quinta-feira, 2 de julho de 2015

Redução da maioridade penal revolta nadadora: "Manobra criminosa"

Joanna Maranhão diz que não vai representar no Pan pessoas que apoiam Bolsonaro, Feliciano, Cunha e Malafaia: "Que saiam de si para tratar os verdadeiros problemas"

Por Rio de Janeiro
Frame Joanna Maranhão (Foto: Reprodução)Joanna Maranhão protesta contra decisão da Câmara dos Deputados (Foto: Reprodução)
A nadadora Joanna Maranhão publicou nesta quinta-feira um vídeo em seu perfil de rede social protestando contra a aprovação pela Câmara dos Vereadores da Proposta de Emenda à Constituição (PEC), que reduz a maioridade penal para crimes hediondos de 18 para 16 anos. Para virar lei, o texto precisa passar novamente pela casa e depois aprovado em dois turnos pelo Senado Federal. 

Do G1:Após manobra, Câmara aprova proposta para reduzir maioridade

Classificada para os Jogos Pan-Americanos de Toronto, no Canadá, a partir do dia 10 deste mês, Joanna disse que não vai representar brasileiros que apoiem políticos como os deputados Jair Bolsonaro, Marcos Feliciano e Eduardo Cunha, e o pastor Silas Malafaia. 
Assista ao vídeo de Joanna Maranhão

- Já é a segunda vez que amanheço e tomo conhecimento dessas manobras criminosas de Eduardo Cunha no Congresso (...). Vou para o Pan-Americano defender o meu país, mas não vou estar representando essas pessoas que batem palma para Feliciano, Bolsonaro, Eduardo Cunha, Malafaia... Não são vocês que eu estou representando. A torcida de vocês não faço questão nenhuma de ter. Eduardo Cunha, Daniel Coelho, do pessoal da bancada de Pernambuco que votou a favor (da redução da maioridade penal). É pelas outras pessoas. Que saiam de si e do próprio interesse para tratar os verdadeiros problemas. Eu vou fazer um novo vídeo daqui a uns 10, 15 anos para perguntar para vocês se a medida de hoje, da redução da maioridade penal, resolveu alguma coisa. Eu tenho certeza que não - disse Joanna.
Joanna Maranhão treino natação Londres  (Foto: Satiro Sodré / Agif)Joanna Maranhão: revolta com aprovação da redução da maioridade penal (Foto: Satiro Sodré / Agif)


Para a nadadora, não existe dado que a convença que a redução da maioridade penal vá resolver a violência, e que os presos serão negros e moradores de favelas. A pernambucana lembrou do caso de um dos adolescentes envolvido no assassinato do índio Galdino, em Brasília, em 2001, que havia virado policial civil (Nota da Redação: ele passou no concurso, mas sua contratação foi barrada pela instituição). Joanna também lamentou que atletas que pensem como ela sejam chamados de "hipócritas" e "esquerda caviar".

Abusada sexualmente por seu ex-treinador quando era criança, Joanna revelou o trauma em 2008 e criou a ONG Infância Livre, que combate o crime. Ela citou métodos que poderia tornar a sua ação mais "atrativa": 
Joanna Maranhã protesto (Foto: Reprodução Instagram)Joanna Maranhão, em protesto contra a falta de apoio ao esporte (Foto: Reprodução Instagram)
- Gostaria que nossos problemas fossem resolvidos na raiz. Criei uma ONG que acho que teria muita adesão se tivesse criado uma gangue pra espancar pedófilo. Porque aí as pessoas iam falar "ah, que legal, tem que espancar mesmo". Mas como eu montei uma ONG para se prevenir dos pedófilos e tratar dos próprios pedófilos, entender que tem outro caminho para erradicar esse problema, como a minha proposta demanda muito mais tempo, a adesão é pequena - disse.  

No meio da natação, Joanna é conhecida pelas críticas à Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA). Ela também publica em suas redes sociais protestos de teor político, contra políticos como Marcos Feliciano. Joanna chegou a se aposentar das piscinas em 2013, mas voltou no ano seguinte.


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