sexta-feira, 10 de julho de 2015

Cyborg alfineta: "Se Ronda quisesse fazer essa luta, ela bateria meu peso"

Em entrevista após Invicta FC 13, brasileira reforçou discurso de que rival está "fugindo" e afirmou que tem dificuldades com a balança mesmo na sua categoria atual

Por Direto de Las Vegas, EUA
Para Cris Cyborg, a luta tão esperada contra Ronda Rousey só depende da americana. A brasileira manteve o cinturão peso-pena do Invicta FC contra Faith Van Duin na madrugada da última quinta-feira, com nocaute avassalador em 45 segundos. E, se na entrevista pós-luta, ainda dentro do octógono, a lutadora alfinetou a campeã do UFC, em conversa com jornalistas ao fim do evento, ela explicou melhor por que acha que a adversária está fugindo:

- Se ela quisesse fazer essa luta acontecer, bateria 145lbs (65,8kg) e me enfrentaria. Ela era de 145 e correu para a categoria de baixo. Falava de mim toda hora e agora parou, porque eu voltei a lutar. Tentava usar meu erro para se levantar, e agora parou.
Cris Cyborg comemora vitória no Invicta FC 13 (Foto: Evelyn Rodrigues)Cris Cyborg comemora segunda defesa de cinturão com a equipe. Entre eles, o campeão peso-pesado do UFC Fabrício Werdum e o ex-detentor do cinturão meio-pesado do evento, o americano Tito Ortiz (Foto: Evelyn Rodrigues)
O imbróglio entre as duas campeãs é antigo. Ronda se recusa a descer de categoria, e Cyborg, que luta em divisão inexistente no UFC, ainda não se sente em condições de cortar tanto peso. Questionada se é capaz de trilhar o mesmo caminho da americana, que "obrigou" o Ultimate a dar espaço às pesos-galos na organização, a brasileira se disse aberta à possibilidade. Ao seu ver, suas conquistas não devem em nada às da rival.
- Tento dar meu melhor em todas as lutas, e se eles se interessarem por isso, seria ótimo. Tudo que a Ronda conquistou, eu já tinha conquistado. Estou há 10 anos na caminhada, fiz a luta da história com a Gina Carano, consegui o cinturão do Strikeforce. Tudo que ela ganhou, eu ganhei, mas agora estão dando mais atenção para o esporte. Gosto de ter sido uma pioneira. Me deixa triste que eu não tenha espaço no UFC, mas fico feliz no Invicta, que abriu as portas para mim.
Apesar das frequentes trocas de farpas, Cyborg deixou claro que não odeia Ronda. Ela vê a atitude da americana como uma estratégia de marketing, mas acha que as coisas passam do limite quando a família é envolvida nas provocações. A brasileira, no entanto, não veria problema em cumprimentá-la ao fim de um possível embate.
- Não odeio ela. É isso o que ela faz para vender luta. Não gosto do estilo dela, mas não a odeio. Depois da luta, dá até para falar com ela, dizer "oi"... Só que eu acho que falar de família é uma coisa ruim - disse.
Cris Cyborg Invicta FC 13 MMA pesagem (Foto: Evelyn Rodrigues)Cris Cyborg defendeu o cinturão peso-pena do Invicta pela 
segunda vez, contra Faith Van Duin (Foto: Evelyn Rodrigues)
A dificuldade de Cyborg em cortar peso se dá até mesmo em sua categoria atual. Ela afirma que, quanto mais curta a sequência entre lutas, mais leve e acostumada ao desafio fica. Desta vez, por exemplo, o processo foi mais suave que da última, e seu objetivo é, ao poucos, ter condições de perder ainda mais peso. O objetivo, claro, são os 61,2kg, limite da categoria de Ronda Rousey, peso-galo, a mais pesada para mulheres na organização.
A otimização na preparação se deve principalmente ao camp de treinos que programou nos últimos meses. A curitibana foi até o México se preparar com Fabricio Werdum, que treinava para encarar Cain Velásquez na ocasião. Na volta, continuou o ritmo forte com um ex-campeão do UFC, Tito Ortiz.
- Fui para o México porque seria bom ficar perto dele (Werdum), vendo sua determinação para lutar com Velásquez. Foi ótimo estar perto de pessoas tão determinadas. E o Tito é minha família, nós treinamos junto, ele me ensina wrestling três vezes por semana. Não é exatamente meu empresário, mas está sempre perto de mim nesses assuntos, me ajudando na carreira.
Ainda sobre corte de peso, a brasileira falou sobre a proibição, a partir de outubro, de reposição intravenosa por soro, que era comumente utilizada por atletas de MMA para reidratação nas horas entre pesagem e luta. 
- Nessa minha luta, eu consegui bater bem, mas acho que prejudica o atleta. Andei lendo sobre e a verdade é que, quando você luta desidratada, isso faz muito mal. E quando você parar de lutar, quem vai cuida de você? O esporte tem que ser saudável.
Com a vitória da última quinta, no Invicta FC 13, Cris Cyborg conseguiu sua segunda defesa de cinturão no Invicta. Ela é campeã desde 2013, luta MMA profissional desde 2005 e soma 14 vitórias, uma derrota e um "No Contest" na carreira. 

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