Para fazer história, Cigano e Velásquez lutam pelo topo do mundo no UFC 166

Pesos-pesados completam a trilogia em Houston (EUA) e buscam a honra
de ser o maior de todos os tempos na categoria. Napão também em ação

Por Evelyn Rodrigues, Ivan Raupp e Marcelo Russio Direto de Houston, EUA

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Para a categoria dos pesos-pesados do UFC, uma história se conta em três capítulos. Tão rápida quanto pode ser uma luta entre dois gigantes, a maior rivalidade de todos os tempos da maior divisão está a poucas horas de ser concluída. Com uma vitória para cada um nas duas primeiras lutas, Junior Cigano e Cain Velásquez fazem, na noite deste sábado no UFC 166 em Houston, nos EUA, uma luta histórica, que deve por um ponto final nas especulações sobre quem é o mais poderoso lutador do planeta. De um lado, um brasileiro com enorme poder de nocaute, velocidade incomum para seu tamanho e resistência proporcional à sua força; do outro, um americano com uma incrível capacidade atlética, nervos de aço e um sólido jogo de chão.

Cain Velásquez e Junior Cigano na pesagem do UFC 166 (Foto: Evelyn Rodrigues)

Na primeira luta entre os dois, Velásquez era o campeão e voltava a lutar após cerca de um ano parado, por conta de uma lesão. Cigano estava em grande forma e venceu a luta em exatos 64 segundos, com um nocaute espetacular, na primeira edição do UFC transmitida ao vivo em TV aberta para os EUA. Ao fim da luta, Velásquez foi entrevistado e garantiu que retomaria o cinturão.
Dito e feito. Pouco mais de um ano depois, no UFC 155, o americano de origem mexicana cumpriu o prometido, e em uma luta em que dominou totalmente o brasileiro durante cinco rounds, saiu com o cinturão. Cigano teve de ir para o hospital, e disse mais tarde que fora diagnosticado com um "overtraining", ou excesso de treinamento, e que isso o prejudicou no combate.

Acho que ele (Velásquez) é um bom campeão, mas em outra divisão. Na minha, o campeão serei eu"

Junior Cigano, lutador do UFC

Com ambos se dizendo em perfeita forma física e mental, a luta que decidirá quem é o maior peso-pesado do planeta mexe com o mundo do MMA, e com as expectativas dos dois atletas.
- Vou trazer para vocês mais um nocaute. Velásquez é um lutador respeitoso, que não fala bobagens, e eu espero que ele continue assim. Acho que ele é um bom campeão, mas em outra divisão. Na minha, o campeão serei eu - disse Cigano.
Já o americano se disse pronto para defender o seu título, e garantiu que não se importa com o que foi dito antes do combate.
- Estou preparado para lutar cinco rounds como fiz da última vez, com o mesmo ritmo do começo ao fim. Estou aqui para lutar, e pretendo me manter como campeão por muito tempo.
Duelo de gordinhos no coevento principal
Se na luta principal do UFC 166 a forma física dos protagonistas é invejável, no penúltimo duelo, também de pesos-pesados, as gordurinhas são mais visíveis. Daniel Cormier e Roy Nelson farão um autêntico duelo de estilos. Enquanto o primeiro é um wrestler de nível mundial, membro da equipe olímpica americana e campeão do GP dos pesados do Strikeforce, o segundo tem um queixo de pedra, grande poder de nocaute e é faixa-preta de jiu-jítsu de ninguém menos que Renzo Gracie. Mesmo estando menos "cheinhos" do que já foram, eles garantem que nunca se preocuparam muito com a forma física.
- Eu agora estou buscando melhorar a minha alimentação e baixar para os meio-pesados. Antes eu me preocupava em ganhar técnica. Agora que já tenho, estou melhorando a minha forma, e os resultados estão melhores do que eu esperava. Sobre Roy, eu vou buscar nocauteá-lo, mesmo sabendo que ele já enfrentou lutadores duríssimos e resistiu a eles até o fim. Mas minha intenção não é ganhar por pontos. Vou atrás do nocaute - disse Cormier.

