terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Com Falcão, Orlândia tenta quebrar os limites de SP e se apresentar ao Brasil

Ainda com estrutura abaixo do ideal, cidade do interior paulista aposta na chegada do craque para se tornar referência nacional nas quadras de futsal

Por João Gabriel Rodrigues Direto de Orlândia, SP
A cidade é pequena, mas de ruas espaçosas e casas grandes. E quase não há curvas. Ruas e avenidas, nomeadas em grande maioria por numerais em sequência, se cortam em retas, transformando o centro do município em uma malha de cruzamentos. Ali, o sustento sai do setor industrial e da agricultura. Mas, há pelo menos dois anos, as quadras se tornaram a principal fonte de orgulho de Orlândia. Logo na entrada, uma placa avisa que o visitante está chegando à “capital do futsal paulista”. Os 40 mil habitantes do lugar, porém, agora sonham com mais. Após apresentar Falcão, melhor jogador do mundo, o time local tenta superar a falta de estrutura para quebrar os limites do estado e se transformar também em uma referência nacional.
Futsal Falcão orlândia cartaz cidade (Foto: João Gabriel Rodrigues/GLOBOESPORTE.COM)Cartaz na entrada da cidade mostra importância do futsal (João Gabriel Rodrigues/GLOBOESPORTE.COM)
Bicampeão paulista e bancado por uma parceria entre uma das principais empresas locais e a prefeitura da cidade, Orlândia viu a chance de crescer em um telefonema de Falcão, recém-saído do Santos, para seu o presidente, Roberto Oliveira. O craque, que fugia das incertezas que rondam os times que têm o futebol como principal foco, disse ter carinho pela equipe, mas a estrutura, ainda longe dos padrões internacionais, parecia ser um entrave na negociação. Os dois lados resolveram apostar no acordo, e agora o clube, sem nenhum título nacional, traça planos maiores para o futuro.
O ginásio, com estrutura para apenas 1.200 pessoas, é o principal problema. Durante a coletiva de imprensa para apresentar o craque, o prefeito Rodolfo Meirelles disse que a cidade já estuda como investir no crescimento do local, bem abaixo do mínimo imposto para abrigar jogos da fase final da Liga de Futsal, de três mil pessoas.
- Hoje, temos dois projetos. Um é de ampliação do ginásio, para que possa chegar a uma capacidade de 3.100 pessoas. E temos um projeto para um ginásio novo, para cinco mil pessoas. Tenho certeza que vamos trazer esse ginásio e que o Falcão vai continuar em Orlândia não só em 2012, mas por muito tempo. Vamos fazer um projeto a longo prazo - garantiu.
Futsal Orlândia Falcão ginásio (Foto: João Gabriel Rodrigues/GLOBOESPORTE.COM)Ginásio de Orlândia tem capacidade para apenas 1.200 pessoas (João Gabriel /GLOBOESPORTE.COM)
Falcão diz pensar também no legado que sua passagem vai deixar para a cidade. O craque diz ter em mãos a possibilidade de mudar o rumo do esporte em Orlândia.
- Estou feliz por jogar no interior de São Paulo, nunca joguei aqui. É uma coisa que mexe muito comigo. Minha ansiedade é muito grande para vestir essa camisa. Esse é o novo desafio. Essa minha felicidade é a mesma ou maior que as dos torcedores. Achei o projeto muito parecido com os oito anos fantásticos que eu passei em Jaraguá do Sul. Sei da minha importância nesse momento, da tentativa de aumentar ginásio. Quero ser lembrado aqui não só pelos títulos, mas também por ter ajudado em algo bom.
Falcão apresentação Orlândia futsal (Foto: João Gabriel Rodrigues/GLOBOESPORTE.COM)Falcão beija o escudo do time na apresentação
(João Gabriel Rodrigues/GLOBOESPORTE.COM)
A torcida, presente em cerca de cinco mil pessoas na apresentação do ídolo, encara a chegada de Falcão como um cartão de visitas de Orlândia para o restante do país. Escondido em meio a grandes polos do interior paulista, como Ribeirão Preto e Franca, o munícipio acredita que o futsal pode fazer a cidade crescer também fora da quadra.
- Ele já é muito importante para a cidade. Está levando o nome da cidade para todo o país. Está na hora de o Brasil conhecer Orlândia - disse a estudante Ana Carolina Rossi.
Falcão se diz pronto para a receber a responsabilidade. Depois de anos vitoriosos em Jaraguá do Sul, em Santa Catarina, o craque diz não temer a pressão.
- Eu gosto da cobrança. Vivo de cobranças e gosto de ser cobrado. O fato de jogar numa equipe como essa mexe muito com a população. Em Jaraguá, eram 150 mil pessoas tristes ou felizes, dependendo de como foi o jogo. Aqui, são 40 mil, e vamos fazer 40 mil pessoas felizes ou tristes. Isso tudo que envolveu até aqui já é bacana, aumenta minha responsabilidade, mas não tenho medo dela. Tenho certeza que, no fim, todo mundo vai ser feliz.

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