quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Números justificam preocupação do Fla com o meio-campo cruzeirense

Henrique, Fabrício, Marquinhos Paraná, Roger e Montillo conduzem o Cruzeiro na disputa do título do Campeonato Brasileiro

Por Richard Souza Rio de Janeiro

imprimir

Gols, assistências, regularidade. A preocupação dos jogadores do Flamengo com os meio-campistas do Cruzeiro tem explicação. Os números comprovam a eficiência do setor, apontado por rubro-negros como o ponto alto da equipe de Cuca. Os volantes Henrique, Fabrício e Marquinhos Paraná, e os meias Roger e Montillo são pilares da Raposa na disputa do título. Muito por conta deste quinteto o time chega vivo à penúltima rodada do Brasileirão. Em terceiro lugar, os mineiros têm 63 pontos, dois a menos que o líder Fluminense.

Montagem Cruzeiro Henrique Marquinhos Paraná Roger Montillo Fabrício

Em sentido horário, Henrique, Marquinhos Paraná, Roger, Fabrício e Montillo: força e talento (Foto: Vipcomm)

Do meio, Henrique foi quem mais jogou. O volante disputou 33 das 36 rodadas até então. A seu favor, duas assistências e três gols. O jogador impressiona pela qualidade do passe. Em 910 tentativas, acertou 833. O percentual de acerto é de 91%. Marquinhos Paraná jogou menos, 24 vezes, mas tem aproveitamento igual. São 575 passes certos de um total de 631. Paraná ainda não apareceu como goleador, mas é peça importantíssima pela dinâmica que impõe ao meio-campo celeste, além da experiência.
Quem também defende e ataca é Fabrício. Em 27 participações, deu cinco assistências. O índice de passes corretos fica um pouco abaixo dos dois primeiros: 89%. Por outro lado, ele tenta compensar nas finalizações. Apesar de não ter feito um gol sequer, quase metade dos chutes ganha a direção do gol e é defendida: 44%.
A presença de Fabrício ainda é incerta no jogo de domingo. Cariocas e mineiros vão jogar às 17h (de Brasília), no estádio Raulino de Oliveira, em Volta Redonda, pela 37ª rodada. O volante sente dores no abdômen e não treina há três dias. Caso ele não possa participar, Roger é o provável substituto.
Apesar de não ser titular absoluto, Roger tem o mesmo número de jogos de Fabrício. A diferença é que das 27 vezes que entrou e campo fez três gols e deu uma assistência. O jogador acertou 86% dos passes até aqui.

Montillo é o dono da bola na Toca da Raposa
(Foto: Washington Alves / Vipcomm)

A quinta peça-chave do meio-campo celeste ainda nem domina o português. Aos 26 anos, o argentino Walter Montillo é a engrenagem do time de Cuca. Na Toca da Raposa, virou titular de cara e não teve qualquer dificuldade de adaptação ao estilo do futebol brasileiro ou aos colegas. O jogo celeste passa todo e flui pelos pés do baixinho. Em 21 partidas disputadas, fez sete gols e deu seis assistências. É forte candidato ao posto de melhor jogador do campeonato. O bom aproveitamento dos passes é uma marca dele: 83% até o momento. Entre os meio-campistas, é quem mais chuta a gol. Foram 38 tentativas, mas a direção precisa melhorar. Destas, 40% exigiram defesas.
O Flamengo não tem um meio-campo dinâmico como o do Cruzeiro. O Rubro-Negro, por exemplo, tem em Renato o seu único armador. Contra o Guarani, Vanderlei Luxemburgo escalou o camisa 11 e a trinca de volantes Maldonado, Willians e Kleberson. Pet é uma das opções de Luxa. Entretanto, não tem rendido tão bem quanto no ano passado. Marquinhos sempre entra bem, acrescenta velocidade ao time, mas ainda não teve uma chance como titular. Há ainda o garoto Guilherme Negueba, de 18 anos, uma promessa da base, e Correa, volante que não chega a ser tão ofensivo como os do Cruzeiro. Segundo o chileno, a qualidade do adversário no setor preocupa.

É um time forte, com volantes que saem para jogar, fazem aquele revezamento de marcação. O Montillo e o Roger chegam na frente, mas ajudam na marcação, o que facilita para eles. É isso que temos de combater."

Maldonado, meia do Fla

- É um time forte, com volantes que saem para jogar, fazem aquele revezamento de marcação. O Montillo e o Roger chegam na frente, mas ajudam na marcação, o que facilita para eles. É isso que temos de combater, precisamos aparecer a toda hora, dar opção para os companheiros, colocar em prática a velocidade que temos na frente. Precisamos de mais calma para acertar o passe, nessa última jogada. Acho que pode se decidir no meio ou até na bola parada – destacou.
Os rubro-negros vão reencontrar Montillo. Ainda pelo Universidad de Chile, o meia ficou famoso no Brasil ao comandar a La U nos confrontos em que eliminou o Fla nas quartas de final da Libertadores deste ano. No segundo jogo, em Santiago, ele fez, por cobertura, o golaço que garantiu a vaga aos chilenos mesmo com a derrota por 2 a 1 – no Maracanã, haviam vencido por 3 a 2. Segundo Maldonado, não existe qualquer sentimento de revanche.

- Não fica na memória. São jogos diferentes, situações diferentes. O Cruzeiro está numa situação muito melhor que a nossa, tem um coletivo muito forte. O Montillo nós sabemos que é de qualidade, mas não ficamos pensando nisso. É um jogador rápido, por isso temos de ter concentração para não deixar espaços, sempre estar perto e não deixar ele criar as jogadas – alertou.
O Flamengo é o 13º colocado, com 43 pontos, três à frente do Z-4. O Rubro-Negro precisa de pelo menos um ponto para eliminar o risco de queda para a Segunda Divisão.