sexta-feira, 9 de outubro de 2015

E-mail de Ataíde reúne acusações de desvio de dinheiro contra Aidar

Ex-vice do São Paulo afirma ter provas contra presidente, Cinira Maturana, namorada do mandatário, e Douglas Schwarztmann, vice de marketing, e pede renúncia

Por São Paulo
Muricy Aidar Ataide (Foto: Rubens Chiri/saopaulofc.net  )Aidar (à esq.) e Ataíde: presidente e ex-vice brigaram (Foto: Rubens Chiri/saopaulofc.net )
Ataíde Gil Guerreiro fez um dossiê enumerando acusações de desvio de dinheiro contra o presidente Carlos Miguel Aidar, no qual ainda diz ter outras provas de irregularidades do mandatário do São Paulo. O ex-vice-presidente afirma ter usado um gravador nas conversas com Aidar e exige a sua renúncia, ou promete expor tudo no Conselho Deliberativo do clube.
Na tarde desta quinta-feira, ex-presidentes do São Paulo estiveram reunidos para, juntos, definir o futuro de Aidar. Ives Gandra Martins, José Eduardo Mesquita Pimenta, Fernando Casal de Rey e José Augusto Bastos Neto, entre outros membros do Conselho Consultivo tricolor, participaram do encontro.
O GloboEsporte.com teve acesso ao e-mail, no qual Ataíde cita a venda de Douglas para o Barcelona, a contratação de Wesley (ex-Palmeiras), a venda de Denilson para o Al Wahda, dos Emirados Árabes, e por fim a polêmica negociação de Iago Maidana, cujo caso já está sendo investigado no STJD, como transferências sob suspeita.
No e-mail, Ataíde diz que todos os casos ficariam sem comprovação se não fosse a gravação que fez de uma conversa dele com Aidar no último sábado, dois dias antes da briga que resultou na queda do dirigente
Ataíde acusa Aidar de receber dinheiro de comissão na contratação de um jogador. Também afirma ter gravação do mandatário dizendo que tentou acordo de comissão no contrato entre a Under Armour e a TML, empresa de Cinira Maturana, namorada do presidente, em negociação não concretizada. De acordo com o e-mail de Ataíde, a CPI do Futebol tem meios de comprovar se a fornecedora de material esportivo pagou comissão a TML.
O ex-vice também diz ter provas de que Aidar, questionado sobre a empresa Far East Global, responsável por receber comissionamento pela intermediação do acordo com a Under Armour, apontou o vice-presidente de marketing Douglas Schwartzmann como responsável da operação supostamente fraudulenta.
Por fim, Ataíde pede a renúncia de Aidar e diz que o São Paulo não pode mais ser envolvido em casos como esses. Ele afirma ter sido convencido pelo conselheiro Antônio Cláudio Mariz a não entregar a gravação para a CPI do Futebol, e sim ao presidente do Conselho Deliberativo, Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco.
Nos últimos dias, a oposição do clube já se articulava para isolar Aidar e exigir a sua renúncia. O mandatário viu seu poder político enfraquecido em reunião da última quarta-feira, quando ex-presidentes decidiram não apoiá-lo.
Comissão por jogador da Portuguesa
Ainda no e-mail recheado de acusações de Ataíde contra Aidar, o ex-vice diz que o presidente lhe ofereceu repartir comissão na negociação de um jogador chamado Gustavo, da Portuguesa, a sós e também na presença de Cinira. Esse fato motivou Ataíde a gravar a conversa na qual diz ter obtido provas contra Aidar, segundo relatado no e-mail.
O Gustavo em questão seria Gustavo Cascardo, lateral que teria despertado interesse do São Paulo desde setembro, segundo dirigentes da Lusa. O jogador entrou na Justiça para rescindir o seu contrato com a Portuguesa por causa do não recolhimento do FGTS, ganhou a causa no primeiro momento, mas o processo ainda segue sendo analisado.  
Ao ser notificado pela Justiça sobre o desligamento do clube do Canindé, o lateral acertou sua transferência para o sub-23 do Atlético-PR. A ida ao time paranaense, porém, é vista por dirigentes da Lusa como uma possível ponte para se chegar ao Morumbi.
– Quando o Cascardo entrou na Justiça, me falaram que o São Paulo estava na jogada. Ele acertou com o Atlético-PR, mas quem garante que não fez isso apenas como uma ponte? Dali dá para esperar tudo – disse um dirigente da Portuguesa.
Em rápido contato com a reportagem, Aidar declarou que não viu o e-mail de Ataíde com as acusações e que não pensa em renunciar.
*Yan Resende colaborou sob a supervisão de Mateus Benato

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