domingo, 30 de julho de 2017

Jon Jones revela ter se inspirado em McGregor para desafiar Brock Lesnar

Campeão dos pesos-meio-pesados do UFC compara irlandês ao primeiro homem que pisou na Lua: "Depois dele ter ido lá e feito, todos também querem poder pisar"

Por Direto de Anaheim, EUA
Após derrotar Daniel Cormier na luta principal do UFC 214, Jon Jones pegou o microfone e desafiou ninguém menos que o ex-campeão dos pesos-pesados da rganização, Brock Lesnar. Mais tarde, na entrevista coletiva pós-evento, Jones explicou a razão pela qual decidiu fazer o desafio.
Jon Jones; UFC 214 (Foto: Evelyn Rodrigues)Jon Jones exibe o cinturão dos meio-pesados após derrotar Daniel Cormier no UFC 214 (Foto: Evelyn Rodrigues)


- Não sei onde essa coisa com o Lesnar começou, mas cresceu muito rápido. Eu estava falando com o meu empresário e eles disseram que ela seria uma luta que valeria muito dinheiro. Meus treinadores disseram que eu posso vencer, mas que eu teria que merecer, que muita coisa teria que mudar pra eu subir de categoria, mas que eu poderia fazer isso. Então coloquei na cabeça que esta luta poderia acontecer, e acho ela trará mais público para o MMA. Se é disso que nós precisamos, por que não ser eu o cara a fazer isso? Para eu lutar no peso-pesado, terá que ser contra alguém que meus técnicos acreditem ser o casamento perfeito de estilos. Stipe Miocic está muito bem, mas ele é relativamente desconhecido do público. Não acho que seria uma superluta porque, com todo o respeito, muita gente não sabe quem ele é. Não vou sacrificar o fato de ser o menor na luta contra ele. Por isso a luta contra o Lesnar faz mais sentido. Seria um estilo melhor pra mim, e um salário bem maior. Lesnar tem milhões de fãs fora do MMA. Ele tem um jogo bastante limitado, mas é uma luta que pode me trazer muitas recompensas.

O campeão também revelou que sua inspiração ao desafiar Lesnar foi ninguém menos que Conor McGregor, que fará no dia 26 de agosto uma luta de boxe contra Floyd Mayweather, recebendo uma bolsa estimada em US$ 100 milhões - cerca de R$ 316 milhões.
Conor McGregor; Coletiva May-Mac; Los Angeles (Foto: Evelyn Rodrigues)Conor McGregor inspirou Jon Jones a buscar novos caminhos, que o levaram a desafiar Lesnar (Foto: Evelyn Rodrigues)


- Um cara como o Conor McGregor tem sido uma grande inspiração para mim. Ele tem me mostrado que esses grandes salários são possíveis. Eu nunca pensei que, no meu tempo, lutadores ganhariam seis ou sete milhões de dólares em uma luta, ou o que seria possível receber o que ele está recebendo pela luta com o Mayweather - algo em torno de 100 milhões. É como o primeiro cara que pisou na Lua, e agora todo mundo quer pisar também. Desafiar o Lesnar é um pouco isso. É colocar a minha história lá fora, buscar os cheques gordos. Tem sido bom ficar de lado e assistir a todas essas personalidades diferentes. Demetrious Johnson tem sido uma grande inspiração, Holly Holm também, por nunca desistir, não importa o motivo. Tenho me inspirado em muita gente diferente.

Jon Jones também respondeu perguntas sobre a luta contra Daniel Cormier. Questionado sobre a veracidade das palavras respeitosas que dirigiu ao ex-campeão e arquirrival, Jones garantiu que todas eram verdadeiras e espontâneas, e voltou a mostrar respeito pelo adversário.

- Eu sempre achei tudo o que falei sobre Daniel após a luta. Foi espontâneo. Sempre senti que ele era um cara educado, que deveria ser respeitado, um campeão a ser admirado. Infelizmente eu entrei nesse jogo muito jovem, com grandes ideias e, embora ele seja uma boa pessoa, não existe piedade em uma luta, e eu fiz o que tinha que ser feito. Acabei com ele. O que aconteceu, aconteceu, mas ele tem que ser respeitado. Ele era um campeão de verdade, na minha ausência enfrentou os dois caras mais duros da divisão e venceu ambos. Daniel Cormier deve ser reconhecido pelo que fez no esporte.

Solicitado a comparar as duas lutas que fez contra Cormier, Jones disse que as duas foram muito parecidas, mas que a do último sábado talvez seja mais significativa, por marcar um recomeço em sua vida.

