terça-feira, 24 de setembro de 2013

Buchecha elogia jiu-jítsu de Velásquez: 'Tem condições de finalizar o Cigano'

Atual número 1 do mundo na arte suave, paulista vem treinando com o atual campeão dos pesados do UFC. Ele planeja transição para o MMA aos poucos

Por Rio de Janeiro
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Marcus Buchecha e Daniel Cormier (Foto: Reprodução / Twitter)Marcus Buchecha e Daniel Cormier em um dos
treinos na academia AKA (Foto: Reprodução/Twitter)
Bicampeão mundial em sua categoria (acima de 100kg) e também no absoluto, Marcus Buchecha é atualmente a principal estrela do jiu-jítsu. Apesar do sucesso na arte suave, ele ainda não participou da principal competição de luta agarrada do planeta, o ADCC, mas vai fazer sua estreia neste ano. Pensando em aprimorar o wrestling, Buchecha aceitou um convite para treinar nos Estados Unidos na AKA, academia de feras do UFC como Daniel Cormier, Luke Rockhold, Josh Thomson e... Cain Velásquez. O planejamento deu certo. O brasileiro vem melhorando a parte de quedas de seu jogo e, em compensação, está ajudando os americanos com o seu refinando jiu-jítsu.
Cain Velásquez terá pela frente Junior Cigano no próximo dia 19, em Houston, no UFC 166. Ambos se enfrentaram duas vezes: uma vitória por nocaute do brasileiro e uma do americano por pontos. O Combate.com perguntou a Buchecha se haveria a possibilidade de um terceiro desfecho diferente para esta trilogia, ou seja, uma finalização. A resposta foi um "sim" de quem vem acompanhando de perto o trabalho do americano.
- Sendo bem sincero, pelo que treinei com ele, acho que tem condições sim. O Velásquez vai surpreender muita gente com o jiu-jítsu dele - disse o faixa-preta.
Buchecha viaja no dia 11 para a China, onde vai disputar o ADCC nos dias 19 e 20 de outubro. Ele contou que vinha treinando uma semana na cidade americana onde mora, Huntington Beach, e uma semana em San Jose, sede da AKA. Na última delas, deu uma pausa no trabalho para um bate-papo com o Combate.com. Confira como foi:
COMBATE.COM: Nas últimas semanas, muitas fotos de você treinando com Cain Velásquez e Daniel Cormier apareceram nas redes sociais. Como foi o convite para passar esse período na academia?
MARCUS BUCHECHA: O Leandrinho Vieira, um dos fundadores da (equipe) Checkmat é o técnico de jiu-jítsu lá da AKA em San Jose, está com esses caras faz um tempo. E ele sempre me chamou para ir lá treinar e tal. Mas eu sempre ocupado... Agora com o ADCC, que é sem quimono, os caras me convidaram para ir lá. Eu também estava interessado por causa do wrestling. E o Daniel Cormier e o Velásquez são do meu peso, então seria um treino muito bom para mim. Fui a primeira vez, esperava um bom treino, mas foi tudo muito melhor do que eu esperava. Os caras são muito bons, o gás deles é incrível. Nunca cansam, estão sempre me puxando, e é difícil ter um cara do meu peso me puxando assim. Geralmente é alguém mais leve, mas cara do meu peso me puxando assim eu nunca tinha sentido. Então, os caras são muito bons para o meu treino.
Josh Thomson, Leozinho Vieira, Luke Rockhold, Marcus Buchecha e Cain Velásquez (Foto: Reprodução / Twitter)Thomson (1º), Leozinho (3º), Rockhold (4º), Buchecha (5º) e Velásquez (6º) na AKA (Foto: Reprodução / Twitter)
Você disse que tem aprendido muito com eles, mas eles com certeza também têm aprendido muito com você. Como tem sido o treino com o Velásquez? Há uma ajuda específica para a luta contra o Cigano?
Como eles estão me ajudando para o ADCC, tento ajudá-los para as lutas deles, né? No caso deles, é algo mais específico, pois eles já sabem que serão seus adversários. Então, tento ver ali quais são os pontos fortes dos caras no chão, ajudar, fazer alguma coisa sempre. Porque lá é todo mundo gente fina, é um clima muito família. É um ajudando o outro, a galera não tem ego. Nos treinos, os caras me corrigem muito no wrestling. Então, eu com certeza também estou retribuindo no máximo que posso ajudá-los no chão.  Outros caras ali que são mais leves que os pesos-pesados, o Luke Rockhold e o Josh Thomson, são muito bons de chão, faixas-pretas também. Eu também aprendo bastante, não só wrestling, mas tenho coisa a aprender na área de jiu-jítsu com eles. Enfim, está sendo muito bom para mim esse tempo que estou lá.
Marcus Buchecha e Ronda Rousey (Foto: Reprodução / Facebook)Fazendo contatos no MMA: Buchecha posa ao lado
de Ronda Rousey (Foto: Reprodução / Facebook)
E pelo que você viu, os lutadores com quem você treinou têm nível de faixa-preta de jiu-jítsu?
