Contrato de Ayrton com Lotus revela salário, status de 1º piloto e proibições
Documento mostra curiosidades de vínculo de Senna com time em 87, como uso de paraíso fiscal e não permissão da prática de esqui, asa delta e moto
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Senna na Austrália, em 1987 (Foto: Getty Images)
A íntegra do último contrato de Ayrton Senna com a Lotus
foi publicada na internet, pelo site Legacy Tobacco Documents Library,
um arquivo virtual de documentos relacionados à indústria de cigarros,
mantido pela Universidade da Califórnia. Na época, a escuderia britânica
foi patrocinada pela Camel, da empresa JR Reynolds. O documento foi
descoberto pelo jornalista Fábio Seixas, por indicação de um leitor, em
seu blog no site do jornal "Folha de S.Paulo". Nas 18 páginas, há
diversas curiosidades, como por exemplo, salários de 1,5 milhões de
dólares (cerca de R$ 3,5 milhões) mais premiações, proibições da prática
de esportes radicais e status de primeiro piloto.
Contrato da Lotus com Senna (Foto: Reprodução/Legacy Tobacco Documents Library)
O contrato, datado em 1º de janeiro de 1987 era válido até o fim
daquele ano, com opção de renovação para 1988. Na ocasião, futuro
tricampeão ia para sua quarta temporada na F-1, a terceira pela Lotus e
já era visto na categoria como um potencial campeão, após dois ótimos
anos no time britânico, com direito a quatro vitórias. Havia uma
cláusula que permitia a rescisão do vínculo por ambas as partes sem
pagamento de multa, com a data limite de 8 de agosto de 1987. Senna a
usou para acertar com a McLaren, equipe pela qual ganhou seus três
títulos, em 88, 90 e 91.
Ayrton
Senna defendeu a Lotus de 1985 a 1987. No último ano do vínculo, a
equipe foi patrocinada pela empresa de cigarros Camel e ficou marcada
pela chamativa cor amarela (Foto: Getty Images)
Salários e bonificaçõesPelo acordo, Senna teve direito a um salário de US$ 1,5 milhão pela temporada de 1987. Havia também um bônus de 4 mil dólares por cada ponto, o que rendeu mais US$ 228 mil ao brasileiro pelos 57 anotados. Além disso, em caso de título ele ganharia mais US$ 250 mil. Para 88, o brasileiro receberia um aumento para US$ 1,65 milhão anuais, e US$ 5 mil por ponto. Valores bem abaixo aos pagos hoje em dia pelos principais pilotos. Fernando Alonso e Lewis Hamilton, maiores salários atuais, recebem 25 milhões anuais, e Felipe Massa, 7,7 milhões.
Contrato: remuneração (Foto: Reprodução/Legacy Tobacco Documents Library)
Status de primeiro pilotoUma das cláusulas dava a Ayrton o status de primeiro piloto da equipe. No documento está escrito que “durante 1987 e 1988, o status do piloto será o de número 1 e o piloto vai receber a correspondente prioridade (se aplicável) na alocação de equipamentos durante 1987 e 1988″. Seu companheiro, na época, era o japonês Satoru Nakajima.
Contrato: status de primeiro piloto (Foto: Reprodução/ Legacy Tobacco Documents Library)
Proibição da prática de esportes radicaisO contrato dava regalias, mas também impunha exigências. Dentre elas, estava a proibição da prática de três modalidades específicas de esportes de risco: motociclismo, esqui e voo de asa delta. As premiações recebidas nas corridas eram divididas em 45% para o piloto, 45% para a equipe e os outros 10% para os mecânicos. Além disso, os troféus conquistados eram divididos igualmente entre Senna e Lotus, com prioridade de escolha da escuderia.
A Lotus também possuía o direito de explorar “o nome e a fama” de Senna e exigia sua presença em eventos de patrocinadores. Por outro lado, o brasileiro podia estampar seus patrocínios pessoais no macacão e no capacete. No entanto, o boné do extinto banco Nacional, que acompanhou toda a carreira do piloto, foi proibido. Senna só poderia usar bonés com marcas indicadas pela empresa e, nos pódios, com a logo de uma fornecedora de pneus.
Paraísos fiscais para isenção de impostos
As partes envolvidas no vínculo são a “Team Lotus International Limited” e a “Ayrton Senna da Silva Promotions”, empresa criada pelo piloto com sede nas Bahamas, paraíso fiscal. No contrato, a Lotus exigia também que Ayrton se comprometesse a se mudar da Inglaterra, para isenção de impostos. Na ocasião, Senna foi morar em Mônaco. Ayrton não assina o documento, nem a carta que confirma conhecimento dos detalhes, sendo representado por um advogado, seu procurador.
Ayrton Senna guiando sua Lotus em Mônaco, onde foi morar após acertar contrato (Foto: Getty Images)
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