justiça comum.

Logo no início da audiência disciplinar, a defesa de Nick Diaz, representada pelo advogado Lucas Middlebrook, alegou que, apesar de o lutador estar presente, iria usar do seu direito de não testemunhar. A informação não foi muito bem recebida pela comissária Pat Lundvall, que se mostrou bastante irritada.

A defesa também pediu que o vice-procurador-geral de Nevada, Christopher Eccles, fosse retirado do caso por conta de sua conduta profissional. Segundo Middlebrook, Eccles seria não apenas procurador, mas também testemunha do caso, por ter revelado uma consulta do empresário de Diaz, Lloyd Pierson, sobre a possibilidade de o lutador obter uma autorização para uso de maconha medicinal por não conseguir submeter uma amostra de urina limpa antes de aplicar para a licença para lutar no UFC 183. 

- Não aceitamos a argumentação de que o Sr. Eccles tem conflito de interesses - respondeu o chairman da comissão, Francisco Aguilar.

Eccles então explicou que Diaz se submeteu a três exames antidoping no dia do UFC 183, colhendo amostras de urina às 19h12 (local), às 22h38 e às 23h55. Todos os testes buscaram o “menu completo da WADA”(Agência Mundial Antidoping), ou seja, todas as substâncias proibidas pela agência em períodos em competição, incluindo drogas recreativas. Os exames feitos às 19h12 e às 23h55 foram colhidos pelo SMRTL (Sports Medicine Research and Testing Laboratory) e voltaram negativos. Apenas a amostra colhida às 22h38 e testada pela Quest Diagnostics, laboratório que não é certificado pela WADA, voltou positiva.
Nick Diaz NAC UFC (Foto: Evelyn Rodrigues)Lutador, que tem 32 anos de idade, só poderá voltar a atuar daqui a cinco anos (Foto: Evelyn Rodrigues)


A defesa então apresentou uma testemunha médica, responsável por revisar cerca de 24 mil resultados de exames antidoping por mês, e que passou a “auditar” os exames realizados no dia 31 de janeiro em Nick Diaz. Segundo a testemunha, havia várias inconsistências no processo de coleta das amostras realizado pela Quest e, portanto, elas não podiam ser consideradas “cientificamente confiáveis”.

- É sempre o coletor quem lacra as amostras, nunca o doador. Neste caso aqui, as amostras foram lacradas sem serem observadas pelo inspetor da comissão, porque diz apenas que as amostras foram lacradas em sua presença. Neste outro caso aqui, a amostra deveria ser anônima, mas estava identificada como sendo do Sr. Diaz. Como médico, venho fazendo isso há 20 anos. Se esses resultados tivessem aparecido na minha mesa, eu teria favorecido aos resultados do SMRTL, que é um dos dois únicos laboratórios existentes no país que são credenciados pela Agência Mundial Antidoping - declarou a testemunha.

A comissão utilizou o resultado do exame da Quest Diagnostics como base para o seu caso, acrescentando que o lutador, que possui licença para uso de maconha medicinal na Califórnia, não incluiu em sua documentação médica comprovantes do uso de cannabis para esse fim. O vice-procurador-geral de Nevada, Christopher Eccles, questionou os motivos que levaram a defesa a não ter pedido para analisar a amostra B do teste positivo, revelando também que Diaz tem um histórico de fazer o laboratório esperar para colher seus exames.
Nick Diaz Audiência NAC (Foto: Evelyn Rodrigues)Lutador do Ultimate terá que desembolsar 33% da bolsa que recebeu em sua última luta (Foto: Evelyn Rodrigues)


Quando Nick finalmente se sentou junto a seus advogados, ele se recusou a testemunhar:

- Com todo respeito, eu não vou responder a nenhuma pergunta - afirmou, pleiteando o seu direito de permanecer calado, previsto na quinta emenda da Constituição dos EUA, em resposta a todas as perguntas feitas pela comissária Pat Lundvall.

A comissão, então, continuou a audiência ouvindo o coletor responsável pela amostra da Quest. Durante a deliberação, o chairman, Francisco Aguilar, afirmou que era preciso levar em consideração a segurança dos demais atletas durante a definição da punição. Já Pat Lundvall disse que os testes realizados pela Quest são mais sofisticados do que os do SMRTL, creditado pela WADA, e que por isso a defesa de Diaz não teria pedido análise da amostra B. 

A NAC então optou por aplicar ao lutador um "gancho" de cinco anos, pois ele já havia sido punido pelo uso de maconha anteriormente no Estado. Nick ainda terá que pagar R$ 633 mil - 33% da bolsa de US$ 500 mil (aproximadamente R$ 1,7 milhão). 

Esta é terceira vez que Diaz cai no doping. Em 2007, pelo Pride, e no UFC 143, em 2012, quando enfrentou Carlos Condit pelo cinturão interino dos meio-médios, o polêmico atleta testou positivo para THC, princípio ativo da maconha.

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