quinta-feira, 2 de junho de 2016

Thominhas analisa revés contra Cody Garbrandt: "Perdi antes da luta. Travei"

Brasileiro perdeu a invencibilidade no último domingo ao ser nocauteado no primeiro assalto contra o americano e acredita que parte psicológica pesou em sua atuação

Por Rio de Janeiro
Considerado uma das maiores promessas do Brasil no MMA, Thomas Almeida ostentava um cartel perfeito em 21 lutas até o último domingo, quando sofreu seu primeiro revés ao fazer a luta principal do "UFC: Almeida x Garbrandt", diante de Cody Garbrandt, em Las Vegas (EUA). O gosto amargo da derrota veio com um nocaute no primeiro assalto em atuação dominante do americano, que não encontrou resistência no atleta da Chute Boxe/Diego Lima. Para o brasileiro, o maior problema foi seu lado psicológico. Apesar de admitir ainda estar "meio perdido", ele afirmou ter "travado" no confronto.
- Acho que perdi a luta antes da luta. Não fui o Thomas que sou normalmente, agressivo, atento. Entrei estranho, diferente. O Cody falou que ia fazer e fez. (...) Treinei muito bem, estava muito preparado, mas acho que aconteceu algo na parte psicológica. Eu travei. Não consegui soltar meu jogo - analisou, em entrevista ao Combate.com.
Cody Garbrandt e Thomas Almeida UFC (Foto: Getty Images)Cody Garbrandt nocauteou Thomas Almeida em apenas 2m53s (Foto: Getty Images)
Mesmo reconhecendo que estava abalado psicologicamente antes da luta, Thominhas ainda não sabe dizer o motivo de ter acontecido isso, mas, ao rever o vídeo da luta, disse ter se achado com a expressão abatida na entrada. Claramente chateado, ele prometeu corrigir os erros cometidos, disse que pretende voltar a lutar em "dois ou três meses" e que, futuramente, vai querer revanche contra Garbrandt.
Confira a entrevista completa:
COMBATE.COM: Já assistiu o vídeo da luta? Que análise dá para fazer?
Thomas Almeida: Conversamos um pouco, revi algumas vezes a luta, quero rever mais, conversar mais, mas entrei diferente. Acho que perdi a luta antes da luta. Não fui o Thomas que sou normalmente, agressivo, atento. Entrei estranho, diferente. O Cody falou que ia fazer e fez. Entrou agressivo, falou que ia me nocautear no primeiro round, entrei no jogo dele e fui de encontro a mão dele. Ele está de parabéns, conseguiu fazer a estratégia dele, mas eu estava estranho. Treinei muito bem, estava muito preparado, mas acho que aconteceu algo na parte psicológica. Eu travei. Não consegui soltar meu jogo.
O Cody falou que ia fazer e fez. Entrou agressivo, falou que ia me nocautear no primeiro round, entrei no jogo dele e fui de encontro a mão dele. Ele está de parabéns, conseguiu fazer a estratégia dele, mas eu estava estranho"
Thomas Almeida
Falar depois do resultado é fácil, mas pareceu que você entrou com uma expressão abatida na luta.
Foi exatamente isso. Eu peguei o vídeo da luta desde a entrada até a luta completa. Me senti estranho. Na hora não estava confortável. Sei que é fácil agora falar, mas preciso analisar e levar isso como aprendizado para nunca mais cometer esse erro na minha vida.
Por que acha que entrou psicologicamente desta forma? Pelas provocações do Cody Garbrandt, por ser luta principal...
Já teve outros caras falando isso, mas por ser uma luta principal acho que teve uma tensão maior. Não sei. Não consigo falar se foi isso, se foi por ser luta principal, se foi a pressão da invencibilidade... Para mim não era isso, mas, depois de ver a luta, vi que estava diferente. Não tenho como falar ainda, não tenho como indicar o que houve. Não sei mesmo o que pegou, mas espero que eu ache para poder corrigir.
Na parte técnica, acredita que foi um erro apostar só no boxe contra um especialista em boxe, já que você também tem outras armas em pé?
Eu também treinei muitos anos de boxe, confio muito na minha mão, mas alguma coisa aconteceu, fiquei parado, fui alvo fácil. Ele é um grande atleta, tem a mão pesada, tem o mérito dele. Entrei no jogo dele, foi o erro. Fui um alvo parado. Ele falou que ia entrar com pressão, me bater, nocautear e fiquei parado, fui alvo fácil. Não é só porque ele é do boxe. Eu também gosto do boxe, mas poderia ter usado outras armas, movimentado mais, chutado, combinado mão e perna, mas aconteceu alguma coisa que eu travei e não quero que aconteça nunca mais.
Como lidar com a derrota depois de uma sequência tão grande de vitórias?
Foi a minha primeira derrota no MMA, mas já tive outras na minha carreira no muay thai. Sei lidar bem com esse sentimento. É um sentimento ruim, mas, quando perdemos, vemos os pontos fracos, onde precisamos evoluir e vou fazer isso para voltar mais forte, com mais vontade. Quero rever mais 20, 30 vezes essa luta para não acontecer mais e voltar com muito mais energia para alcançar meu objetivo, que é conquistar o cinturão
Te surpreendeu alguma coisa no jogo dele, como a velocidade ou o peso da mão?
Não me surpreendeu. Sabia o que ele ia fazer, ele falou que ia fazer e fez. Fui alvo fixo. Tudo que ele falou eu já sabia e aceitei.
Cody Garbrandt e Thomas Almeida UFC (Foto: Getty Images)Thomas Almeida acredita que lado psicológico foi fundamental para sua derrota (Foto: Getty Images)
Com relação ao peso você estava bem? Sentiu o Garbrandt mais forte que você na luta?
Foi normal, recuperei bastante, estava com 70 e poucos quilos. Essa coisa visual, de ele parecer maior, não surpreende muito. Já peguei caras muito maiores. Pode até ser que não também, ainda estou meio perdido, preciso ver o que aconteceu. Só o tempo vai dizer o que houve de errado. Em termos de tamanho, acho que não.
Como foi a noite depois da luta?
Fiquei conversando com meus parceiros de treinos, que me deram força e fizeram eu ficar um pouco mais confortável no momento triste, mas é difícil. Não dá para tirar a luta da cabeça, Não tiro aquele momento ruim, tenho certeza que isso vai tirar meu sono por muitos e muitos anos. Mas basta eu levar isso como motivação para mim. É daí que você vê quem é campeão de verdade e vou provar isso no futuro.
Já pensa em revanche?
Tenho que pensar agora na próxima luta. Vou voltar a treinar, mas, com certeza, vou querer fazer essa luta no futuro sim e aí estarei mais bem preparado e vou representar melhor o Brasil.
E quais são seus planos agora? Planeja um retorno rápido?
Quero voltar a treinar primeiro, ver como estou, não deixar a peteca cair e quero lutar o mais rápido possível, em dois ou três meses. Se for em Brasília ou lá fora, tanto faz, o importante é estar lutando. Não escolho data. Lutar é muito bom. Acho que não lutei. Treinei muito, me preparei e não consegui soltar nada. Isso que me deixa mais mordido. Acho que em dois meses já devo estar pronto para lutar.
Voltou com alguma lesão?
Não voltei com nada. Só o olho roxo das pancadas, mas de resto estou 100%. Segunda-feira já volto a treinar.
Você não costuma desafiar ninguém, mas passa pela sua cabeça algum possível adversário?
Sinceramente, ainda não pensei em ninguém. Quem o UFC botar eu vou ter lutar.

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