sábado, 13 de agosto de 2016

Ansiedade atrapalha, mas Maik brilha no fim, e Brasil empata com o Egito

Seleção sofre no ataque, mas conta com estrela do goleiro nos últimos segundos para somar ponto. Vitória sobre africanos garantiria classificação à próxima fase do torneio

Por Rio de Janeiro

Bastava vencer para que a vaga inédita nas quartas de final do torneio de handebol dos Jogos Olímpicos viesse neste sábado. Mas o Egito, atual campeão africano e adversário da seleção masculina de handebol, não quis saber de facilitar a vida dos donos da casa, na Arena do Futuro. Com uma ansiedade exagerada no ataque, talvez até maior que aquela que prejudicou a equipe na derrota para a Eslovênia, os meninos do Brasil correram atrás do placar o tempo inteiro. Chegaram ao empate no último minuto. E só não saíram de quadra com a derrota porque o goleiro Maik, o melhor jogador do time em quadra, pegou uma cobrança de sete metros nos últimos segundos, fazendo a partida terminar em 27 a 27.
Goleiro Maik comemora defesa em tiro de 7 metros que garantiu empate do Brasil com o Egito no torneio de handebol da Rio 2016 (Foto: AFP)O goleiro Maik comemora defesa em tiro de 7 metros que garantiu empate do Brasil com o Egito (Foto: AFP)
Maik revelou o que passou pela sua cabeça quando precisou defender a cobrança de Ahmed Elahmar. Ele foi conversar com o goleiro Bombom e relembrou uma conversa que costuma ter com o companheiro nos treinamentos.
- A gente fica brincando no treino sobre ter a última bola do jogo, que ganha ou perde. Naquele momento eu pensei nisso e entreguei nas mãos de Deus para que pudesse me ajudar. Consegui antecipar no momento certo e a bola bateu no meu corpo, evitando assim a derrota. Me passa um filme na cabeça, pensando o quanto sonhamos e lutamos para chegar num momento como esse. É importante para a equipe, a seleção e o handebol brasileiro. Estou contente, mas ao mesmo tempo triste por causa do jogo - comentou Maik, único jogador do grupo a ter participado de uma Olimpíada (Pequim 2008).
Com duas vitórias (sobre Polônia e Alemanha), um empate e uma derrota, o Brasil está com 5 pontos e permanece na terceira colocação do Grupo B. À frente estão a Alemanha e a Eslovênia, ambas com 6. O Egito foi a 3 e subiu para a quarta posição, mas ainda pode ser ultrapassado pelos poloneses, que têm 2 pontos e jogam ainda hoje contra a lanterna Suécia, zerada na competição.
Técnico da seleção brasileira, o espanhol Jordi Ribera não escondeu a insatisfação com a atuação da equipe, mas ressaltou a importância de ter saído de quadra sem a derrota.
- Não atacamos bem, perdemos muitas bolas, muito precipitados. Foi uma atuação totalmente diferente que contra contra a Alemanha. Não estou contente com o rendimento do time. Também é verdade que o Egito jogou muito bem, sobretudo no ataque, com tranquilidade. Defenderam muito bem todos os deslocamentos que havíamos preparado. Para nós, o ponto foi muito importante, sobretudo se tendo em conta como foi o jogo e aquela sensação de que não teríamos tempo para a virada. Esse ponto pode ser muito importante para se fazer história. Somado aos quatro pontos (que o Brasil tinha) nos pode dar a classificação. E ainda resta um jogo, que pode ser importante para estarmos melhor classificados - declarou o treinador.
Se a classificação não veio na partida contra o Egito, ainda resta uma esperança para que a vaga venha já neste sábado. Caso a Suécia vença a Polônia no confronto que começa às 19h50, a seleção brasileira não terá como ser alcançada nem por suecos nem por poloneses. Na última rodada, o time verde e amarelo encara justamente a Suécia, atual vice-campeã olímpica, nesta segunda-feira, às 16h40 (de Brasília).
Mais cedo, a Croácia, bronze em Londres 2012, se juntou à França como as primeiras equipes classificadas pelo Grupo A da Rio 2016 ao batê-la por 29 a 28. Atuais bicampeões olímpicos e campeões mundiais, os franceses perderam a invencibilidade na Olimpíada, mas já estavam classificados desde o encerramento da terceira rodada, há dois dias.
Brasil X Egito Handebol (Foto: Agência EFE)Sem uma boa atuação, seleção brasileira ficou no empate com o Egito (Foto: Agência EFE)
O JOGO
O Egito até poderia ser, no papel, a equipe mais fraca do Grupo B. Mas costuma ser uma pedra no sapato da seleção brasileira. Os times fazem sempre jogos equilibrados, e não foi diferente neste sábado. Assim como contra a Eslovênia, os meninos pecaram na ansiedade quando estavam com a bola. Depois de Chiuffa fazer um gol de rosca e empatar em 3 a 3, os egípcios tomaram a dianteira a partir dos erros da seleção. Desperdícios bobos e finalizações que teimavam em não entrar, por conta da pontaria ou da atuação do goleiro adversário, foram o calcanhar de Aquiles do Brasil. Os africanos abriram quatro gols de diferença (11 a 7) e foi difícil reduzir essa vantagem. A ansiedade era tanta que até o capitão Thiagus tentou marcar um gol de costas para a marcação. Nos últimos minutos, na base da raça, a seleção encontrou dois gols e uma defesa importante de Maik para ir para o intervalo atrás por apenas dois gols (15 a 13).
A história não mudou muito no segundo tempo. Mesmo começando a etapa com dois jogadores a mais que o Egito em quadra, a seleção não conseguiu empatar. Teixeira ainda irritava a torcida com arremessos de costas, sem direção. Duas defesas em sequência de Maik serviram para crescer a torcida na Arena do Futuro e até que a seleção chegou a encostar com um gol de Alemão (17 a 16). Mas a pressa em querer o empate prejudicou e os egípcios voltaram a colocar três gols de frente (22 a 19).
Quando a partida chegou aos últimos 10 minutos, o público voltou a crescer. Isso porque Haniel deixara o Brasil a um gol do empate novamente (22 a 21). Mas aí veio mais uma prova da afobação: um passe longo de Thiagus interceptado pelos oponentes. De novo na base da raça, o Brasil chegou ao empate nas mãos de Haniel, faltando um minuto para o fim do jogo (27 x 27).
Aí apareceu a estrela de Maik. O goleiro pegou um sete metros cobrado por Ahmed Elahmar no finzinho e o Brasil recuperou a posse de bola faltando oito segundos para o fim do jogo. O time errou na saída de bola, mas ganhou uma última oportunidade com uma falta na intermediária. A cobrança de Haniel parou na barreira, determinando o empate.

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