sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Braço direito de Bernardinho, Rubinho critica CBV e diz: "Eu tinha condições"

Indicado por antigo técnico, auxiliar evita críticas a Renan, mas nega permanência na comissão e reclama de possível opção por marketing: "Eu não vejo o sucesso numa escolha dessas"

Braço direito de Bernardinho, Rubinho critica CBV e diz: Braço direito de Bernardinho, Rubinho critica CBV e diz:
Rubinho evita falar em mágoa. Nos últimos quatro anos, trabalhou exclusivamente como braço direito de Bernardinho. Fechou o ciclo olímpico com o sonhado ouro na Rio 2016. Durante esse tempo, foi preparado para assumir o lugar do amigo à frente da seleção. Viu, no entanto, a Confederação Brasileira de Vôlei escolher Renan Dal Zotto para o cargo. Convidado pelo novo treinador para continuar na comissão técnica, disse não. Ainda que evite as críticas pessoais, lamenta as decisões tomadas e garante: estava pronto para assumir o caminho rumo a Tóquio 2020.
Rubinho tem uma ligação de quase 20 anos com a seleção brasileira, adulta ou de base. Nos últimos quatro, deixou seu trabalho em clubes e passou a trabalhar apenas como auxiliar de Bernardinho. Na negociação que terminou com a saída do técnico, foi indicado como sucessor natural. Seu nome, porém, foi preterido.
- Obviamente, eu me sentia preparado para isso. Não existia uma preparação específica. Mas era uma coisa natural, da vivência. Durante o ciclo, eu tive várias direções. Substituí o Bernardo quando ele esteve suspenso pela FIVB, dirigi dez jogos da equipe. Dirigi Pan-Americano, seleção sub-23. Eu disse a ele: “Se eu vou ficar fora do mercado, não posso ficar fora do banco como técnico. Não posso perder minha carreira como técnico”. Principalmente se acontecesse o que está acontecendo agora (risos). E eu tive resultados muito bons. Com a sub-23, conquistamos um título mundial. E muitas vezes comandei jogadores que, depois, foram para a Olimpíada. Douglas, Lucarelli. Foi um projeto bacana. Por isso me sentia preparado - afirmou.
Rubinho foi braço direito de Bernardinho (Foto: Divulgação)Rubinho foi braço direito de Bernardinho (Foto: Divulgação)
Rubinho foi braço direito de Bernardinho (Foto: Divulgação)
O antigo auxiliar evita ataques diretos. Elogia Renan como pessoa, mas critica sua escolha para o cargo. De perfil reservado, Rubinho raramente aparecia em frente às câmeras. Com a total confiança de Bernardo, fez um intenso trabalho de pesquisa, observando jogadores brasileiros e estrangeiros. Ele não sabe exatamente quais foram os motivos para ter seu nome vetado. Acredita, porém, que não ter tido um passado como jogador pode ter pesado.
- É difícil opinar a respeito. Eu não sei o que passa na cabeça das pessoas. Talvez o passado de jogador de seleção que eu não tenho. Eu sou um técnico que foi forjado na quadra. Eu joguei vôlei até a categoria juvenil em Curitiba, mas não sou alguém com um passado como atleta. Isso deve ter pesado um pouco para ocupar o cargo de técnico da seleção. É difícil falar. Até prefiro não pensar nisso porque a minha conduta é muito parecida com a do Bernardo. Pensamos muito em preparação, em merecimento. Eu não consigo pensar de uma forma que não seja essa. Tive excelentes resultados. Foram dois Pan-Americanos, com um título e um vice. Os resultados foram muito bons. Tinha toda uma preparação. Eu acho que tinha condições, sim.
A falta de um perfil midiático pode ser outra explicação. À medida que critica a postura da Confederação, acredita ser possível manter o Brasil entre os primeiros do topo caso o trabalho não seja desfeito.
- Pode ser marketing. Infelizmente, no mundo deles, pode ser. Eu não gostaria de acreditar nisso, mas pode ser. Eu não vejo o sucesso numa escolha dessas. Minha análise é muito o que está acontecendo no mundo. No meu ponto de vista, temos condições de continuar brigando no topo. Porque temos uma equipe extremamente competitiva. Fizemos um ciclo muito forte, mesmo com dois títulos em 18. Foram seis campeões diferentes. Isso não tinha acontecido nos últimos quatro ciclos. Eram sempre duas ou três equipes buscando o título. Temos condições de continuar esse trabalho – afirmou o treinador, que pediu um maior cuidado com a base para evitar problemas futuros.
Rubinho orienta jogadores em um dos jogos à frente da seleção (Foto: Divulgação)Rubinho orienta jogadores em um dos jogos à frente da seleção (Foto: Divulgação)
Rubinho orienta jogadores em um dos jogos à frente da seleção (Foto: Divulgação)
Convidado por Renan para permanecer como auxiliar, Rubinho preferiu deixar o cargo. Apesar do bom encontro que teve com o novo técnico, se manteve firme nas críticas às decisões tomadas.
- Falei com o Renan. Foi um encontro ótimo. Mas não concordei com a forma como a CBV procedeu, por terem escolhido um técnico que não estava na ativa. Isso não tem nada a ver com a pessoa do Renan em si. Sempre nos demos muito bem. Mas a questão é que eu acho que não foi correto. Para o nosso movimento, para os nossos técnicos, que estão na Superliga, principalmente. Optar por um técnico que não está na ativa já há bastante tempo. Não tem só a ver com meu nome ser preterido. Isso é uma questão de opção da própria CBV, eles têm o direito de querer ou não alguns nomes. A CBV é o vôlei brasileiro, então tem de passar uma boa imagem para quem faz o nosso vôlei. Os técnicos que estão na ativa na Superliga são os nossos parceiros na seleção. Então, essas pessoas precisam se sentir valorizadas. Assim como o Marcelo (Franckowiak) está se sentindo agora. Ele é um profissional muito competente. Outros também deveriam, como o próprio Marcelo, (Marcos) Pacheco, Marcelo Méndez. Foi por isso que eu não concordei com a situação e por isso que eu não podia continuar.
Agora, Rubinho analisa seus próximos passos. Fora do mercado, espera o fim da Superliga para voltar à ativa. Mas também não descarta o mercado no exterior.
- Eu tenho que aguardar. Estamos no meio da temporada. Agora, é aguardar o mercado. Estou aberto a negociações, tanto aqui quanto fora.

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