quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Wand diz que UFC supera Pride como maior evento de MMA da história

'Cachorro Louco' fala sobre 20 anos do UFC e relembra melhores momentos

Por Direto de Las Vegas, EUA
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Os fãs mais assíduos do Pride FC vivem relembrando com certo saudosismo as lutas históricas promovidas pela competição japonesa entre 1997 e 2006, mas para Wanderlei Silva, que já foi considerado o rei do torneio, o campeonato já foi há muito tempo superado pelo UFC como maior evento de MMA do mundo.
- Hoje em dia o UFC já superou o Pride em termos de números e visibilidade mundial, porque o esporte se tornou mais popular. Na época do Pride, as lutas eram mais esporádicas, havia um evento a cada dois meses. Hoje em dia não. Hoje nós temos evento praticamente toda semana, é como se fosse aquele jogo de futebol que você tem todo domingo. - declarou ele em conversa com a equipe do Combate.com na sede da Wand Fight Team, em Las Vegas, EUA.
UFC wanderlei silva (Foto: Evelyn Rodrigues)Wanderlei Silva ao lado da parede com prêmios e homenagens do Pride (Foto: Evelyn Rodrigues)
Nas paredes da academia, recortes de jornais, revistas, troféus e certificados narram parte das 35 vitórias da carreira de Wand. E ele sabe, melhor do que ninguém, como o esporte evoluiu ao longo das duas últimas décadas:
- Antigamente era mais complicado. A gente ía dar entrevista e ouvia brincadeira sem graça, não tinha tanto espaço na mídia e as pessoas não respeitavam o esporte porque ninguém conhecia direito. O MMA não era um esporte mundial, ele era febre no Japão e talvez fosse um evento muito à frente do tempo para o resto do mundo, porque o público precisou de um período de adaptação para passar a gostar disso. Ontem mesmo eu estava vendo o documentário de 20 anos do UFC e eles falam lá que perderam 50 milhões de dólares quando estavam iniciando no evento. Eu mesmo já teria desistido antes de chegar aos 48 milhões, é que o Dana White e os irmãos Fertitta foram persistentes (risos) - completa.
O “Cachorro Louco” ainda relembrou a sua estreia no UFC e momentos marcantes de sua carreira e dos 20 anos da organização. Confira o bate-papo na íntegra:
Como foi a sua primeira luta no UFC? O que você lembra daquele dia?
A minha primeira luta foi no UFC Brasil, em São Paulo, em 1998 e sim, foi contra o Vitor Belfort. Naquela época a gente não via a luta do nosso adversário, não tinha tanta troca de informação. É como se você fosse lutar contra o Toquinho e entrasse no octógono sem saber que o principal golpe dele é a chave de perna.  A estrutura também era muito diferente. Em termos de público, era muito similar aos eventos que a gente vê no Brasil hoje, para 5 mil pessoas, o que é um público bom. Mas em termos de estrutura…eu lembro que o vestiário nessa luta tinha muita gente e nós tivemos que improvisar e fazer o aquecimento no banheiro. Não tinha essa visibilidade e o profissionalismo de hoje, sem falar que atualmente tem muito mais gente lutando e o atleta pode brilhar rápido. Se ele conseguir duas, três vitórias boas, ele já consegue ter uma chance ao título. Naquela época era mais difícil.
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Como fã, o momento mais especial foi a luta do Royce Gracie contra o Ken Shamrock. E eu falo isso principalmente pela diferença de tamanho entre eles"
Wanderlei, sobre a história do UFC
Você chegou a assistir ao UFC 1?
Claro! Mas eu vi depois, porque na época não tinha TV a cabo. Um amigo levou a gravação do evento em fita para a academia onde eu treinava Muay Thai. Era bem na época em que nós começamos a treinar jiu-jítsu justamente para poder entrar no vale-tudo, no MMA.
Como fã, qual foi o momento mais especial desses 20 anos do UFC?
Como fã, o momento mais especial foi a luta do Royce Gracie contra o Ken Shamrock. E eu falo isso principalmente pela diferença de tamanho entre eles. Um cara pequenininho como o Royce pegando o Shamrock que era grandão e a porrada rolando solta sem regras, sem luva, sem nada. Aquela luta me inspirou muito ao longo da minha carreira, porque eu cheguei a fazer dez lutas na “mão-seca” também, eu peguei essa última fase do MMA de lutar sem luva. E as pessoas pensam que não, mas usar luva faz muita diferença!
Quem você considera o melhor lutador de todos os tempos?
