segunda-feira, 18 de abril de 2016

Coker defende lutas "freak show": "Acontecem o tempo todo no MMA"

CEO do Bellator lembra combates inusitados no Pride, e cita experiência prévia no Strikeforce: "Quatro ou cinco lutadores de lá viraram campeões no UFC"

Por Rio de Janeiro
O Bellator, principal concorrente do UFC na promoção de lutas de MMA, vem experimentando crescimento franco na audiência nos últimos dois anos, principalmente nos EUA. A razão do sucesso pode ser atribuída em boa parte a Scott Coker, que assumiu o papel de CEO da companhia há exatos 22 meses, em 18 de junho de 2014. A boa relação mantida pelo executivo com os atletas em suas passagens prévias por Pride e Strikeforce atraiu lutadores de nome, cujos contratos com o UFC se encerraram, como Benson Henderson, Phil Davis, Josh Koscheck e Josh Thomson, entre outros.
Scott Coker Bellator MMA (Foto: Getty Images)Desde que assumiu o Bellator, Scott Coker ajudou a companhia a alcançar recordes de audiência (Foto: Getty Images)
Outra parte importante do sucesso recente do Bellator é a disposição de Coker em casar lutas inusitadas, já popularizadas como "freak show" pelos fãs do MMA moderno. Em fevereiro, o Bellator 149, que destacou um duelo entre dois brigadores de rua, os pesos-pesados Kimbo Slice e Dada 5000, e uma revanche entre Royce Gracie, 49, e Ken Shamrock, 52, atraiu uma média de 1,580 milhão de telespectadores nos EUA, com um pico de 2,3 milhões no evento principal. Apesar do sucesso de audiência, o torneio foi muito criticado pelos fãs, que disseram que esse tipo de luta não tem mais lugar no MMA. Em entrevista ao Combate.com, Coker rebateu as críticas citando a história do vale-tudo.
- Um dos maiores momentos na história do MMA foi o (Pride Shockwave) Dynamite. Foi um evento no Japão em que o Bob Sapp enfrentou o (MInotauro) Nogueira. Ele nem sabia lutar e estava começando, iniciando os treinos. Ele pegou o Nogueira e o bateu no chão nessa grande luta. Nogueira o finalizou, mas, no Japão, eles têm esse tipo de luta o tempo inteiro. Além disso, Akebono lutou contra Royce Gracie e isso faz parte das artes marciais. O MMA não tem que ser sempre o que os fãs "hardcore" querem que seja. Eu cresci num sistema em que diziam: "Ei, essas lutas acontecem o tempo todo na indústria do MMA". Os torcedores mais fanáticos talvez não vejam dessa maneira e alguns não gostam. Mas a gente tem 3,3 milhões de pessoas que gostaram e assistiram. Dá para se dizer que esse tipo de luta, pensando "fora da caixa", alcançam um público ainda maior para a nossa indústria. Os torcedores mais fanáticos podem não concordar, mas a audiência média nos EUA viu e gostou do show - argumentou.
Não é de se espantar, portanto, que o Bellator tenha anunciado no fim de semana que Kimbo Slice estará novamente numa luta principal em breve, numa revanche contra James Thompson, em 16 de julho, em Londres - com o astro barbudo saindo de uma suspensão de 90 dias por ser flagrado com nandrolona e níveis elevados de testosterona nos exames antidoping após sua última luta. A assessoria de imprensa da organização, aliás, pediu que os exames positivos de Slice e Shamrock não fossem abordados na entrevista.
As lutas inusitadas são, na verdade, como "cavalos de Troia" do Bellator, que usa a publicidade gerada por elas para promover seus demais lutadores. E Coker aponta novamente à sua experiência no Strikeforce para lembrar que tem experiência em desenvolver novos astros.
- Se a gente faz três ou quatro lutas para os torcedores mais fanáticos e reservamos uma de vez em quando nesse estilo... Caras como Kimbo Slice e Bob Sapp... Não acho que tem problema nisso (...) Estou muito empolgado, não pelo o que fizemos no ano passado ou nos últimos meses, mas pelo o que vamos fazer nos próximos dois, três anos. Sinceramente, a experiência que eu tive com o Strikeforce... Quatro, cinco campeões que a gente fez no Strikeforce, e também lutadores que não tinham sido campeões ainda, ganharam o cinturão do UFC. Temos um grande elenco, já estive nessa estrada antes e acho que sei como promover - argumentou.

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