Chris Weidman: UFC pediu para não aceitar lutas com Belfort e Bisping

No Brasil para o UFC Rio III, americano lamenta ter negado combates com grandes nomes à espera de 'luta dos sonhos' contra ídolo Anderson Silva

Por Adriano Albuquerque, Amanda Kestelman e Ivan Raupp Rio de Janeiro

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Quando Anderson Silva subir ao octógono na Arena da Barra para enfrentar Stephan Bonnar pelos pesos-meio-pesados no UFC Rio III, no próximo sábado, estará sendo observado de perto pelo homem que muitos julgam ser a maior ameaça ao seu reinado na categoria médio na atualidade: o americano Chris Weidman, convidado especial do Ultimate para o evento. O nova-iorquino de 28 anos de idade chegou a ser cogitado para desafiar o brasileiro pelo cinturão após "atropelar" Mark Muñoz em dois rounds em julho passado, mas o Spider e sua equipe recusaram o combate - em sua avaliação, o jovem, com apenas nove lutas profissionais, ainda estava "cru" demais para enfrentar o maior campeão da história do UFC, que, após limpar uma geração inteira de lutadores, quer combates contra grandes nomes antes do fim da carreira.

No Rio, Chris Weidman espera ver Anderson Silva no topo da forma (Foto: Adriano Albuquerque/SporTV.com)

Apesar disso, não será a rejeição do atual campeão que doerá mais em Weidman ao assistir a Anderson em ação contra outro homem. O "All-American" garante já ter superado e entendido a situação. Para o nova-iorquino, ficará o pensamento no que poderia ter sido, já que, por causa da espera por Spider, ele recusou outros duelos que certamente o credenciariam, de vez, ao posto de desafiante número 1. Segundo revelou em entrevista exclusiva ao SPORTV.COM, Chris Weidman não aceitou lutas propostas por Vitor Belfort e Michael Bisping, dois lutadores Top 5 dos pesos-médios, a pedido do próprio Ultimate.
- Depois que Dana White (presidente do UFC) disse que eu era o desafiante número 1, Vitor Belfort pediu para me enfrentar, Michael Bisping pediu para me enfrentar, mas o UFC me disse que ainda estava esperando uma resposta (de Anderson), então pediram para eu não aceitar. Disseram, "Não responda a eles, deixe-os falar". Mas, duas semanas depois, me disseram que o Anderson não queria a luta ainda, então perdi essas oportunidades contra Belfort e Bisping. Eu adoraria enfrentá-los, são grandes nomes. Seria ótimo para minha carreira. Perdi essa oportunidade, e agora vou enfrentar o Tim Boetsch, que é um cara duro, mas não é tão famoso - contou o lutador.
O combate contra Boetsch será em 29 de dezembro, no UFC 155, e, desde que foi descartado por Anderson, o atleta passou por uma cirurgia no cotovelo esquerdo. Por isso, a rejeição - e o subsequente casamento da luta entre Spider e Bonnar - já fazem parte do passado. No sábado, quando estiver em seu assento na Arena da Barra, Weidman estará preocupado apenas em assistir ao seu lutador favorito de todos os tempos, o próprio Anderson Silva, de perto.
- Sim, Anderson Silva é um dos meus lutadores favoritos! Anderson, sempre gostei do Randy Couture, Dan Henderson… Mas eu sempre amei assistir ao Anderson Silva. Tenho o maior respeito pelo Anderson Silva, ele é o cara. É um dos meus lutadores favoritos e seria uma luta dos sonhos - disse.
Confira a entrevista na íntegra:
Qual foi sua primeira impressão do Rio de Janeiro?
É lindo. Vocês têm praias lindas. Ao vir de carro do aeroporto, olhando para as favelas, foi louco. Todos foram muito legais. E é doido ver que aqui as pessoas gostam muito de MMA.