O Cain é faixa-marrom, o Luke Rockhold é faixa-preta, é bem duro. O Josh Thomson também é faixa-preta. Os caras são realmente muito duros, com certeza têm nível de faixa-preta. O Daniel Cormier também é duro. Não treina muito de quimono, mas tem um nível também bem graduado. Não sei na verdade qual é a faixa dele, mas também é um cara bem duro.
Falando no Cormier, ele postou uma foto sua malhando duro e fez graça ao dizer que não seria nada bom para o mundo do jiu-jítsu você treinar na AKA, dando a entender que você vai ficar mais forte ainda. Está fazendo um trabalho específico e diferente com eles?
Na verdade, eu já faço um trabalho de preparação física com o meu preparador físico, o Tony Gonzalez, que vem me ajudando desde a luta contra o Roger Gracie no Metamoris. Lutei 20 minutos lá e me senti bem no gás. Gostei e continuei fazendo. E o treino que eu estava fazendo lá na AKA era bem parecido com o que o Tony me passa. Aprendi algumas coisas diferentes lá, mas estou com o Tony faz mais ou menos um ano.
Especificamente sobre a luta do Cigano com o Velásquez: você acha que se for para o chão, o americano tem condições de finalizar o brasileiro?
Sendo bem sincero, pelo que treinei com ele, acho que tem condições sim. O Velásquez vai surpreender muita gente com o jiu-jítsu dele. Ele tem melhorado muito o jiu-jítsu, e acho que vai surpreender porque ele está bem, treina muito lá. E acredito que a luta vai acabar indo para o chão, já que o Velásquez tem um nível muito bom de wrestling. Então, com certeza vamos ver a luta deles no chão também, onde o Cain tem um nível bem alto e pode acabar com uma finalização.
Wrestling e jiu-jítsu não salvam ninguém. Tem que saber boxe, e sei que leva tempo para isso. Por isso que não estou com muita pressa."
Marcus Buchecha, lutador de jiu-jítsu
Treinando com tanto lutador bom no MMA, vai aumentando sua vontade de estrear no esporte também?
Eu tenho vontade, mas acho que agora estou no meu melhor momento no jiu-jítsu. Estou novo ainda, com 23 anos, então vou continuar no jiu-jítsu por mais um tempo, continuar essa fase boa. Mas não tenho pretensão de ganhar títulos. Sempre tive a intenção de treinar e disputar campeonatos. Lógico que o objetivo é sempre ganhar, mas não vou colocar uma meta na minha cabeça, como, por exemplo, um número de campeonatos que quero ganhar, nem nada. Porque senão vou colocar uma cobrança muito grande em cima de mim. Mas vou continuar, claro, esperando manter a boa fase. É aquele ditado: em time que está ganhando não se mexe. Vou continuar com mesmo foco, com o mesmo treinamento, e vamos indo mais alguns anos aí. Para o MMA, especialmente treinando lá com os caras da AKA... Falta o mais importante, né? Que é a mão, a parte em pé. Wrestling e jiu-jítsu não salvam ninguém. Tem que saber boxe, e sei que leva tempo para isso. Por isso que não estou com muita pressa. Logo, logo... Não neste ano, nem ano que vem, mas estou querendo fazer uma experiência, ver como é que é. Só que o jiu-jítsu vai continuar sendo meu foco por mais alguns anos.
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Essa experiência a que você se refere seria uma luta amadora?
Na verdade, eu treino boxe sempre que posso. Já estou treinando para não ser uma novidade para mim quando eu começar (no MMA). Estou treinando, ganhando experiência, e, quando sentir que estou bem, eu já faço uma luta para ver como é que é. Se eu gostar mesmo, aí eu levo mais a sério. Esse é o pensamento, fazer uma luta como experiência mais para frente, não tem jeito melhor do que esse para aprender.
Marcus Buchecha  (Foto: Reprodução / Instagram) Buchecha pega pesado na malhação, e Cormier brinca: "Malhei hoje com Marcus Buchecha. Ele treinar na AKA não é bom para o mundo do jiu-jítsu, pois ele agora vai ficar no topo do mundo do jiu-jítsu como Zeus. Eles nunca o verão apenas como um grande campeão novamente. Eles vão gritar seu nome do topo da montanha a partir de agora: 'Buchecha! Buchecha'!" (Foto: Reprodução/ Instagram)
E o que acha que precisa acontecer para você "virar a chave" e chegar à conclusão que está na hora de ir para o MMA?
É difícil falar alguma coisa assim. Tem muito campeonato de jiu-jítsu que eu quero lutar. No mundial, acho que estou bem, tenho mais alguns anos para lutar. O ADCC eu nunca lutei... Então, vou focar nesses campeonatos. É difícil falar alguma coisa que vai me fazer ir logo para o MMA. Acho que esses treinos lá na AKA, aos poucos vou aprendendo, me sentindo cada vez mais à vontade. Mas não tem ainda um momento na minha cabeça para dizer: "Ah, é agora".

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