terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Coritiba vai de Daniel a Ronaldinho Gaúcho, critica Carpegiani após saída

Demitido na última segunda-feira, treinador reclama da diretoria do Coritiba para contratações: "Quando não tem convicção, acontece isso o que aconteceu", lamenta

Por Curitiba
Carpegiani Coritiba (Foto: Divulgação/Coritiba)Carpegiani conta ter montado uma lista de reforços, mas poucos nomes chegaram (Foto: Divulgação/Coritiba)
A caminho de Balneário Camboriú, no litoral de Santa Catarina, o técnico Paulo César Carpegiani parou o carro e desabafou após a sua demissão ocorrida na noite da última segunda-feira. Em entrevista por telefone para a reportagem do GloboEsporte.com, ele citou os problemas apontados, destacou que não existe "convicção" e "filosofia" na condução do clube e nas contratações dos atletas, além de criticar a falta de compreensão do momento que a equipe vive em meio às dificuldades desde a pré-temporada do Coritiba. 
Carpegiani usou dois tipos de negociação do clube para exemplificar os bastidores do Coritiba: o meia Daniel, que veio emprestado do São Paulo, à tentativa frustrada de trazer Ronaldinho Gaúcho. O treinador deixou claro que não era contra a chegada de Daniel, mas lembrou que o jogador não era a solução para os problemas do time e, enquanto isso, depositava energia em uma negociação com Ronaldinho Gaúcho. 
- Quando não tem convicção, acontece isso o que aconteceu. Em um mês e meio se muda de opinião e não se analisa o que está acontecendo. Se não tiver uma linha e uma filosofia, você está sujeito a trazer um menino do São Paulo, como o Daniel, - e aqui deixo bem claro que o São Paulo preza muitos os meninos -, mas o Daniel é uma aposta da direção (do São Paulo), ao Ronaldinho Gaúcho. É uma discrepância muito grande, uma diferença abismal. Temos que ter filosofias e convicções, disse. 
Em um mês e meio se muda de opinião e não se analisa o que está acontecendo. Se não tiver uma linha e uma filosofia...
Carpegiani
Questionado se o processo de tentativa de contratação de Ronaldinho Gaúcho trouxe um aumento de expectativa que pode ter prejudicado o clima no clube, Carpegiani preferiu não responder, mas avaliou que o "constrangimento" poderia ter sido evitado. 
- Na minha opinião, até fora do futebol, se a gente pudesse evitar o que não é concretizado, poderia evitar esse tipo de constrangimento, completou. 
Carpegiani também revelou que teve poucos de seus pedidos de contratação atendidos. Segundo ele, no início do ano, a sua comissão técnica se debruçou sobre estudos de jogadores que seriam necessários, fez uma lista e entregou para a diretoria, que não foram cumpridos em sua totalidade. 
No início do ano fizemos um levantamento com toda a comissão técnica. Sentamos na frente das possibilidades de vários jogadores e apresentamos para a direção. Dessa lista tem dois ou três (contratados)
Carpegiani
- No início do ano fizemos um levantamento com toda a comissão técnica. Sentamos na frente das possibilidades de vários jogadores e apresentamos para a direção. Dessa lista tem dois ou três (contratados). Na medida que não se consegue trazer, haviam outros na mesma posição que eram contratados. Sempre deixei a direção muita à vontade, porque sei que existem dois tipos de contratação: aquela que você pede e aquela que você consegue. Nunca brequei um clube de futebol para contratar ninguém, porque somos pessoas contratadas para treinar um time de futebol e só. 
O treinador ainda avaliou que a desclassificação para o ASA, pela Copa do Brasil, foi a gota d´água de um copo cheio de problemas. Segundo ele, os problemas acontecem desde a pré-temporada, com jogadores ainda fora da condição física necessária. 
- Iniciamos uma pré-temporada com muita dificuldade e alguns jogadores ainda não em forma ou voltando de lesões. Fizemos uma preparação inadequada devido à essas divergências físicas de Berola ou Rildo sem jogar. Foi dada uma ênfase e uma preparação toda especial e entramos no campeonato com muita dificuldade. Fizemos um campeonato com jogos apertadíssimos e com contratações que tivemos dificuldades. O copo derramou contra o ASA, mas foi uma consequência.
Por fim, Carpegiani lamentou que não houve uma compreensão por parte da diretoria da situação como um todo. Ele também negou que a falta de um sistema tático definido tenha contribuído para os resultados ruins e sua demissão. 
Isso exige compreensão e atenção das partes que comandam. Coerência e ver o que está passando. O futebol que a gente não estava apresentando foi lá atrás e isso tem que ser levado em consideração
Carpegiani
- Isso exige compreensão e atenção das partes que comandam. Coerência e ver o que está passando. O futebol que a gente não estava apresentando foi lá atrás e isso tem que ser levado em consideração. Times do mundo inteiro jogam de várias formas e poderíamos apresentar um melhor futebol, mas jogadores importantes apresentavam problemas e não tivemos continuidade.
Carpegiani ainda negou que a relação com os jogadores não vinha bem e que teria contribuído para a sua demissão. Para ele existem interesses por trás da divulgação do ambiente do Coritiba.
- Isso beira à maldade. Você tem um grupo, tem 30 jogadores e aqueles que jogam estão insatisfeitos? Agora encontram razões e assuntos assim só podem surgir de pessoas interessadas - da imprensa ou de um diretor -, na escalação de determinados jogadores. Não tem haver e não acredito em nada. 
O Coritiba volta a campo nesta quarta-feira no clássico Atletiba, no jogo adiado da quinta rodada do Paranaense. Enquanto não define um novo técnico, a equipe será dirigida pelo auxiliar técnico Pachequinho. 

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