domingo, 30 de setembro de 2012

Meu Jogo Inesquecível: Sport bate o Timão; Joanna Maranhão vibra longe

Hoje no Fla, rival do Leão, nadadora brasileira lembra título da Copa do Brasil em 2008, quando sofreu pela internet em Barcelona, e Estadual 2007

Por Franco Benites Recife
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O ano é 1987. Em campo, Sport e Flamengo jogam pelo módulo amarelo e verde do Campeonato Brasileiro, respectivamente, sem imaginar que dali a alguns anos travariam uma batalha eterna para saber quem teria direito a colocar no peito uma estrela de campeão nacional. Corte para 2012. O Urubu, o Leão e 1987 voltam a se cruzar e se materializam na pessoa da nadadora recifense Joanna Maranhão. A atleta nasceu no ano em que teve início a famosa disputa entre os clubes e, apesar do amor grandioso pelo rubro-negro pernambucano, hoje é atleta do rival carioca.

Joanna Maranhão é íntima das piscinas desde criança, pois começou a nadar antes mesmo de aprender a ler. Medalhista nos Jogos Pan-Americanos de 2003, ela se tornou a sensação da natação brasileira quando em 2004, nas Olimpíadas de Atenas, na Grécia, terminou a prova nos 400m medley na quinta colocação. O feito garantiu a Joanna, que nem havia chegado à maioridade, o status de ter sido a primeira nadadora brasileira a ir a uma final olímpica em provas femininas.
Joanna Maranhão - Sport (Foto: Divulgação/Arquivo pessoal)No centro de treinamento de Sierra Nevada, na Espanha, Joanna Maranhão lembra do Sport (Foto: Divulgação/Arquivo pessoal)
Quando está nas piscinas, Joanna Maranhão honra o vermelho e preto do Flamengo e as cores do Brasil. Uma dos sete representantes do rubro-negro do Rio de Janeiro nas raias do Centro Aquático de Londres nas Olimpíadas deste ano (ela não conseguiu repetir o feito de Atenas, em 2004), a pernambucana é alheia à rivalidade futebolística entre o clube que hoje abriga o seu talento e o Sport. Nas piscinas, ela só quer saber de aumentar a lista de títulos do clube carioca. Mas é longe da água que Joanna veste o vermelho e preto de maneira mais afetiva.
Futebol pra mim só jogo do Sport. Não gosto nem de ver jogo da Seleção."
Joanna Maranhão
- Sou torcedora do Sport porque toda minha família por parte de mãe também é. Os únicos torcedores do Náutico são meu pai e meu irmão mais velho (por parte de pai). Os três filhos de mainha quando faziam alguma coisa errada ficavam de castigo na "cadeirinha do Náutico". Serviu para os três, viu? Somos Sport (risos). Meu tio Sérgio era o mais assíduo, chegava lá em casa com camisa, ia para todos os jogos - conta, recheando a frase de bom humor e recorrendo a uma expressão tipicamente pernambucana para pontuar de onde surgiu o amor pelo Sport.

Ao falar das lembranças da Joanna torcedora, a Joanna campeã das piscinas permeia as frases com uma alegria e empolgação que se assemelham à emoção de quem acabou de subir ao pódio para receber uma medalha.
Joanna Maranhão - Sport (Foto: Divulgação/Arquivo pessoal)Joanna Maranhão e o irmão caçula na Ilha do
Retiro (Foto: Divulgação/Arquivo pessoal)
- Quando eu morava no Recife eu ia à Ilha do Retiro pelo menos uma vez por mês. Eu me divertia muito com a torcida, com o pessoal gritando, cantando as músicas. É difícil explicar a emoção porque é um amor incondicional que você sente por um time de futebol. E quando você entra em campo, canta o hino, assiste a um gol, é uma felicidade... Abraça quem está do seu lado sem ao menos saber quem é. Eu adoro.

Atleta de ponta, com medalhas, títulos e marcas importantes, Joanna Maranhão dedicou boa parte da infância e adolescência aos treinos. A árdua preparação dentro e fora das piscinas deu glórias à nadadora, mas impediu que a torcedora pudesse acompanhar mais de perto as partidas do Sport no Campeonato Pernambucano ou em torneios nacionais como a Série A, Série B e Copa do Brasil.

- Não lembro do primeiro jogo a que assisti, pois era muito pequena. Fiquei muitos anos sem ir (à Ilha do Retiro) por conta dos treinos. Quando o Sport estava passando por uma época difícil em 2005, senti que era hora de voltar a apoiar o clube e fazer minha parte. Daí voltei a ser mais presente.
Joanna Maranhão - Sport (Foto: Divulgação/Arquivo pessoal)Nem a neve esfria o amor de Joanna Maranhão pelo Sport (Foto: Divulgação/Arquivo pessoal)
Emoção mesmo a distância

E foi justamente a rotina de atleta que impediu Joanna Maranhão de assistir in loco a um dos "jogos inesquecíveis" do Sport. Em 2008, durante a campanha do Leão na Copa do Brasil, a nadadora estava no Recife, mas no dia da final do torneio contra o Corinthians (veja vídeo abaixo), adversário deste domingo pelo Brasileirão, a distância de um oceano separava a nadadora dos 34.885 torcedores que compareceram à Ilha do Retiro.
 - Enquanto eu estava no Recife não consegui ir ao campo porque eu ficava tão nervosa que não dormia. Assim, ficava impossível acordar no outro dia e ir treinar cedo (risos). No dia da final (data) eu estava em Barcelona. A internet era muito lenta e foi uma tortura acompanhar o jogo. Era madrugada e eu fiquei acordada. Quando acabou o jogo eu chorei, achei a coisa mais linda do mundo, pois foi uma campanha inesquecível.