Eu acho que o Royce. Ele foi "o cara" não só pela bravura dele,  mas também por estar iniciando um negócio novo e por lutar naquelas condições. Se eu fosse escolher só um, eu acho que seria o Royce. Mas eu também tenho o Anderson Silva nessa lista e  todos os campeões do UFC, cada um com a sua parte. Mesmo o Tito Ortiz, que teve um papel importante no UFC. Ele teve as desavenças com o patrão,  mas ele levantou muito o evento.
Você foi o "Rei do Pride”. Acha que o UFC já superou o evento como melhor torneio de MMA do mundo?
Sim. Hoje em dia o UFC já superou o Pride em termos de números e visibilidade mundial, porque o esporte se tornou mais popular. Na época do Pride, as lutas eram mais esporádicas, havia um evento a cada dois meses. Hoje em dia não! Hoje nós temos evento praticamente toda semana, é como se fosse aquele jogo de futebol que você tem todo domingo.
Mesmo em termos de público e torcida? Tem muita gente que ainda afirma que a torcida do Pride era mais fanática...
Eu não acho não. Eu não posso reclamar do meu público, estou satisfeitíssimo (risos). Acho que, muitas vezes, a reação do público é uma reação ao combate. Se o cara fica segurando o outro ali na grade durante os cinco rounds complica, né? Tem lutas  aí que a torcida só falta se jogar dentro do octógono. Se eu estou assistindo uma luta amarrada eu fico com vontade de entrar lá e resolver (risos). Mas, por outro lado,  há também lutas muito boas acontecendo, que acendem a torcida, como essa do Diego Sanchez e do Gilbert Melendez em Houston, foi uma porradaria! Essa foi sensacional! Mas, enfim…antigamente era mais complicado. A gente ía dar entrevista e ouvia brincadeira sem graça, não tinha tanto espaço na mídia e as pessoas não respeitavam o esporte porque ninguém conhecia direito. O MMA não era um esporte mundial, ele era febre no Japão e talvez fosse um evento muito à frente do tempo para o resto do mundo, porque o público precisou de um período de adaptação para passar a gostar disso. Ontem mesmo eu estava vendo o documentário de 20 anos do UFC e eles falam lá que perderam 50 milhões de dólares quando estavam iniciando no evento. Eu mesmo já teria desistido antes de chegar aos 48 milhões, é que o Dana White e os irmãos Fertitta foram persistentes (risos).
Qual foi o momento mais importante da sua carreira nesses 20 anos do UFC?
A minha reestreia no UFC, quando eu enfrentei o Chuck Liddell, no UFC 79, em dezembro de 2007. Foi uma luta que aconteceu aqui em Vegas e lotou o Mandalay Bay. Os ingressos se esgotaram dois meses antes do evento. Fora isso, foi uma luta que até hoje é considerada a segunda melhor da história do UFC. Foi um momento especial porque eu entrei no evento pela porta da frente e essa sensação do dever cumprido é fantástico. E outro momento especial foi a minha última luta, que marcou o meu retorno ao Japão com a minha marca personalizada: um belo nocaute. Foi uma luta aberta, franca, o que deixa o duelo mais emocionante.
UFC wanderlei silva (Foto: Evelyn Rodrigues)Wanderlei Silva lembra dos melhores momentos da carreira no UFC (Foto: Evelyn Rodrigues)
Depois de tanto tempo no esporte, ainda consegue buscar inspiração na nova geração para continuar competindo?
Claro! Me inspiro muito no José Aldo e no Renan Barão, que são os nossos campeões. Também gosto muito do Lyoto. Eu já era fã dele, mas depois da atitude dele nessa luta contra o Mark Muñoz eu fiquei mais ainda. Ele  acertou o chute no Muñoz, derrubou, foi para finalizar com um soco e segurou. Ele teve um autocontrole e uma frieza muito grande para esperar.  Eu, no lugar dele, tinha dado o soco para garantir, porque o Muñoz é muito duro. Imagina se você não finaliza ali e ele agarra a sua perna ou coisa assim? Mas ele segurou o soco. Aquilo é o cúmulo do autocontrole da pessoa. Aquilo ali eu achei uma coisa espetacular.
Se arrepende de algo na sua carreira?
Se eu fosse fazer alguma coisa diferente, eu acho que eu me protegeria mais nos treinos de antigamente. Eu apanhei muito! O sistema para aprender a arte marcial antigamente era outro, né? Eu era o mais novo na academia e apanhava do Rafael Cordeiro, do Nilson, do Pelé e do Anderson Silva - apesar de que o Anderson me bateu pouco, porque ele veio depois. Eu era meio gordinho e não tinha caneleira, luva, treinava sem nada e apanhei muito para aprender. Mas eu me acostumei a apanhar. Depois comecei a fazer musculação e a ficar forte, ai eu comecei a me defender. Mas isso me preparou para o futuro, porque eu fiquei conhecido por ser agressivo, ir para a trocação e aguentar porrada. Por um lado, apanhar duro me lapidou!.

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