sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Renato Gaúcho dá dicas aos boleiros e diz: 'É fácil dar desculpa para erros'

Na estreia da série 'Divã de Boleiro', treinador faz alerta aos atletas, pede cuidado com a escolha das esposas e brinca que todo jogador é 'bonito'

Por Cintia Barlem Rio de Janeiro
divã boleiro (Foto: Editoria de Arte/Globoesporte.com)
Gaúcho. Ídolo do Grêmio. Com passagens por Flamengo, Botafogo, Galo, Cruzeiro e Fluminense. A ligação com o Rio de Janeiro aguçou a paixão pelas praias cariocas, principalmente por Ipanema, bairro onde decidiu passar a vida após pendurar as chuteiras. Porém, o bate-papo com Renato Gaúcho, na estreia da série “Divã de Boleiro”, não é sobre a Cidade Maravilhosa, mas sim sobre o estilo dos jogadores brasileiros. Festas, falsas amizades que cercam os profissionais, elementos que podem acabar com uma carreira promissora. Tudo que o treinador já viveu ou presenciou na carreira.
- É muito comum. Eu não vou citar nomes, mas nós tivemos um caso agora em um time grande do Rio de Janeiro que teve várias chances. Depois, lá na frente, ele não vai assumir a culpa. Vai achar que o treinador sacaneou, que o diretor mandou ele embora, que os companheiros sacanearam. Ele, que eu digo, é o jogador que tem potencial e não vinga. Depois, lá na frente, é muito fácil ele arrumar uma desculpa – diz Renato.
Nos tempos de jogador, Renato Gaúcho não escondia de ninguém que gostava de sair à noite, de se vangloriar das conquistas amorosas e esbanjar irreverência ao comentar tais atitudes em rodas de amigos ou até mesmo entre jornalistas. Os tempos mudaram. O glamour de antes muitas vezes tem se tornado o problema de hoje. E o treinador, atualmente sem clube, sabe muito bem que suas dicas podem ser importantes para um ou outro jogador que esteja interessado em ouvir os prós e contras da vida desregrada.
- Eu fazia, mas fazia no dia certo. No dia que tinha que descansar eu ia descansar. Mesmo fazendo, no dia seguinte eu era um dos primeiros a chegar e um dos últimos a ir embora. Treinava que nem um cavalo. Chegava na hora do jogo e decidia.
As tentações são variadas na vida de um profissional da bola, mas é preciso saber o limite. Segundo Renato, o jogador não deve satisfação da sua vida do muro para fora do clube. Já conviveu com jogadores problemáticos. No Vasco, Valdiran foi o maior exemplo disso. O treinador até tentou consertar o comandado, que tinha uma carreira promissora pela frente, mas não viu interesse. Bebidas, mulheres...
Renato Gaúcho entrevista Boleirama (Foto: Cíntia Barlem / Globoesporte.com)Renato Gaúcho não poupa atitudes de algumas mulheres com a boleirada (Foto: Cíntia Barlem)
Boleiros também têm cabeça feita
 Mas não apenas as baladas que mexem com a vida dos boleiros. O estilo de se vestir, de entrar em campo, de pentear o cabelo. Do moicano à cabeça raspada. Da fitinha para segurar as madeixas ao escudo “talhado” no corte espalhafatoso. Tem de tudo no futebol. Renato Gaúcho lançou moda (veja alguns estilos do treinador nos tempos de atleta no vídeo ao lado).
- O que o jogador não pode botar na cabeça é achar que tem que entrar bonito em campo e esquecer de jogar. No momento em que o atleta está muito mais preocupado com a aparência do que jogar está no lugar errado. Não precisa ser bonito. Ele já sendo jogador de futebol... Joga em um time pequeno e vai passear no shopping. Faz a mesma coisa jogando em um time grande e vê a diferença. As tentações são muitas, mas ele (jogador) não pode se iludir – disse.
E é a partir daí que a carreira pode degringolar. Na opinião de Renato, as amizades devem ser selecionadas. A escolha errada, segundo o treinador, é o que dá o tom do que pode acontecer na vida de um jogador.
Falo pra eles: usem camisinha. Cuidado para  não engravidar uma mulher"
Renato Gaúcho
Mas como evitar que um garoto não caia nas tentações da vida fora das quatro linhas? Com mais de 15 anos de carreira como atleta profissional, Renato Gaúcho pode falar de camarote sobre os problemas que um jogador pode enfrentar. Na ponta da língua, o treinador finalizou o bate-papo com uma lista de recomendações para quem não quer deixar de curtir a vida e garantir um bom pé de meia quando pendurar as chuteiras.
- Não há como falar pra um garoto que está começando não transar. Ele vai transar. Só o que eu falo pra eles: usem camisinha. Cuidado para você não engravidar uma mulher. Se não antes mesmo de você começar sua profissão já está com filho. E hoje em dia - não são todas, é claro - há muitas mulheres que estão ali como barriga de aluguel, principalmente se tratando de jogador de futebol.
Confira abaixo as sete dicas do manual "boleiro" de Renato Gaúcho:
1) Você deve tomar cuidado com quem você anda;
2) Transe, mas usem camisinha;
3) Cuidado para você não engravidar uma mulher. Se não antes mesmo de você começar sua profissão já está com filho;
4) Na hora que levar uma mulher para casa, o jogador precisa escolher bem. Será a pessoa que ele vai casar, ter filhos. Não pode ser qualquer uma;
5) A escolha da mulher errada pode afetar o rendimento em campo. Cuidado;
6) Falar o português correto em entrevista e não dar respostas vagas. Torcedor gosta de opinião. Conselho: estudar a língua;
7) Paciência em campo. Contar até dez quando provocado (nos tempos de jogador, segundo Renato, sua contagem pessoal era até três. Resultado: muitos cartões);

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