quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Guilherme Tâmega: ‘Não quero ser mais uma vez só um participante’

Aos 38 anos e em busca do sétimo título mundial, bodyboarder carioca comemora mudança no circuito, agora separado em divisões, como no surfe

Por Gabriele Lomba Rio de Janeiro
Guilherme Tâmega Pipeline (Foto: Divulgação)Tâmega em um treino em Pipeline, pico que recebe
a abertura do Mundial (Foto: Divulgação)
O trabalho começa sempre às 5h da manhã, quando boa parte dos locais ainda está dormindo. Há cinco anos no Havaí, Guilherme Tâmega sabe que, ali, ele é apenas mais um remando atrás das concorridas ondas. Segue para casa, onde ajuda a esposa, Danielle, a cuidar dos filhos e da academia de ginástica montada na garagem. Não há espaço ou tempo para luxos. A rotina da família só muda em períodos de competição. A partir desta terça-feira, ele inicia, pela 16ª temporada, a disputa do Circuito Mundial de bodyboard. Aos 38 anos, vai em busca do sétimo título. A primeira parada é justamente em Pipeline, um de seus "quintais".
- Não quero ser mais uma vez só um participante. Para mim, ser vice-campeão é o mesmo que ser 15º. Sou oito ou 80. No esporte, é o campeão e um abraço para os outros. Vou tentar mudar isso o mais rápido possível.
Tenho plenas condições físicas, mas não financeiras. Aproveito cada dia, cada ano."
Tâmega
Guilherme fala com a propriedade de quem, apesar de morar fora e de estar perto dos 40 anos, é o maior ídolo e a maior esperança do Brasil no Circuito Mundial. Agora, um novo circuito, separado por divisões, como no surfe. A elite passa a ser chamada de Grand Slam Series. Serão oito etapas, com transmissão ao vivo e premiação de US$ 45 mil por campeonato.

As mudanças são uma motivação a mais. Nos últimos anos, Guilherme viu seu esporte ficar estagnado. No surfe, por exemplo, a menor premiação de uma etapa do Mundial é de US$ 425 mil.

- Depois de tantos anos estou vendo a coisa mudar, indo bem. Estou animado. É o momento mais marcante do esporte. Se vai dar certo ou não, ainda é uma incógnita. Só vamos saber daqui a uns dois anos - disse o brasileiro, terceiro colocado no Mundial 2010.
Guilherme Tâmega e a família (Foto: Divulgação / arquivo pessoal)Com Kyron, Kim e Danielle em um parque
(Foto: Divulgação / arquivo pessoal)
A última taça que Guilherme ergueu foi em 2002, quando ainda era solteiro e morava em Copacabana. De lá para cá, a vida mudou. Casou-se, teve dois filhos - Kim, de 6 anos, e Kyron, de 4 - e foi morar no Havaí.
- Todos no bodyboard me respeitam muito, mas eu vou ser sempre um "hauli" aqui - brinca - Eu treino às 5h, pois os locais não acordam cedo para surfar. Tenho que me contentar com o que posso pegar de onda.

Há dois anos, a falta de organização do esporte e a perda de patrocinadores levaram Guilherme, em um impulso, a anunciar a aposentadoria. Voltou atrás. Fisicamente, contava com a ajuda da esposa, professora de Educação Física.  Hoje, tem apenas com um patrocinador, sua marca de pranchas.
- Tenho plenas condições físicas, mas não boas condições financeiras. Tento aproveitar cada dia, cada ano.

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