Massa se declara à torcida: 'Amor por mim é grande, o meu por eles é maior'
De casamento reatado com torcedor brasileiro após recuperação, piloto diz entender críticas durante fase díficil: 'Há horas que eles têm o direito de falar'
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De lá para cá, muita coisa aconteceu. O acidente em 2009, a necessidade de readaptação de 2010 e o jejum de pódios de 2011. No início deste ano, Massa voltou a enfrentar dificuldades. Nas primeiras 11 etapas do campeonato, não teve bons resultados e foi alvo de duras, pesadas e – em alguns casos, desleais – críticas. Boa parte dos torcedores que vibraram com a quase conquista do título em Interlagos, 2008, haviam se virado contra ele. “Era porrada de todos os lados”, o próprio piloto disse neste fim de semana.
Mas após as férias de agosto da categoria, veio a redenção. Felipe andou forte, no ritmo do companheiro de Ferrari, Fernando Alonso e foi o quarto maior pontuador nas últimas nove etapas do ano. A coroação veio com a boa exibição neste domingo, diante da torcida brasileira, no mesmo circuito de Interlagos. No pódio, não conteve as lágrimas. Perguntado se ficou chateado com as críticas que recebeu, Massa diz que as compreendeu. De casamento reatado com a torcida, o piloto abriu o coração:
- Torcida é torcida. Tem o momento em que eles têm o direito de falar, de criticar, quando eu deveria ser criticado, sem dúvida. Só que é torcida. Brasil gosta de ver brasileiro. É paixão. Na verdade, o resultado é o que interessa. Quando você tem o resultado, tudo muda rápido. Eu tenho certeza que o amor que eles tem por mim é grande, e o amor que eu tenho por eles é maior ainda – declarou-se.
Felipe Massa no pódio do GP do Brasil, em Interlagos (Foto: Getty Images)
Massa terminou a temporada em sétimo. Dos 122 pontos que marcou, 97
foram nas últimas nove das 20 etapas, o que equivale a 79%. Ele credita a
reação a uma melhor compreensão do carro da Ferrari e também à
recuperação da confiança, abalada pela fase difícil e pelas críticas.- Acho que eu entendi um pouco mais o carro, muitas coisas em volta, acerto, em geral. Isso foi o primeiro passo. O segundo foi tirar aquele problema que eu estava, de muita gente batendo na minha cabeça. Acabei colocando isso de lado, ou vai ou racha, se for, foi, se não for, também está bom. A partir do momento que comecei a pensar assim na hora de entrar no carro, passei a fazer aquilo da maneira que eu mais sei e o resultado foi aparecendo. Foi uma virada muito, também, do lado psicológico.
Felipe Massa acena para torcida após primeira vitória no Brasil, em 2006 (Foto: Getty Images)
Não foi só do Brasil que vieram as “pancadas”. Massa precisou aguentar a
pressão da imprensa italiana. Os jornais da terra da Ferrari foram
duros com o brasileiro. Chegaram a estimular a saída do piloto da equipe
e não cansou de especular nomes para substituí-lo, como Mark Webber,
Jenson Button, Sergio Pérez, Nico Hulkenberg, Paul di Resta, Heikki
Kovalainen e até Michael Schumacher. Mas Felipe renovou com o time de
Maranello e, em 2013, disputará sua oitava temporada com o macacão
vermelho. Com o desempenho na parte final, o piloto fecha o ano em alta
também com a mídia da Itália.- A gente conhece muito bem a imprensa italiana. Gosta muito de falar, mas muda de opinião rápido. Já demonstraram que a opinião deles mudou, e vou ter um pouco mais de força e de valor quando começar 2013. Espero estar neste caminho forte e competitivo com o qual nós términos 2012.
Torcida confortou Massa em 2008 após a vitória que não foi suficiente para tirar título de Hamilton (Foto: AFP)
No GP do Brasil deste domingo, Massa começou com uma largada agressiva,
saltando de quinto para segundo após o “S do Senna”. Em seguida, foi
cirúrgico ao segurar a RBR de Mark Webber para deixar Alonso, que
disputava o título com Vettel, passar. Na sequência, arriscou ficar com
pneus de pista seca no asfalto úmido e acabou sendo engolido,
despencando para 13º. Quando finalemnte foi para os pits colocar os
compostos intermediários, a chuva diminuiu e precisou retornar aos
boxes. Mesmo assim, superou a falta de sorte com uma recuperação
sensacional. Ultrapassou diversos carros e recebeu a bandeirada em
terceiro. Foi seu segundo pódio no ano - o primeiro havia sido no GP do
Japão. Após a prova, não conteve as lágrimas. O choro copioso foi até o
pódio. Não era pela terceiro lugar. Era por tudo que havia superado nos
últimos anos.- A emoção não foi de subir no pódio no Brasil, até porque eu subi em primeiro duas vezes, em segundo uma outra vez. Não foi essa a sensação. Foi de estar virando tudo aquilo que vinha acontecendo comigo, o problema que eu tive até o meio do ano, a virada, guiar do jeito que eu sei. Depois de tudo aquilo que passei, a hora que eu encontrei todas as pessoas que torcem por mim - minha família, minha mulher, meus amigos e a torcida brasileira - aí eu não consegui segurar e realmente desabei. Não foi só no pódio que eu chorei foi quando saí do carro e encontrei todas essas pessoas, a arquibancada. Quando vi isso desabei, não conseguia parar de chorar. Nunca tinha acontecido isso na minha vida – explicou.
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