sábado, 2 de maio de 2015

A dez dias do Mundial no Rio, biólogo alerta para poluição no mar da Barra

Fotos aéreas tiradas por Mário Moscatelli nesta sexta mostram "despejos" escoando em direção ao pico da competição. Organização: "Nunca tivemos reclamação"

Por Thierry GozzerRio de Janeiro

ORGANIZAÇÃO: "NUNCA TIVEMOS RECLAMAÇÃO"

O Circuito Mundial de Surfe desembarca no Rio de Janeiro a partir do dia 11 de maio para a quarta etapa da temporada. E se São Conrado deixou de retornar ao torneio por conta da poluição em suas águas, a situação do Postinho, pico na praia da Barra da Tijuca, também preocupa. Quem garante é o biólogo Mário Moscatelli, que há mais de 20 anos trabalha na conservação e limpeza dos rios do estado e da Baía de Guanabara. Através das redes sociais, ele fez um alerta aos competidores e organizadores da etapa do Rio de Janeiro. Mário fez um sobrevoo sobre a região nesta sexta-feira, 1º, Dia do Trabalho. Nas fotos, é possível observar o palco da etapa do Mundial montado e uma considerável quantidade de "despejos de tudo" escoando do quebra-mar e indo em direção ao local de competição.

Praia da Barra, Postinho, Surfe, poluição (Foto: Moscatelli/Olho Verde)

Foto feita nesta sexta-feira mostra esgoto no mar e palco do Mundial ao fundo (Foto: Moscatelli/Olho Verde)

- Dia 01/05/2015. Despejo de tudo que se possa imaginar pelo quebra-mar, 9h30, maré 0.3, sem vento. Alerta-se aos organizadores do Campeonato Mundial de Surfe que se as condições de maré baixa e ventos de leste predominarem durante as provas, é isso daí que os atletas terão de suportar nas águas - disse Moscatelli nas redes sociais.

No ano passado, durante a etapa do Mundial no Rio de Janeiro, uma enorme mancha de óleo atrapalhou os surfistas em um dos dias. De acordo com Moscatelli, a janela da competição, com data até o dia 22 de maio, faz com que seja praticamente impossível que o problema não ocorra em ao menos um dos dias de disputa.

- Em 2014 o vento o vento que predominava ajudou a praia naquele momento. Essa situação não é a predominante nesse período. As condições variam, tudo depende da entrada de frente fria. Não tem como prever com tamanha antecedência, mas com 11 dias de evento em período de sizígia (quando preamar e baixa maré têm uma grande diferença em relação ao nível das águas), é praticamente certo que vai dar problema - disse Mário Moscatelli.

ORGANIZAÇÃO: "NUNCA TIVEMOS RECLAMAÇÃO"

Região do quebra-mar e palco ao fundo
(Foto: Moscatelli/Olho Verde)

Um dos organizadores da etapa do Rio de Janeiro, o ex-surfista profissional Teco Padaratz mostrou confiança. Velho frequentador do pico do Postinho, na Zona Oeste do Rio, ele lembrou que nunca teve problemas por lá, onde sempre surfou, e ressaltou que os surfistas nunca reclamaram do pico.

- Não tenho preocupação com a região do Postinho. Pode ser que lá, mais para dentro do Rio, exista algum problema. Mas frequento o Postinho há muito tempo, sempre surfei lá e nunca tive nenhum problema. Os surfista também nunca reclamaram do Postinho. Pelo contrário. A etapa do Rio é um exemplo nesse sentido. A participação do público é grande, os surfistas gostam da cidade, do clima, e sempre foi tudo muito bem - relatou Teco.

Também organizador da etapa brasileira, Xandi Fontes lembrou que uma cidade a beira mar como o Rio de Janeiro sempre enfrentará problemas assim, mas repetiu a fala de Teco, lembrando que nunca foi indagado sobre problemas por lá. Por fim, ele garantiu que caso problemas ocorram, eles serão levados em conta para o futuro.

- Preocupações como esta e sobre este tema sempre vão existir numa grande cidade a beira mar como o Rio de Janeiro... Este é o quinto ano de Postinho e nunca tivemos qualquer tipo de reclamação por parte dos surfistas competidores sobre a condição da água. Caso isso aconteça, podemos repensar a sede no Postinho também.