quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Cung Le, Nate Quarry e Jon Fitch
lideram ação milionária contra o UFC

Lutadores alegam que organização mantém ilegalmente o poder de monopólio do esporte, desenvolvendo acordos para quebrar os concorrentes

Por San Jose, EUA
Os lutadores Cung Le, Nate Quarry e Jon Fitch entraram com uma ação conjunta nesta terça-feira, no fórum de San Jose, na Califórnia (EUA), contra a Zuffa LLC, empresa detentora do UFC, alegando que a companhia mantém ilegalmente poder de monopólio e afirmando que o Ultimate propositadamente desenvolve acordos com os promotores rivais para quebrar a concorrência, suprimindo os ganhos dos lutadores em eventos, atividades de marketing e merchandising através da contratação restritiva. De acordo com um dos advogados envolvidos, tal processo pode se transformar em uma grande ação de classe, envolvendo centenas de lutadores, e que pode custar milhões aos cofres da companhia.
Cung Le UFC MMA (Foto: Adriano Albuquerque/SporTV.com)Cung Le é o único dos três proponentes ainda sob contrato com o UFC (Foto: Adriano Albuquerque)
O anúncio foi feito durante uma coletiva de imprensa realizada na noite desta terça-feira na cidade e que contou com a participação dos lutadores (com exceção de Jon Fitch, que está lesionado) e dos advogados Cohen Milstein, da Berger & Montague, e Joseph Saveri, da Joseph Saveri Law Firm, que são especializados nesse tipo de processo. A ação afirma que os lutadores querem representar uma classe de profissionais atuais e antigos em situação semelhante e alega que eles são vítimas de um esquema ilegal do UFC para eliminar a sua competição no esporte. Os advogados, no entanto, se recusaram a comentar valores e a divulgar os nomes de outros lutadores que devem fazer parte da ação.
- Esse processo não é sobre o que é justo ou injusto. Os lutadores têm pouquíssimas oportunidades de escapar do UFC e, se eles fazem isso, eles não conseguem ganhar participação de uso de sua própria imagem.  Os contratos do UFC proíbem os lutadores de negociarem ofertas feitas por outras empresas em um mercado aberto. Esses lutadores estão lutando pelos seus direitos. O UFC tem fechado os seus competidores ao longo do anos, impedindo que qualquer competidor crescesse. Isso tem causado danos severos aos lutadores, que não conseguem emprego no esporte e não têm habilidade de conseguir sua própria estabilidade. A proposta é mudar "status quo" e restabelecer uma competição saudável no esporte. Os lucros do UFC estão entre os mais altos do esporte - declarou o advogado Joseph Saveri na abertura do evento.
Em seu discurso, Rob Maysey, um advogado do Estado do Arizona que, em 2005, fundou uma associação de lutadores de artes marciais, a MMAFA, agradeceu ao ex-campeão dos pesos-meio-médios do UFC, Carlos Newton, pelo seu esforço em tornar o processo realidade.
- Eu quero estar apto a lutar pelo que eu valho e não por causa da generosidade de alguém. MMA é o esporte mais contido do mundo e estamos aqui para remover o sistema de retenção anti-concorrência. No fundo, esse processo é sobre justiça fundamental. Os atletas enfrentam muitos riscos e deveriam ser pagos de forma justa e apenas um mercado livre é capaz de gerar essa compensação justa. Esses lutadores merecem a oportunidade em um mercado com uma concorrência tão feroz como a que eles enfrentam no octógono - disse Maysey, bastante emocionado.
mma Jon Fitch  (Foto: André Durão / Globoesporte.com)Jon Fitch é outro lutador envolvido no processo
(Foto: André Durão / Globoesporte.com)
Cung Le, que ainda está sob contrato com o UFC, explicou que os motivos que o levaram a participar do processo não estão relacionados aos problemas enfrentados recentemente, após a derrota sofrida para Michael Bisping. Na oportunidade, o Ultimate chegou a anunciar a suspensão do vietnamita por índices elevados de hormônio do crescimento (GH), mas recuou após admitir que não teria como provar que ele havia falhado no exame antidoping.
- Tem sido uma longa estrada e eu estou apenas honrado em fazer parte desse processo contra o UFC pelos lutadores do passado, do presente e do futuro. Os lutadores futuros terão uma melhor situação e eu estou feliz por fazer parte desse movimento.
Participante do TUF 1, Nate Quarry, que foi lutador do Ultimate entre 2005 e 2010, já fez diversas críticas ao Ultimate, principalmente no que diz respeito à gestão financeira de Dana White no UFC e às condições monetárias dos lutadores. Durante a coletiva, ele afirmou que recebe inúmeras mensagens de lutadores reclamando das atuais condições da organização.
- Se nós não trouxermos isso à tona agora, nós nunca vamos conseguir mudar esse mundo que nós conhecemos. Recebo mensagens de diversos lutadores, que infelizmente não posso revelar, mas esses fatos são verdadeiros. O UFC está tomando conta de toda a indústria e diz que é a nova religião do mundo, ditando como as coisas devem ser. Nós merecemos nosso mercado livre para competir, de acordo com os seus valores. Merecemos também ter o controle sobre a nossa carreira para decidir aonde vamos, e como vamos - disse Quarry.
O processo dos lutadores alega que, em virtude de atos contra a competitividade do esporte, incluindo a aquisição do Strikeforce, o UFC tem mantido controle de mais de 90% da receita derivada de lutas em todo o país. Além disso, os atletas alegam que sofrem punições quando anunciaram a intenção de trabalhar em eventos concorrentes,sendo eliminados de atividades promocionais, como campanhas de marketing e vídeogames.
- As ameaças do UFC são levadas a sério pelos lutadores, porque eles sabem que a organização vai diminuir, senão acabar, com a habilidade deles de ganhar dinheiro com base na profissão que exercem. Esses profissionais de MMA merecem o direito de terem as suas carreiras de volta - finalizou Joseph Saveri, um dos advogados da ação.
O Combate.com tentou contato com o UFC para comentar a ação, mas não obteve retorno. A organização divulgou um curto comunicado oficial horas depois:
"O UFC está ciente da ação registrada hoje, mas ainda não recebeu, nem teve a oportunidade de analisar o documento. O UFC vai se defender vigorosamente e às suas práticas de negócios."

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