sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Morte de lutador faz 'Magrão' subir de categoria no UFC: 'Não vale a pena'

Capixaba Marcelo Guimarães revela detalhes do processo desgastante para chegar aos 77 kg e decide deixar os meio-médios e atuar nos médios

Por Vitória, ES
8 comentários
Marcelo Guimarães, lutador do UFC (Foto: Divulgação/Arquivo Pessoal)Marcelo Guimarães, lutador do UFC
(Foto: Divulgação/Arquivo Pessoal)
O mundo do MMA está em choque com a morte precoce do lutador Leandro Feijão, que passou mal antes da pesagem do evento Shotoo Brasil 43, no início da noite desta quinta-feira, no Rio de Janeiro. O caso do atleta, de 26 anos, já causa comoção entre os demais lutadores e o capixaba Marcelo Guimarães, do UFC, se manifestou sobre o ocorrido, lamentando a morte de Leandro Feijão e sinalizando que deixará a categoria dos meio-médios e vai subir para os médios, revelando-se desgastado com o duro processo de perda de peso.
- Por dinheiro nenhum vale a pena fazer isso. Nem se for a última opção de dinheiro. Isso vai pagar um rim novo? O risco que um lutador deve correr é apenas em cima do ringue, seja quebrar um dente, um braço ou uma perna. Agora o rsico de ter um ataque cardíaco, uma pedra no rim, acho que isso ninguém deve fazer. Hoje eu vejo que não foi uma decisão sábia, não me arrependo, realizei meu sonho, mas hoje em dia eu vejo que não foi uma boa decisão. O maior risco que um ser humano pode cometer é sacrificar a sua saúde. Não vale à pena.
Marcelo Guimarães (Foto: Arquivo Pessoal)Marcelo Guimarães sofreu para bater o peso no
UFC Japão 2013 (Foto: Arquivo Pessoal)
Marcelo Guimarães revelou que decidiu subir de categoria, visando ficar com a saúde em dia. Acostumado a lutar entre os médios (até 83,9 kg), peso no qual foi campeão do Jungle Fight, o capixaba, desde quando entrou no UFC, baixou para os meio-médios (até 77 kg). "Magrão" contou detalhes de como foram os seus processos de perda de peso na franquia norte-americana, algo assustador, comparado à uma tortura física, que o lutador não deseja mais passar em sua vida.
- Eu não luto nunca mais entre os meio-médios. Nas duas vezes em que bati 77 kg, eu me via à beira da morte. Treinava sem tomar carboidratos, sem me alimentar direito. É uma coisa até ruim de se lembrar. É como se você saísse de si. Os primeiros sintomas da perda de peso vêm um mês antes da luta. Com três semanas antes da pesagem, eu fico com 86 kg e apenas três por cento de gordura no corpo. Aí eu já começo a sentir fraqueza, tenho dificuldades para levantar e sinto tonturas. Quando eu viajo, com 84 kg, estou numa fase que eu não controlo o meu raciocínio, preciso de alguém do meu lado o tempo todo, isso começa a afetar demais o meu psicológico. Quando chego a 82 kg eu não consigo mais treinar, fico meio aéreo, não consigo dormir e quero comer tudo o que está na minha frente. No último dia, quando entro na sauna, para perder 5 kg, me dá pontada no corpo, no peito, no coração, não consigo encher o pulmão de ar para respirar, parece que está tudo em câmera lenta, me sinto perto da morte, vejo até vultos. Saio da pesagem arrastado, tomo soro e consigo comer, para recuperar o peso. Esses dias de perda de peso foram os piores dias da minha vida.
Marcelo Guimarães com furúnculo embaixo do braço (Foto: Richard Pinheiro)Marcelo Guimarães teve vários furúnculos por causa de imunidade baixa, devido à desnutrição sofrida no processo de perda de peso  (Foto: Richard Pinheiro)
Essa mudança de categoria também é uma recomendação médica, pois ao deixar de lutar por duas vezes em eventos do UFC, Marcelo Guimarães se submeteu à exames médicos, para saber o que estava acontecendo com seu corpo.
- Desde a minha pirmeira luta no UFC, eu machuquei o cotovelo, depois me deu vários furúnculos. Isso é baixa imunidade. O médico falou que eu estava ficando muito desnutrido, estava entrando em estafa. É uma doença que pode ser ocasionada pelo overtraining e eu estava com todos esses sintomas dessa doença. Se for pra eu continuar lutando, que seja nos médios. As pessoas falam que eu sou muito pequeno para a categoria, mas sempre bati 84 kg. São poucas pancadas que levei porque lutava tranqulo, bem alimentado, podendo tomar suplementos e usar todos os recursos necessários para atingir o máximo da minha forma. O meu problema é esse. As duas vezes que eu bati 77 kg, eu me via na beira da morte. Dinheiro nenhum vai pagar um rim meu se estragar. Na semana da luta que eu desisti, do meu braço saíram mais de 10 furúnculos. Já comuniquei ao Wallid, que nos meio-médios não tem como mais lutar.
Para ler mais notícias do Globo Esporte Espírito Santo, clique em globoesporte.globo.com/es. Siga também o GE ES no Twitter e por RSS.

Nenhum comentário:

Postar um comentário