A campanha a que Joanna se refere envolveu dois empates, três derrotas e sete vitórias. O Sport começou o torneio empatando com o Imperatriz-MA por 2 a 2, no Maranhão. No jogo da volta, na Ilha do Retiro, venceu por 4 a 1. Esse placar ainda se repetiria diante do Brasiliense e do Palmeiras. Antes de chegar à final, contra o Corinthians, o Rubro-Negro passou pelo Internacional e pelo Vasco. No primeiro jogo da final, no dia 4 de junho, o Sport saiu derrotado do Morumbi por 3 a 1. No jogo da volta, no entanto, bateu o Timão por 2 a 0 na Ilha do Retiro para a alegria da pernambucana, que, a distância, acompanhava tudo.

Além do título da Copa do Brasil, Joanna Maranhão também cataloga na lista de inesquecível a partida que deu ao Sport o título de campeão pernambucano de 2007. Naquele ano, o Estadual foi disputado em dois turnos. Como o Leão venceu os dois, acabou conquistando o torneio sem a necessidade de uma final. O jogo que confirmou o título ocorreu na Ilha do Retiro diante do Náutico. O Rubro-Negro venceu o Timbu com gols de Weldon (aos 36 minutos do primeiro tempo) e Luciano Henrique (aos 19 minutos da etapa final). O campeonato ainda teria mais duas rodadas que apenas serviram para confirmar o vice-campeonato do Central.
 - Lembro de ter ido à final do Pernambucano de 2007 (veja vídeo ao lado) com meu irmão e minha mãe, que, apesar de ser rubro-negra doente, não ia a campo há muitos anos. Foi muito especial. Lembro da emoção de ver o time campeão. Na volta para casa, estávamos rindo das fotos que tiramos em campo. Foi muito legal.

Mesmo envolvida na preparação para a prova dos 400m medley nas Olimpíadas de Londres, Joanna Maranhão seguiu acompanhando o Sport no Brasileirão, mas confessa que sabe menos do que gostaria.

- É difícil para acompanhar os jogos do Sport não só pelos treinos. Isso porque a imprensa mineira e a carioca não falam muito do esporte do Nordeste de um modo geral. Estou sempre acompanhando pela imprensa de Pernambuco e perguntando ao meu irmão mais novo como as coisas estão indo, mas não é a mesma coisa. Sinto falta. Futebol, pra mim, só jogo do Sport. Não gosto nem de ver jogo da Seleção - falou a nadadora, que se divide entre Belo Horizonte, onde mora, e o Rio de Janeiro, onde treina.

A paixão de Joanna Maranhão pelo Sport fica apenas nas arquibancadas ou naquela imagem-padrão do torcedor que segue os passos do time com o ouvido colado no rádio ou os olhos vidrados na TV, internet ou jornal. Ela garante que nunca pensou em trocar as piscinas para jogar futebol feminino e defender as cores do Leão em campo.

- Sou ruim para todo e qualquer esporte fora da piscina. Não tenho consciência corporal, sou um desastre - confessou, com bom humor.
Joanna Maranhão - Sport (Foto: Divulgação/Arquivo pessoal)Joanna Maranhão lamenta não poder comparecer à Ilha do Retiro com frequência (Foto: Divulgação/Arquivo pessoal)

SPORT 2 X 0 CORITINHIANS
Magrão, Diogo, Igor, Durval e Dutra; Daniel Paulista, Sandro Goiano, Kássio (Enílton) e Luciano Henrique (Everton); Carlinhos Bala e Leandro Machado (Roger) Felipe, Carlos Alberto (Lulinha), Chicão, William e André Santos; Fabinho, Eduardo Ramos, Alessandro e Diogo Rincón (Acosta); Dentinho (Wellington Saci) e Herrera
Técnicno: Nelsinho Baptista Técnico: Mano Menezes
Gols: Carlinhos Bala, aos 34, e Luciano Henrique, aos 37 minutos do primeiro tempo
Cartões amarelos: Durval e Enílton (Sport); Herrera (Corinthians).
Cartões vermelhos: Wellington Saci e William (Corinthians)
Data: 11/06/2008. Local: Ilha do Retiro, Recife. Competição: Copa do Brasil 2008.
Árbitro: Alício Pena Júnior. Público: 34.885 pagantes

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