Daniel Cormier e Roy Nelson se encaram em Houston (Foto: Evelyn Rodrigues)

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Menos falante, Nelson, que se apresentou na pesagem do UFC com uma barriga bem menor que em outras lutas, garantiu que seu plano é bem simples:
- Quero nocautear Daniel Cormier e, depois, disputar o título contra Cain Velásquez. Aí vou nocauteá-lo também e serei o campeão. Esse é o meu plano - disse o lutador, que passou por muitas dificuldades em seu treinamento, como a hospitalização de seu técnico e as lesões de dois companheiros de treinos, o que prejudicou a sua preparação.
Veterano enfrenta o "campeão sem cinturão" entre os pesos-leves
A antepenúltima luta da noite põe frente a frente dois dos mais importantes atletas das categorias intermediárias do MMA mundial. Vencedor da primeira edição do reality show "The Ultimate Fighter", o já veterano Diego Sanchez busca dar a volta por cima em sua carreira e voltar a brilhar. Após sofrer algumas tragédias pessoais, como ser lesado financeiramente por um amigo e ver sua carreira quase se destruir por uso de drogas, ele terá pela frente o último campeão da categoria no Strikeforce, Gilbert Melendez.

Encarada à distância entre Gilbert Melendez e Diego Sanchez (Foto: Evelyn Rodrigues)

No duelo dos latinos, a vantagem nas bolsas de apostas é toda para Melendez. Mas Sanchez diz não se importar com isso.
- Gilbert é meu bilhete premiado, como no filme "A Fantástica Fábrica de Chocolates". Vencê-lo vai me colocar no mapa da divisão novamente, e talvez na trilha de uma disputa de título. Eu não estou aqui para fazer parte do show. Estou aqui para ser o show. Respeito Melendez, o considero uma espécie de "campeão sem cinturão", mas vim aqui para vencer - disse Sanchez.
Já Melendez se diz preparado para encarar um adversário duro e intenso, naquela que diz ser uma de suas lutas mais duras.
- Quem enfrenta Diego Sanchez sabe que vai ser golpeado e que sentirá dor e sofrerá. Estou preparado para isso. Vou respirar fundo e subir no octógono para tentar vencê-lo. Quero uma disputa de título, e ele está no meu caminho. Portanto, terei que passar por ele se quiser conquistar meu objetivo. Acho que será uma grande luta.
"Bigode grosso" Gabriel Napão encara Shawn Jordan
O segundo brasileiro a lutar no UFC 166 é o veterano peso-pesado Gabriel Napão, de 34 anos, que vem de vitória com um nocaute em apenas 17 segundos contra Dave Herman no UFC 162. Ele enfrentará o americano Shawn Jordan, de 28 anos. Usando um bigode, em uma brincadeira alusiva ao funk "Bigode grosso", Napão sabe que terá um adversário com muita força física pela frente. Mas isso não o assusta.
- Acho que estou caminhando para o topo da categoria. É difícil dizer. Tudo depende de como se ganha, de quem se ganha, várias coisas assim. Ele (Shawn Jordan) é um atleta duro, mostra bastante disposição na trocação e tem um jogo bonito ali da embolação. As pessoas querem ver isso, né? Dando socos e se embolando... Mas isso é perigoso. Ele é um atleta perigoso. Tenho que lutar conscientemente e fazer minha estratégia.

Bigodudo Gabriel Napão faz cara feia para Shawn Jordan (Foto: Evelyn Rodrigues)

O Combate transmite o torneio ao vivo e com exclusividade a partir das 19h15m. O Combate.com fará o acompanhamento de todo o evento em Tempo Real a partir de 18h15m, e exibirá a primeira luta do card preliminar, entre Dustin Pague e Kyoji Horiguchi, pela categoria peso-galo (até 61kg).
UFC 166
19 de outubro de 2013, em Houston (EUA)
CARD PRINCIPAL
Cain Velásquez x Junior Cigano
Daniel Cormier x Roy Nelson
Gilbert Melendez x Diego Sanchez
Gabriel Napão x Shawn Jordan
John Dodson x Darrell Montague
CARD PRELIMINAR
Tim Boetsch x CB Dollaway
Nate Marquardt x Hector Lombard
Sarah Kaufman x Jessica Eye
George Sotiropoulos x KJ Noons
T.J. Waldburger x Adlan Amagov
Tony Ferguson x Mike Rio
Jeremy Larsen x Andre Fili
Dustin Pague x Kyoji Horiguchi