terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Programa nuclear do Irã prejudica seleção rival da Argentina na Copa

Técnico da equipe iraniana reclama de falta de dinheiro para marcar amistosos por conta de sanções impostas ao país por produção de urânio

Por Costa do Sauípe, BA

 
Uma questão política de alta relevância e que envolve as maiores potências do mundo tem tirado o sono do técnico português Carlos Queiroz, que comanda a seleção do Irã, classificada para a Copa do Mundo de 2014. Por conta de avanços do programa do país, que produz o enriquecimento do urânio, componente utilizado na fabricação de bombas nucleares, os Estados Unidos impuseram sanções econômicas ao Irã.
O assunto parece distante do futebol, mas se reflete na má preparação da seleção. O embargo às importações de petróleo iraniano faz com que muito dinheiro deixe de entrar no país. A federação que controla o esporte sofre, segundo Queiroz, principalmente com a falta de recursos para marcar amistosos contra adversários fortes.
A preocupação do treinador é com o nível de desafios que seus jogadores terão até chegarem ao Mundial, em junho do ano que vem. Ela se acentuou após o sorteio. O Irã terá pela frente apenas Lionel Messi, melhor do mundo entre os anos de 2009 e 2012. A partida contra a Argentina será no dia 21, em Belo Horizonte, pelo Grupo F, que tem ainda Bósnia e Nigéria.
Desde outubro, por exemplo, os asiáticos só disputaram três jogos: dois contra a Tailândia e um diante do Líbano. Foram três vitórias bem mais fáceis do que se espera encontrar no Brasil.
- Digamos que não são dos rivais mais picantes. Naturalmente que as sanções influenciam todos os problemas financeiros, estamos com muitas dificuldades para marcar partidas amistosas. Não é esse o nível que vamos encontrar numa Copa do Mundo - afirmou Queiroz.
Javad Nekonam, Mojtaba Jabari e Talal AlBloushi, Irã x Catar (Foto: Reuters)Classificada para a Copa, seleção do Irã (de branco) não tem conseguido bons amistosos (Foto: Reuters)

No fim do mês passado, um acordo nuclear foi esboçado. Em troca do alívio das sanções, o país reduziria o ritmo de seu programa. Porém, o primeiro-ministro iraniano já descartou paralisar o enriquecimento do urânio, enquanto o secretário de estado norte-americano garantiu que as principais sanções serão mantidas.
Durante a última semana, em eventos que antecederam o sorteio final da Copa, Queiroz foi abordado pelo técnico da Costa Rica, Jorge Luis Pinto, na tentativa de marcar amistosos. Demonstrou interesse, mas deixou claro que não é uma questão simples. Ele espera que o acordo facilite a preparação do Irã.
Apesar de todas as dificuldades, o time teve desempenho surpreendente nas Eliminatórias. Classificou-se com a segunda melhor campanha no geral, atrás apenas do Japão e à frente de adversários como Coreia do Sul, semifinalista na Copa de 2002, e Austrália, que disputa a qualificação como filiada ao órgão de futebol do continente asiático.
Enquanto pensa em Lionel Messi, Queiroz, compatriota de Cristiano Ronaldo, aproveita para fazer lobby pela eleição do português na Bola de Ouro desta temporada. Para o técnico, ele merece ser eleito o melhor jogador do mundo, mas o fato de a votação ser aberta a todas as federações pode provocar surpresas na eleição.
- Pelo que tenho visto e pelo que Cristiano tem feito, creio que não há outra decisão senão a de dar a ele a Bola de Ouro. Só que meus amigos da Ásia não veem o que eu vejo. Os da África podem ver outra coisa. Para lá, são transmitidos mais jogos de um campeonato do que de outro. Não é uma decisão uniforme - analisou.

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