quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Alecsandro desabafa por problemas extracampo: 'Me sinto desvalorizado'

Atacante encerra entrevista coletiva ironizando atraso constante de salário. Funcionário sofre queda ao encher cisterna sem equipamento de segurança

Por André Casado Rio de Janeiro
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Alecsandro não se desviou dos assuntos extracampo do Vasco e, na posição de um dos líderes do grupo, fez um desabafo em relação aos problemas recorrentes no clube. Além dos constantes atrasos de salário, a diretoria passa por um processo de desligamentos e enfraquecimento político interno do presidente Roberto Dinamite. Como a cereja do bolo, desde o fim da semana passada, a água foi cortada em São Januário por falta de pagamento das contas desde junho. O atacante pediu uma reflexão aos responsáveis e afirmou que se sente desvalorizado com a situação por ser um patrimônio cruz-maltino (confira no vídeo acima).
- Não tem como esconder que, em um ano e meio de Vasco, temos estado em noticiários que não gostaríamos. Isso diminui a imagem do clube. Espero que possa haver uma reflexão para entender o que há realmente e como resolver isso logo. Não vamos entrar no mérito dos outros, mas, pelo que vi, todos já tiveram problemas com parcelamento dessas contas de água. Pela grandeza do Vasco, pela história, não pode passar por isso. Torço para que se recupere e volte a ser o Gigante da Colina. Como patrimônio do clube, me sinto desvalorizado. Tomara que se profissionalize mais as coisas e as notícias sejam mais alegres - afirmou.
Mais tarde, ao comentar o revezamento dos treinos entre São Januário e o CFZ, o atacante fez elogios: disse que poupa o gramado do estádio e deixa os jogadores (que em grande parte moram na Barra da Tijuca, bairro anexo ao Recreio, onde fica o CT) mais próximos de casa. No entanto, ao falar que não é fácil enfrentar o trânsito da Linha Amarela e ouvir de um repórter o comentário "o pedágio pesa no bolso", encerrou a entrevista coletiva em tom crítico.
- Também. Ainda mais quando está sem receber - afirmou, com um sorriso no rosto e já se levantando da cadeira, sobre os direitos de imagem atrasados e a inconstância nos salários.
Montagem caminhão-pipa Vasco água (Foto: Alexandre Cassiano / Ag. O Globo)Funcionário sofre queda ao encher cisterna em São Januário (Foto: Alexandre Cassiano / Ag. O Globo)

Esperança de resolução nesta quarta

Os obstáculos para a distribuição de água permanecem os mesmos. Um caminhão-pipa, contratado a uma empresa, vai a São Januário quatro vezes por dia e despeja 60 mil litros nas cisternas para que os danos no consumo sejam minimizados. Nesta quarta, na tentativa de encher o recipiente, um homem - que não usava equipamento de segurança - sofreu uma queda inferior a dois metros, na cobertura do estádio, mas não se feriu.
Alguns banheiros estão sem serviço e agora têm o acesso bloqueado por funcionários. O departamento jurídico espera que o fornecimento de água seja normalizado ainda nesta quarta, por meio de uma liminar judicial. Posteriormente, seria homologado o acordo de comprometimento do Vasco com quitação de mais de R$ 1,3 milhões de dívida com a Cedae, empresa estadual. Hoje, o clube não dispõe do montante para resolver o caso.
Alecsandro não acredita, contudo, que haverá influência no rendimento do time em campo, argumentando que o grupo tem mostrado maturidade, em especial nas dificuldades. A limitação do fornecimento do serviço, até aqui, não afetou os jogadores no dia a dia.
- A grosso modo, não tem influenciado em nada. Permanecemos bem colocados, chegando perto de títulos, com objetivos pessoais cumpridos, como Seleção e artilharia. O lado profissional do grupo é muito alto, tal qual os jogadores que chegaram depois. Os mais velhos têm sido um escudo importante e dão suporte aos mais novos. Isso tem funcionado muito bem desde o ano passado. Tentamos fazer com que não reflita em campo - completou.
Em quarto lugar no Brasileirão, com 43 pontos, o Vasco pega a Ponte Preta, domingo, em Campinas. A distância para o líder Fluminense, hoje, é de dez pontos.

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