sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Achei! Glauber torce da Romênia por Verdão contra queda: 'Não está fácil'

Zagueiro que defendeu o Palmeiras na Série B está no Rapid Bucareste após passagens por Nuremberg e Manchester City

Por Felipe Zito São Paulo
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Glauber Rapid (Foto: Getty Images)Zagueiro Glauber em campo pelo Rapid Bucareste,
da Romênia (Foto: Getty Images)
Já se passaram sete anos desde sua última partida com a camisa do Palmeiras. De lá para cá, o jogador acumulou passagens por Alemanha e Inglaterra - e hoje está na Romênia. Porém, o difícil momento vivido pelo clube paulista no Campeonato Brasileiro faz com que o zagueiro Glauber, de 29 anos, não tire a cabeça do país. A identificação com o Verdão tem um motivo muito especial. Revelado pelo clube, foi defendendo o Alviverde que o atleta teve passagens pelas seleções de base e até a principal. E sua estreia como profissional aconteceu em um dos momentos mais delicados da história do clube: a Série B de 2003.
Apesar de acumular boas lembranças daquele ano, ao lado do amigo Vagner Love, Glauber está na torcida direto de Bucareste, onde atualmente defende as cores do Rapid Bucareste, para que o torcedor palmeirense não tenha de enfrentar novamente esse difícil obstáculo.
– A situação está complicada, mas, como bom palmeirense, ainda tenho esperança na permanência na primeira divisão. Mas não está fácil – disse.
Glauber no Palmeiras em 2005 contra o Cerro Porteño (Foto: AFP)Glauber no Palmeiras em 2005, em um duelo internacional contra o Cerro Porteño (Foto: AFP)
Em caso de queda, Glauber acredita que o clube passará por um período difícil, mas nada que possa afastá-lo do Verdão. Muito pelo contrário. Se Gilson Kleina solicitar, o zagueiro garante que seria o primeiro a se apresentar para a disputa da Série B no ano que vem.
– Foi na Série B que comecei minha carreira e encararia com muita honra. O Palmeiras é muito grande, e, se fosse necessário, seria um orgulho lutar novamente para colocar o time no lugar onde merece estar. Saí (do Palmeiras) pensando em crescer e voltar. O clube tem muita coisa para ser acertada, mas as coisas positivas se sobressaem.
Glauber seleção brasileira Romário (Foto: Arquivo Pessoal)Glauber guarda com carinho foto da despedida de
Romário da Seleção (Foto: Arquivo Pessoal)
Experiência na seleção brasileira
Sempre apontado como uma das grandes promessas do Palmeiras no começo dos anos 2000, Glauber foi nome constante nas convocações para as seleções de base. Nas divisões inferiores, pelo Palmeiras, foi campeão da Taça Belo Horizonte e do Paulistão Sub-20, em 2002, e só não disputou a Copa São Paulo de Juniores de 2003 - torneio em que o Verdão foi vice-campeão - porque estava ao lado de Diego Cavalieri na disputa do Sul-Americano da categoria, quando também terminou na segunda colocação.
E como o sonho de todo jogador profissional é disputar uma partida com a camisa da seleção principal, o zagueiro conseguiu atingir esse feito em grande estilo. Foi no dia 27 de abril de 2005, no Pacaembu, que Glauber entrou em campo vestindo a camisa amarela sob o comando de Parreira no amistoso contra a Guatemala, que marcou a despedida oficial de Romário do time nacional.
A emoção de você estar ao lado dos seus ídolos na Seleção principal é indescritível"
Glauber
Daquele confronto, o contato com grandes personagens da história do futebol brasileiro jamais sairá da memória do jogador, que faz questão de recordar com orgulho como foi sua convivência com duas grandes lendas do esporte nacional: Romário e Zagallo, coordenador técnico na época.
– Eu já tinha defendido a camisa da seleção sub-20 diversas vezes, e isso cria uma identificação. Mas a emoção de você estar ao lado dos seus ídolos na seleção principal é indescritível.
Glauber contou como foi seu encontro com o Baixinho e o Velho Lobo, que ainda brincou com a velha superstição que o acompanha.