Weidman virou fenômeno ao nocautear Mark Muñoz
em julho (Foto: Getty Images)

Você chegou a ter medo de passar pelas favelas daqui do Rio?
Eu nunca tenho medo, mas é esquisito, parece uma zona de guerra. Nunca vi nada parecido. Você sempre ouve falar de favelas, e no jogo "Call of Duty" (famoso game eletrônico), você entra numa fase que tem as favelas. É surreal ver isso na vida real.
Você vai ao UFC 153?
Com certeza, estarei lá.
Você se sente um pouco decepcionado por ver Anderson Silva lutar com Stephan Bonnar após rejeitar a luta contigo?
Sim, um pouco no começo, mas agora eu programei minha mente para ficar OK com isso. Agora estou otimista e ansioso para enfrentar o Tim Boetsch, em 29 de dezembro. Eventualmente, vou receber minha chance e não vou ficar reclamando disso. Tenho que fazer meu trabalho, continuar me movendo para frente e trabalhando duro.
O que você espera da luta entre Anderson e Bonnar?
Bonnar é um cara duro, acho que vai ser preciso mais do que um bom golpe para derrubá-lo. Espero uma luta empolgante, espero ver o melhor do Anderson Silva em ação.
Porque você acha que o Anderson Silva não quer lutar contigo?
Não acho que seja mesmo o Anderson Silva. Acho que é mais os empresários dele jogando de forma esperta. Ele está chegando perto do fim da carreira, eu sou um cara emergente sem um nome muito famoso, então acho que ele quer grandes lutas no fim de sua carreira. Acho que ele quer se aposentar invicto, e acho que sou um risco para ele também. Meu estilo contra seu estilo, sou um confronto ruim para ele.
Você acha que isso é injusto?
Não, estou otimista. Senti isso no começo, mas é isso que Deus tem nos planos para mim. Tenho que tirar o melhor disso, continuar trabalhando duro e tudo vai se ajeitar para mim.
O que você acha que tem que fazer para receber essa luta?
Tenho que continuar vencendo. Não vou ser que nem Chael Sonnen e falar, falar e falar… Tenho que deixar claro e óbvio para todos que eu deveria lutar pelo título.
SporTV.com/Combate: tudo sobre o MMA e o UFC Rio III
Você queria muito lutar com o Anderson Silva. Como foi sua reação quando o UFC o ofereceu Tim Boetsch?
Quando lutei com o Mark Muñoz, o Anderson Silva havia lutado uma semana antes e tinha dito que estaria pronto para lutar de novo em três ou quatro meses. Quando venci o Muñoz, o UFC e todo mundo me declarou o desafiante número 1, Dana White disse isso, então imaginei que lutaria com ele em três ou quatro meses. Mas se passaram duas semanas, e a equipe do Anderson Silva não estava respondendo sobre o que faria. Depois de três ou quatro semanas, decidiram que esperariam até 2013 para lutar de novo. Eu sou jovem, não quero esperar até 2013 e não tinha garantia que ele me enfrentaria, em janeiro. Então, eu queria aceitar outra luta. Aí ele começou a falar de lutar com o GSP (Georges St-Pierre, campeão dos pesos-meio-médios), eu senti que a luta estava escapando, e me ofereceram o Tim Boetsch. Eu meio que esperava, ele é um cara duro. Aceitei, tenho que ir lá, fazer meu trabalho e tentar dominar essa luta.

