quinta-feira, 2 de junho de 2016

Sincero, Vitor Miranda define sua atuação contra Camozzi: "Uma bosta"

Brasileiro admite erros na preparação e acredita que foram fundamentais no revés contra o americano, no último domingo, quando interrompeu série de três triunfos

Por Rio de Janeiro
Depois de nocautear três oponentes em sequência, Vitor Miranda chegou como favorito para o confronto contra Chris Camozzi, no último domingo, no card principal do "UFC: Almeida x Garbrandt". Porém, o brasileiro teve atuação bem abaixo de suas últimas aparições e foi dominado pelo rival, saindo derrotado por decisão unânime. Até mesmo na trocação, especialidade do atleta da Team Nogueira, que tem o muay thai como carro-chefe, ele foi neutralizado pelo americano. Claramente insatisfeito, como não poderia ser diferente, Vitor foi duro na autocrítica ao ser questionado sobre sua performance.
- Foi uma bosta, cara! Pode botar aí, foi uma bosta. Logo depois da luta já deu para entrar em uma conversa com meus treinadores e analisarmos o que aconteceu, por que não consegui desenvolver. A verdade é que a gente traçou uma estratégia perfeita em cima do jogo dele e o que o Camozzi apresentou na luta foi exatamente o que previmos. O problema é que não consegui desenvolver o que planejamos. O jogo do Camozzi é um jogo simples, fácil de decifrar, fizemos a estratégia em cima disso, mas não consegui fazer na hora. Isso que estamos buscando a solução. Se foi erro na parte de preparação física, na parte tática... Mas na parte tática na verdade não foi, porque se eu fizesse o que meus treinadores pediram, a luta poderia ser diferente. Não era muita coisa não, eram poucas coisas. É mais uma busca pessoal minha no que errei, se errei psicologicamente, em como treinei essa temporada para chegar no dia e não conseguir fazer o que eu tinha traçado com a minha equipe. Ainda estou analisando. Entrei muito tranquilo, confiante, mas o corpo não respondeu. Isso que vou analisar com calma, estamos esperando para ver o que posso melhorar para a próxima - afirmou, em entrevista aoCombate.com.
Chris Camozzi e Vitor Miranda UFC MMA (Foto: Getty Images)Vitor Miranda fez dura autocrítica ao comentar sua performance contra Chris Camozzi (Foto: Getty Images)
Ao comentar sobre quais seriam estes erros, Vitor Miranda disse que a parte física deixou a desejar e que não seguiu o plano de jogo traçado, pecando em algumas questões técnicas no confronto com Camozzi.
- Uma coisa principal que errei, a primeira coisa, foi que, como ele é canhoto, sabíamos que ele viria com jab, jab e direto. Fez isso o primeiro round todo, e eu tinha que sempre pisar para a fora, para a esquerda, colocando o direto de encontro. Teve umas quatro ou cinco combinações dessas que ele fez, e eu simplesmente recuava em vez de fazer o que tinha que fazer, que era pisar para a esquerda colocando direto de encontro. Se fizesse isso duas vezes a luta mudaria. Ele não cresceria tanto. Ele começou respeitando, mas começou a bater, viu que eu não respondia e a luta foi se perdendo. No segundo round cansei muito. Esse é outro erro. Foi alguma coisa na minha preparação física que deixei passar porque cansei muito, fadiguei muito o braço. Tentava boxear, bater na linha de cintura e não conseguia, só conseguia chutar, que era o que sobrava de energia, então fiz meus pontos aí. Foi na parte do boxe que fiquei devendo, tinha que ter trabalhado e não consegui. 
Antes de perder para Camozzi, Vitor Miranda havia nocauteado Jake Collier, Clint Hester e Marcelo Guimarães. Sua única derrota no UFC até domingo era contra Antônio Carlos Cara de Sapato, na final do TUF Brasil 3, quando também sucumbiu por decisão unânime. Na opinião do brasileiro, os dois reveses possuem semelhanças.
- Essa luta (contra o Cara de Sapato) que veio na cabeça dos meus treinadores. Fazendo essa análise, pequei mais uma vez em treinar o jogo do cara e não treinar meu jogo. Com o Cara de Sapato, treinei para tentar anular as quedas dele e o jiu-jítsu, cheguei na luta e não fiz o que sou bom de fazer. Para essa luta foi a mesma coisa. Por ser um cara canhoto, mais renomado, a gente foi na sede de treinar para anular o jogo dele, na confiança de que meu muay thai sairia. Mas não saiu porque foquei no que ele é bom e não no que eu sou bom. Foi o segundo erro e foi pago com a segunda derrota. Isso, de uma vez por todas, aprendi. Não vou deixar mais acontecer. Eu juro! - garantiu.
Vitor Miranda; UFC Almeida x Garbrandt (Foto: Evelyn Rodrigues)Vitor Miranda quer ter postura mais agressiva no início de suas lutas (Foto: Evelyn Rodrigues)
Outro fator que Vitor quer corrigir é o lado psicológico, mas não por ter ficado nervoso. Pelo contrário. O excesso de tranquilidade pode não ter lhe ajudado, em sua opinião.

- Quando digo que vou analisar psicologicamente é se o fato de ter entrado muito confiante não pode ter me prejudicado. Porque não senti pressão de maneira nenhuma, estava tranquilo, feliz, motivado, mas eu entro muito tranquilo no primeiro round, muito passivo e às vezes apático no primeiro round, então esse é um trabalho que vou ter que desenvolver para entrar mais agressivo, com mais sangue nos olhos, para dominar o começo da luta. Uma vez que você perde o primeiro round, aí machuca o olho, você começa a cansar e a luta perde o controle. O ponto psicológico que tenho que trabalhar e analisar é isso, de ter uma postura mais agressiva, mais ativa no começo da luta - declarou, descartando a possibilidade de ter menosprezado Chris Camozzi.
- Conscientemente não. Conscientemente nunca menosprezo ninguém, jamais menosprezei nenhum adversário, sempre entro buscando fazer meu melhor, mas não sei se meu estado psicológico de tranquilidade, achando que o jogo ia fluir naturalmente, pode ter me travado de alguma maneira. São muitos pontos para analisarmos. É possível que tenha acontecido de entrar na zona de conforto (após três nocautes seguidos). Sempre busco treinar o máximo possível, me dedico o máximo possível, mas vim um pouco machucado da outra luta, machuquei o cotovelo, não fiz alguns treinos, mas achei que não ia interferir muito. São várias coisas. Quando você ganha, não vê nenhum defeito. Quando perde, começam a pipocar os pensamentos na cabeça e você analisa o que aconteceu. Mas, como diz meu treinador, é hora de ir com calma e não querer achar defeito para tudo, focar também nos pontos que funcionaram e fazer uma análise bem fria, com calma, do que posso melhorar para a próxima.
Com lesões no ombro, canela e supercílio, Vitor Miranda acredita que vá precisar de cerca de 15 dias para se recuperar, iniciar nova preparação e lutar dentro de dois ou três meses.
- Daqui a uma semana tiro os pontos do rosto, vou recuperar o corpo, canela está bem inchada e acredito que daqui uns 15 dias, eu vou conversar com meu empresário e vamos ver se está tudo certo. Vou fazer exame no ombro que está machucado e daqui 15 dias teremos previsão de quando inicio o camp e a partir disso marcar a luta para dois, três meses depois. Machuquei o supercílio, foram uns 25, 30 pontos, e o restante foi contusão na canela normal, de chutes que recebi e dei - concluiu.

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