– Engraçado que no dia do jogo eu desci para tomar café... e quem estava sozinho na mesa? O Romário. Eu, novinho, olhei para a mesa e pensei: "Vou ter de sentar com o homem." Mas ele logo percebeu meu nervosismo e começou a brincar para me deixar à vontade. Acabou o café, voltando para o quarto... quem estava esperando o elevador? O Zagallo. Entrei quietinho, apertei o 11 e ele o 15. Aí ele virou para mim e falou: "Olha quem ficou no meio, o 13." São histórias que levamos para a vida toda. Tive contato com duas das maiores estrelas da Seleção.
Glauber e Klose (Foto: Getty Images)Glauber e Pinola tentam parar o alemão Klose
em jogo pela Bundesliga (Foto: Getty Images)
Vida na Europa
A carreira de Glauber no futebol europeu teve início em 2005, quando o jogador acertou transferência para o Nuremberg, da Alemanha. Do país, além do título da Copa da Alemanha de 2007 e a marca da defesa menos vazada da Bundesliga no mesmo ano, o jogador guarda na memória o contato com duas pessoas em especial: o argentino Javier Pinola e o técnico Hanz Meyer.
Enquanto o treinador obrigava o brasileiro a fazer aulas particulares para aprender o complicado idioma alemão, o companheiro usava a malandragem sul-americana para driblar a forte marcação do comandante.
– O treinador ficava muito bravo se não fôssemos para a aula. Por isso, eu me aproximei de um argentino, que depois se tornou um grande amigo meu. Ele tentava traduzir e não saía nada, mas queria mostrar para o técnico que sabia o alemão. Ele traduzia tudo errado, a gente fingia que entendia e ia para o jogo – recordou.
Glauber Nuremberg (Foto: Arquivo Pessoal)Glauber com o troféu da Copa da Alemanha,
vencido pelo Nuremberg (Foto: Arquivo Pessoal)
Depois de uma passagem vitoriosa pela Alemanha, que durou dois anos e meio, um salto importante na carreira: o Manchester City. Mas o que era para ser um sonho acabou virando obstáculo. Na mesma época, no meio de 2008, o milionário sheik Mansour bin Zayed Al-Nahyan assumiu o clube com a intenção de fazer do time uma das potências do futebol mundial. Para Glauber, o resultado disso foi uma grande concorrência e uma temporada sem atuar pelo time principal.
– Foi um ano em que o clube estava em transição, se transformando. Com a chegada do sheik, muitos jogadores foram contratados, principalmente zagueiros. Mas a convivência com os brasileiros (Jô, Elano e Robinho) foi excelente – contou.
De saída de Manchester, o jogador recebeu uma proposta do Catar. Como a intenção era permanecer na Europa, recusou a oferta, o que significou um período incômodo longe dos gramados. Sem espaço fora, retornou ao Brasil para disputar o Paulistão de 2010 pelo São Caetano.
Glauber Caicedo Jô e Kompany Manchester City (Foto: Arquivo Pessoal)Na época do City, Glauber, de chapéu, com os companheiros Jô, Caicedo e Kompany (Foto: Arquivo Pessoal)
Apesar da volta para São Paulo, Glauber não pensou duas vezes quando apareceu a oportunidade de recomeçar sua trajetória no futebol europeu, desta vez para defender o Rapid Bucareste. Mesmo não se tratando de um dos principais centros, a chance de disputar grandes campeonatos no continente falou mais alto.
 – O futebol aqui é um nível abaixo das grandes potências. Mas a Romênia é um país que entrou há pouco tempo na União Europeia e por isso está em desenvolvimento. Bucareste é uma cidade muito aconchegante.
Apesar do fanatismo dos romenos pelo futebol brasileiro - também pela nossa música -, Glauber já vê sua aventura pela Europa perto do fim. Com contrato até junho de 2013 com o Rapid, o jogador pensa em retornar ao futebol brasileiro.
– Esta é minha terceira e última temporada aqui. Em junho, vou completar seis anos e meio de Europa. Quero voltar para o Brasil – sentenciou.
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Glauber Rapid Bucareste (Foto: Arquivo Pessoal)Glauber com os companheiros de Rapid Bucareste na pré-temporada em Brasov (Foto: Arquivo Pessoal)

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