Tenho que continuar vencendo. Não vou ser que nem Chael Sonnen e falar, falar e falar… Tenho que deixar claro e óbvio para todos que eu deveria lutar pelo título"

Chris Weidman

Como você analisaria o jogo do Boetsch?
Ele é um wrestler muito, muito forte, bem completo, bom em todos os lugares, bom em pé. É um cara duro, não vai ser fácil de passar por ele. Espero uma guerra em todos os rounds.
Na categoria médio, você se considera o desafiante número 1?
Sim, me considero. Sou o cara que bateu dois caras Top 5 em seguida. Ninguém fez isso antes e não lutou pelo título.
Você acha que está à frente de caras como Vitor Belfort e Michael Bisping? Por que?
Sim, acho. Porque ganhei de mais caras Top 5 que eles, e estou invicto. É isso.
Você sente que eles estão meio que formatando um mini-torneio, com você contra o Tim Boetsch, e Michael Bisping e Brian Stann, mais o Alan Belcher?
Realmente não sei, posso ver isso acontecendo, mas é meio chato porque, para mim, tinha na cabeça que estaria lutando com Anderson em três ou quatro meses, e era isso que o UFC queria logo após minha última luta, e, agora, obviamente não vai acontecer. Eles me disseram que, depois dessa luta (com Boetsch), estaria claramente óbvio a todos que eu merecia lutar pelo título agora, mas se eles quiserem fazer isso, é com o UFC. Não posso controlar meu destino quanto a isso, eles decidem.
O Dana White disse para você que queria marcar essa luta sua contra o Anderson?
Ele disse à imprensa que eu era o desafiante número 1, aí eles me disseram que ofereceram a luta ao Anderson Silva, o UFC me disse. Então, imagino que isso passou pelo Dana White. O empresário do Anderson disse que rejeitou. É tudo que sei. Eles me disseram para ser paciente. Depois que Dana White disse que eu era o desafiante número 1, Vitor Belfort pediu para me enfrentar, Michael Bisping pediu para me enfrentar, mas o UFC me disse que ainda estava esperando uma resposta, então pediram para eu não aceitar. Disseram, "Não responda a eles, deixe-os falar". Mas, duas semanas depois, me disseram que o Anderson não queria a luta ainda, então perdi essas oportunidades contra Belfort e Bisping. Eu adoraria enfrentá-los, são grandes nomes. Seria ótimo para minha carreira. Perdi essa oportunidade, e agora vou enfrentar Tim Boetsch, que é um cara duro, mas não é tão famoso.
Agora que você não recebeu a luta com Anderson, você se arrepende de ter negado o Vitor e o Bisping?
Nunca me arrependo, apenas queria saber disso antes, mas não fico pensando nisso. Sinto que tudo acontece por um motivo. Vou continuar trabalhando duro.

Phil Davis caçoa de Weidman durante entrevista ao
SPORTV.COM (Foto: Adriano Albuquerque)

Você ainda é jovem. Como você sente que pode melhorar seu jogo e como você encara essa oportunidade de melhorar suas técnicas enquanto espera pela chance de disputar o título?
Sinto que tenho que melhorar em todos os lugares, cara. Sinto que todas as minhas áreas precisam de melhoras e, quanto mais tempo eu tiver, melhor. Eu sentia que estava pronto para Anderson Silva, sentia que estava pronto para qualquer um, mas sei também que estou focado em melhorar. Meu wrestling, que é minha base, ainda estou melhorando nisso, como um todo. Eu me sinto empolgado em me tornar um artista marcial misto completo.
Você tem um lutador favorito?
Sim, Anderson Silva é um dos meus lutadores favoritos! Anderson Silva, sempre gostei do Randy Couture, Dan Henderson… Eu sempre amei assistir ao Anderson Silva.
Enfrentá-lo seria uma luta dos sonhos para você?
Oh, sim, eu amaria enfrentar Anderson Silva. Porque, quando eu entrei no esporte, estava na divisão dos médios, e quando falava com meus amigos, sempre me perguntavam em qual classe de peso eu estaria. Eu dizia "médio" e eles me olhavam estranho, "Não é a mesma classe do Anderson?" Basicamente, não me davam chance. Isso me motivou para treinar mais duro e chegar até aqui. Tenho o maior respeito pelo Anderson Silva, ele é o cara. É um dos meus lutadores favoritos e seria uma luta dos sonhos.