quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Em busca do futebol “bem jogado”: a estreia inquieta de Felipe como técnico

Ex-jogador anda de um lado para o outro durante os 90 minutos na área técnica e se comunica bastante com Pedrinho no empate do Tigres contra a Cabofriense

Por Xerém, Rio de Janeiro
Mais de 17 horas depois do previsto inicialmente, enfim Felipe fez sua estreia como técnico no comando do Tigres. No estádio de Los Larios, em Xerém, na manhã desta quinta-feira, o ex-jogador viu sua equipe abrir boa vantagem mas ceder empate por 2 a 2 para a Cabofriense. Inquieto no banco de reservas e sempre dialogando com seu fiel escudeiro Pedrinho, passou os primeiros 90 minutos da nova experiência em pé e se comunicando bastante com os jogadores.
Felipe e Pedrinho observam o jogo na beira do campo (Foto: Alexandre Durão)Felipe e Pedrinho observam o jogo na beira do campo (Foto: Alexandre Durão)


Depois do temporal de quarta-feira, que causou adiamento do jogo, o tempo permaneceu nublado, mas nada de chuva. O calor e o clima abafado não foram nem de perto semelhantes aos que normalmente acontecem no local. Nos primeiros minutos, Felipe teve a “concorrência” de um torcedor, que da arquibancada dava suas orientações aos berros e incomodava a comissão técnica – os gritos pararam na metade do primeiro tempo. 
A primeira orientação do estreante do dia aconteceu ainda antes do apito inicial, para o camisa 9 Núbio Flávio. Com a bola em jogo, fez o sinal da cruz e começou sua “andança” particular. Foi difícil ver o treinador parado por alguns segundos na mesma posição. Logo com 10 minutos, a primeira reclamação.
Estão com medo de jogar! O jogo tá fácil, estão com medo de jogar
Felipe
 - Estão com medo de jogar! O jogo tá fácil, estão com medo de jogar! – gritou pouco antes de fazer um alerta – Tudo que a Cabofriense quer é a bola parada.
Preocupação pertinente com o experiente e ex-colega de Fluminense Leandro Euzébio, bom no jogo aéreo. Porém, mesmo acuado, o Tigres se segurou nos 45 minutos iniciais e levou o 0 a 0 para o vestiário. A equipe visitante criou chance claríssima, mas Sabão, depois de driblar zagueiro e goleiro, não conseguiu balançar a rede. Lance que decretou o primeiro silêncio de Felipe, que respirou aliviado e levou as mãos à cabeça.
- No primeiro tempo faltou um pouco de personalidade, de poder aparecer. Muita gente se escondendo do jogo e não jogamos dessa maneira. Faz parte, a gente entende que treino é treino e jogo é jogo. Confio nesses atletas, a ansiedade da estreia acaba prejudicando bastante, a pressão. Mas no todo, teve muitas coisas boas. Claro que temos que corrigir coisas, mas mostramos que temos capacidade – analisou.
Felipe orienta os jogadores do Tigres-RJ (Foto: Alexandre Durão)Felipe orienta os jogadores do Tigres-RJ (Foto: Alexandre Durão)
Ouvindo gritos de “entra aí” por parte da torcida, Felipe conseguiu melhorar o toque de bola do time e ganhar o meio-campo com sua primeira substituição – a entrada de Rodrigo Yuri na vaga de Gean, no intervalo.  Mudança que colaborou para que os mandantes abrissem o placar, com Núbio Flávio, e ampliassem, com Claudinho, ainda antes dos 20 da etapa final. O momento do jogo rendeu elogios do comandante, que falou sobre seu estilo.
Na minha filosofia de trabalho, o bom futebol tem grandes chances de ganhar
Felipe
 - Acho que o futebol tem que ser bem jogado desde o início. O chutão pode até existir, mas os companheiros têm que dar linha de passe. Todo mundo tem que ter personalidade suficiente para aparecer e jogar, não jogar a responsabilidade para os outros. Trabalhamos muito isso e não podemos sair do nosso padrão. Temos que jogar futebol. Na minha filosofia de trabalho, o bom futebol tem grandes chances de ganhar. Vamos bater nessa tecla, vamos em busca de perfeição.
A manhã poderia ter sido perfeita não fosse um vacilo do goleiro Santiago, que foi de herói, após fazer duas ótimas defesas, a vilão, quando bobeou ao proteger, errou na saída e colocou as mãos na bola fora da área. Na falta, gol de Pedro e ira de Felipe à beira do campo. Os palavrões, já frequentes em suas falas, se multiplicaram ainda mais. O erro individual custou caro e certamente será motivo de bronca no vestiário. - A fatalidade foi quando ele (Santiago, goleiro) quis jogar com a mão, não foi nem jogando com o pé. Ele ficou querendo gastar tempo, ganhar 10 segundos. Achei desnecessário. Vamos conversar com o atleta, não tem necessidade disso. Com o pé ele foi perfeito em todas as saídas. 
Felipe grita muito an estreia como técnico do Tigres-RJ (Foto: Alexandre Durão)Felipe grita muito an estreia como técnico do Tigres-RJ (Foto: Alexandre Durão)
Com ânimo renovado, a equipe de Cabo Frio chegou ao empate, com Max, em posição duvidosa aos 33, único momento em que Felipe e Pedrinho reclamaram com a arbitragem de forma veemente. 
Após o apito final, um resumo da nova sensação e um alerta para os próximos jogos.
- Tenho que ter um trabalho para (a garganta) aguentar e eu poder dar orientações aos atletas. Haja voz! Sem dúvida é ruim não poder entrar em campo para ajudar, mas é uma nova função e me preparei para isso. A estreia poderia ter sido melhor. Andar de um lado para o outro e conversar com o Pedrinho é um jeito de extravasar um pouco – resumiu.
O Tigres volta a campo no próximo sábado, às 16h30, contra o Nova Iguaçu, fora de casa. Cabofriense x Campos e Bonsucesso x Portuguesa completam a segunda rodada. Todas as equipes estão empatadas com um ponto na classificação na primeira fase do Campeonato Carioca.

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