terça-feira, 8 de julho de 2014

Após quase ficar fora, brasileira volta campeã do Mundial de MMA Amador

Amanda Ribas relata drama para pegar visto de entrada nos EUA, lembra trajetória nas artes marciais e, inspirada em Ronda Rousey, sonha com UFC

Por Rio de Janeiro
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Lyoto Machida não conseguiu recuperar o cinturão dos pesos-médios do UFC para o Brasil, mas o país teve outro título mundial para comemorar no MMA no último fim de semana. A lutadora mineira Amanda Ribas, de apenas 20 anos, se sagrou campeã no primeiro Campeonato Mundial de MMA Amador, organizado pela Federação Internacional de MMA (IMMAF) em Las Vegas, na categoria peso-mosca (até 56,7kg). Nesta terça-feira, a lutadora desembarcou no Rio de Janeiro com a medalha de ouro na bagagem, e segue para Varginha-MG, sua cidade natal, para comemorar o feito inédito e vislumbrar o próximo passo: se profissionalizar e entrar no UFC.
Amanda Ribas MMA medalha (Foto: Ivan Raupp)Amanda Ribas "morde" a medalha de ouro conquistada no Mundial de MMA Amador (Foto: Ivan Raupp)
A conquista já deu um "gostinho" para Amanda de como é estar na maior organização de MMA do mundo. A competição foi realizada no hotel e cassino Mandalay Bay, sede de diversos eventos do Ultimate, e a final foi disputada no sábado, como parte dos destaques da UFC Fan Expo, feira anual que reúne alguns dos principais nomes da companhia em oportunidades de foto e autógrafo para os fãs.
- Cheguei no domingo, lutei na segunda-feira e fiquei a semana inteira assistindo à competição, para lutar no sábado, no Mandalay Bay. Foi muito emocionante, porque tinha vários lutadores do UFC lá, e o Dana White (presidente do UFC). A sensação é como se estivesse lá (no Ultimate)! - contou Amanda Ribas ao Combate.com, antes do voo de volta para o Brasil.
Amanda Ribas MMA Amador (Foto: Arquivo Pessoal)Amanda Ribas (dir.) com a sueca Ringblom, sua
adversária na final (Foto: Arquivo Pessoal)
Quase que nada disso aconteceu. Amanda teve cerca de um mês para obter o visto de entrada nos Estados Unidos e precisou ir ao Rio de Janeiro para tal. Com 10 dias restando para a viagem a Las Vegas, o visto foi concedido, mas, por conta do prazo apertado, a lutadora marcou de pegar o passaporte no Centro de Atendimento ao Solicitante de Visto (CASV).
- Fiquei na casa da minha amiga, peguei trânsito no Rio por causa da Copa, e cheguei lá quando o CASV estava fechado! Comecei a chorar para o segurança, falei, "Estou perdendo peso, pelo amor de Deus, tenho que viajar!" Ele ficou com dó e deixou eu entrar. A moça (do CASV) estava fazendo trabalho extra e, graças a Deus, deu tudo certo - lembrou, aliviada.
Passaporte na mão, Amanda embarcou para Las Vegas acompanhada de um representante da Comissão Atlética Brasileira de MMA e um amigo de seu pai. Logo na chegada, no domingo dia 29, já teve de se pesar. No dia seguinte, precisou bater o valor exato da categoria (56,7kg) antes de sua primeira luta, contra a italiana Micol Di Segni. A brasileira venceu por decisão unânime e se classificou à final, que seria disputada no sábado, e precisou manter o peso na casa dos 59kg até a data. A adversária na final foi a sueca Gabriella Ringblom, da seleção olímpica de boxe amador de seu país.
- Eu já estava preparada para levar para o meu forte, que é o chão, mas acabou que fiz em pé com ela também! O primeiro round empatou, no segundo eu fui bem em pé com ela, derrubei, e fiquei segurando no chão e batendo. No terceiro, fiz o mesmo. Foi emocionante. Chorei, agradeci a Deus, agradeci a todo mundo - lembrou.
Amanda Ribas MMA Amador (Foto: Arquivo Pessoal)Amanda Ribas com a camisa da seleção brasileira
no cage em Las Vegas (Foto: Arquivo Pessoal)
Derrotar uma atleta de nível olímpico na final do Mundial foi irônico. Amanda quase integrou a seleção brasileira nos Jogos Olímpicos de Londres-2012, onde serviria como sparring de Érika Miranda na categoria até 52kg. Todavia, uma lesão no joelho resultou no seu corte da equipe e em dois anos de inatividade.
- Deus escreve certo por linhas tortas, porque eu saí do judô e vim para o MMA, para o meu mundial, como protagonista. Comecei no jiu-jítsu desde novinha, com meu pai. Eu brincava de fazer muay thai e sempre fiz jiu-jítsu forte. Quando fiquei mais velha, fui para o judô, porque ia pagar a faculdade, escola, tudo. Fui morar em Belo Horizonte. Mas fiz duas cirurgias no joelho por causa do judô. Decidi voltar para Varginha e tive a oportunidade no MMA amador, que é minha origem, e está dando certo - comemorou.
De volta ao Brasil, a lutadora pretende descansar por três dias e retomar os treinos na equipe de seu pai, a Ribas Family, filial da Nova União em Varginha. O objetivo é descer aos pesos-palhas e tentar uma vaga no UFC, onde pretende seguir os passos da atual campeã peso-galo feminino, Ronda Rousey, seu espelho na modalidade. Como ela, Rousey tem origem no judô.
- Quero (ser como ela). Ela é focada, vejo os treinamentos dela e ela é toda séria. Treina, treina, ela é uma pessoa de muita compostura. Sou muito fã dela - confessou Amanda Ribas

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