- Elas são bem parecidas. De certa forma, essa luta é como se fosse o meu primeiro título. Acho que é um recomeço. Tive um período muito obscuro, e estou deixando o meu passado para trás. Estou apagando tudo o que fiz antes e começando uma nova carreira, um novo cinturão e eu quero ser um campeão melhor do que eu fui antes. Sinto como se fosse um novo campeão. Esse é o meu recomeço número dois, e quero ser o campeão que os fãs merecem.
Jon Jones, Daniel Cormier, UFC 214, MMA (Foto: Getty Images)Jon Jones aplica o chute que abriu o caminho para que ele nocauteasse Daniel Cormier (Foto: Getty Images)


Jones também disse acreditar estar no seu auge como lutador, e contou um momento em seu treinamento para a luta em que seus treinadores lhe disseram isso.

- Eu ouvi Daniel dizer que queria me mostrar de cara que os quase dois anos afastado do octógono iriam me fazer perder e isso e aquilo,  mas nós sabíamos que haveria tempo para descanso. Nós esperávamos finalizar Daniel Cormier. Disse isso várias vezes. Um dia, durante os treinos, meus treinadores me colocaram contra cinco caras super duros, e eu consegui dois nocautes e uma finalização. Isso nunca tinha acontecido antes. Eles vieram a mim e disseram que eu tinha atingido o meu auge. Por isso eu venho esperando mais de mim mesmo, me colocando em um patamar mais alto. As pessoas sempre dizem que sou muito longo, ou grande, e que estou trapaceando por lutar no meio-pesado. Não posso controlar o jeito que Deus me fez, mas posso controlar meu peso. Hoje eu lutei com 97,5kg, que é bem leve. Acho que tenho muitos anos nessa divisão, e só mudaria para o peso-pesado por uma luta que deixasse os fãs empolgados, ou para disputar o cinturão.

Os problemas pessoais e a volta por cima no octógono também foram abordados, e Jones disse estar vivendo um dia de cada vez, mas acredita que ainda permanecerá por muito tempo incomodando os lutadores da sua categoria no UFC.

- Eu tinha uma camiseta que dizia "Unbroken" - "Nunca vencido", em português - e fiz disso o meu lema: lembrar o quão grande você é, e onde você pode chegar. Me sinto mais forte do que nunca e espero que a minha história motive as pessoas a levantarem a cabeça e seguir em frente, não importa as dificuldades pelas quais elas estejam passando. Com relação a minha vida, é um dia após o outro. Preciso tomar boas decisões um dia após o outro, mas sinto que as coisas vão melhorar. Hoje eu acho que absorvi golpes potentes, alguns ganchos - obrigado, Deus, por ter me dado um queixo duro. Sinto que os melhores anos ainda estão por vir. Ainda vou assustar muito os pesos-meio-pesados, porque continuo sendo o cara mais novo da divisão. Nunca houve um campeão como eu…na verdade houve sim, acho que minha carreira pode ser comparada a do Mike Tyson. Um cara que tinha tudo e cometeu muitos erros, passou por muita merda e conseguiu se superar.

No fim da entrevista, foi perguntado a Jon Jones se ele ainda imaginava uma luta contra Anderson Silva. Segundo o campeão, isso não passa por sua cabeça, por ver no brasileiro um ídolo e tê-lo como amigo.

- Não tenho interesse em lutar o Anderson Silva. Ele tem sido a minha inspiração por muitos anos. Agora ele está envelhecendo, e ainda é magnífico. Mas eu nunca gostaria de derrotar ou ser derrotado pelo Anderson. Só quero ter essa disponibilidade em poder contar com ele sempre. É uma coisa muito boa quando você admira tanto alguém e essa pessoa se torna seu amigo. Quero manter isso assim.
Confira os resultados do UFC 214:
CARD PRINCIPAL
Jon Jones venceu Daniel Cormier por nocaute técnico aos 3m01s do R3
Tyron Woodley venceu Demian Maia por decisão unânime (50-45, 49-46 e 49-46)
Cris Cyborg venceu Tonya Evinger por nocaute técnico a 1m56s do R3
Robbie Lawler venceu Donald Cerrone por decisão unânime (triplo 29-28)
Volkan Oezdemir venceu Jimi Manuwa por nocaute aos 22s do R1
CARD PRELIMINAR
Ricardo Lamas venceu Jason Knight por nocaute técnico aos 4m34s do R1
Aljamain Sterling venceu Renan Barão por decisão unânime (29-27, 29-28 e 30-26)
Brian Ortega venceu Renato Moicano por finalização aos 2m59s do R3
Calvin Kattar venceu Andre Fili por decisão unânime (triplo 30-27)
Alexandra Albu venceu Kailin Curran por decisão unânime (triplo 29-28)
Jarred Brooks venceu Eric Shelton por decisão dividida (29-28, 28-29 e 29-28)
Drew Dober venceu Josh Burkman por nocaute aos 3m04s do R1

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