sexta-feira, 17 de junho de 2011

Goleiro reserva do Botafogo concilia treinos com o curso de Psicologia

Aos 19 anos, Luís Guilherme já leva para campo o que aprende nas aulas e nos livros. No futuro, pretende atuar como psicólogo de clube também

Por Thiago Fernandes e Breno Dines Rio de Janeiro
No ano passado, o GLOBOESPORTE.COM acompanhou a luta do jovem goleiro Luis Guilherme em busca de seu sonho de cursar a faculdade de Psicologia. Entre os treinos (do time principal e o de juniores) e as partidas do Botafogo, o jogador estudou em um curso pré-vestibular para tentar conquistar a tão sonhada vaga. Deu certo. Com boas notas na área de humanas, o atleta conquistou seu espaço no mundo acadêmico e agora, aos 19 anos, tem que se esforçar ainda mais do que em 2010.
luis guilherme botafogo faculdade (Foto: Thiago Fernandes / Globoesporte.com)Luis Guilherme na sala de aula do curso de Psicologia  (Foto: Thiago Fernandes / Globoesporte.com)
- Sou péssimo na área de exatas. Tinha muita dificuldade com números. Por isso, nem pensei em seguir educação física, que seria mais comum para um jogador. Estou realizando um sonho e sei que vai ser muito difícil conciliar toda minha vida acadêmica com os treinos. Mas meu objetivo é levar as duas coisas adiante. Se tivesse que escolher, o futebol seria prioridade, mas acho que fazer um curso superior me ajuda e muito dentro das quatro linhas. Sempre quis fazer uma faculdade, porque o futebol é muito volátil. Pode dar tudo certo, mas você também pode sofrer uma lesão e acabar sua carreira. É bom ter uma sustentação – explicou o goleiro.
Para conseguir conciliar os dois sonhos, Luis diz que carrega seus livros para tudo que é canto. Seja na concentração ou nos intervalos dos treinos, lá está o goleiro aproveitando para estudar.
- Sempre que tem um tempinho, eu dou uma lida. Não é fácil levar as duas coisas ao mesmo tempo. Mas eu me esforço ao máximo. O pessoal até brinca comigo, implica com meus livros, mas sei que me dão apoio.
Os ensinamentos das aulas são aplicados por Luis dentro de campo. Como goleiro, o jogador diz que precisa ter ainda mais tranquilidade para encarar a pressão de uma partida.
- Tem muita coisa que eu estudo que pode ser usada em campo. Durante o jogo, você sabe que não pode errar e tem que ter a cabeça tranquila para isso. Caso aconteça uma falha, tem que superar rápido também. Em uma disputa de pênaltis, pode ser usado a meu favor também. Porque o mais importante nesse momento é ter tranquilidade e saber transmitir isso ao adversário. Se ele sentir que você está seguro, talvez ele fique inseguro.
Paixão pela Psicologia nasceu no Botafogo
A opção pela Psicologia está diretamente ligada ao futebol e ao clube. Desde novo, Luis teve o acompanhamento dos profissionais da área no Botafogo por conta de seu temperamento nada calmo, bem diferente dos dias de hoje.
- Eu era muito nervoso, explosivo. O contato com as psicólogas do clube me fez gostar da profissão. Sou amigo delas hoje. A Maíra (Ruas Justo, psicóloga do time profissional) é muito minha amiga. Adoro conversar com ela e a gente troca bastante informação. Ela me indica livros para ler e me ajuda no dia a dia.
Maira psicologa com Thiago Galhardo botafogo (Foto: Thiago Fernandes / Globoesporte.com)Maira conversa com Thiago Galhardo: um trabalho
diário (Foto: Thiago Fernandes / Globoesporte.com)
Maíra retribui os elogios do goleiro. Orgulhosa do desenvolvimento do seu pupilo, a psicóloga diz que vê uma evolução cada vez maior em Luis tanto dentro quanto fora das quatro linhas.
- O Luis Guilherme é meu atleta desde os 15 anos e por isso a gente desenvolveu uma relação muito grande. Ele percebeu que poderia usar a psicologia para melhorar o desempenho dele, que poderia aprofundar isso na vida dele. Melhorou bastante tanto como pessoa quanto como profissional. Ele se interessou muito pela área porque realmente é fascinante o mundo da psicologia.
A psicóloga conta que o trabalho realizado no clube é feito no dia a dia, com conversas em grupo e individuais. Os goleiros, entretanto, merecem uma atenção maior.
- Qualquer atleta precisa de uma evolução psicológica, como precisa de uma evolução física. Com o tempo, o jogador entende que precisa compreender suas emoções em campo e não ficar reativo a elas. O goleiro, como está com a “chave do tesouro”, é a ultima pessoa antes do gol, sofre com uma pressão muito grande. Uma falha pode ser decisiva para o resultado do jogo. Um atacante pode errar na cara do gol e não acontecer nada com ele.
Futuro: ex-goleiro e psicólogo
A chance de cursar a faculdade deixa no horizonte de Luis Guilherme uma meta bem definida. O jogador espera poder aliar suas duas paixões quando pendurar as chuteiras e seguir o mesmo caminho de sua amiga Maíra.
- O goleiro tem uma vida útil maior no futebol. Mas é uma ideia minha, sim, trabalhar como psicólogo de um clube. Assim, posso usar meus conhecimentos para continuar próximo da minha grande paixão que é o futebol. Mas falta muito ainda. Primeiro, tenho que consolidar minha carreira e me formar.
Segundo Maíra, a experiência dentro de campo será fundamental para Luis se destacar também como psicólogo.
- Claro que conta. Ele vai saber entender muito bem o que os outros estão passando. Ter essa vivência é ótimo, até porque são poucas as pessoas que conseguem ter uma profissão, cursar uma faculdade e aliar os dois.

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