quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

"Kaká já está sendo um divisor de águas na MLS", diz diretor do Orlando

Novo CEO do clube, Alexandre Leitão exalta chegada do craque brasileiro. Liga completa 20 anos e cinco cidades brigam por quatro novas franquias de clubes

Por Orlando, EUA
Ainda não dá para dividir a atenção com o Super Bowl, grande decisão do futebol americano que ocorre daqui a menos de dez dias. Mesmo assim, a chegada de Kaká ao Orlando City tem feito barulho no cenário esportivo dos Estado Unidos. O momento do futebol no país, o crescimento da principal liga local (Major League Soccer) e o plano de exposição cada vez maior fora da América fazem o brasileiro chegar na hora certa para ser considerado o novo embaixador do esporte.
Em franco crescimento nos últimos anos, a MLS pode decolar de vez com a chegada do astro brasileiro, que faz seu primeiro treino pela equipe de Orlando nesta sexta-feira. Ele quer ser o divisor de águas da história da liga, de acordo com quem o conhece e participou da negociação para sua contratação. Afinal, Kaká chega aos EUA num momento de amadurecimento do futebol local, com alcance maior do que nomes como David Beckham, Thierry Henry e Landon Donovan – maior ídolo da seleção americana.
Kaká é recebido pelos fãs do Orlando City nos Estados Unidos (Foto: Reprodução/Instagram)Chegada de Kaká ao Orlando City, em junho, reuniu milhares de torcedores na cidade (Foto: Reprodução/Instagram)
Em 2014, a MLS teve a sexta melhor média de público entre todas as ligas nacionais do mundo – 18.594 pagantes por jogo. Entre todos os esportes, sua média supera a NBA e a NHL, ligas tradicionais de basquete e hóquei no gelo nos EUA. No mesmo ano, três emissoras de TV assinaram contrato para pagar US$ 720 milhões por oito anos de direitos de transmissão. É um caminho sem volta.
- Sempre disse que no dia em que o maior esporte do mundo batesse com o maior mercado do mundo, eu não saberia dizer onde isso pode parar. É o que acho que vai acontecer a partir de agora, e o Kaká chega no momento certo para isso. Ele disse que quer ser, mas na verdade já está sendo um divisor de águas nesta liga – afirmou Alexandre Leitão, ex-presidente da Octagon e novo CEO (Chief Executive Officer, diretor executivo) do Orlando City.
Alexandre Leitão, presidente do Orlando City (Foto: Divulgação)Alexandre Leitão é o novo diretor executivo do Orlando City (Foto: Divulgação)
Anunciado nesta semana como dirigente, Leitão foi um dos principais responsáveis pela contratação de Kaká, ainda no ano passado, antes do empréstimo ao São Paulo. A apresentação do jogador em Orlando lotou um pub no centro da cidade com mais de 4 mil torcedores. Suas camisas estão à venda há meses, mesmo sem o time nunca ter entrado em campo pela MLS – a estreia é em março.
O segredo para o crescimento da liga é a parceria entre todos os clubes envolvidos. Em 2015, 20 equipes vão disputar o campeonato. Mais dois times estão confirmados para 2017 – sem contar o Miami FC, que tem David Beckham como um dos donos, mas ainda busca acordo para a construção de um estádio específico para o futebol.
– É uma liga muito jovem, que completa 20 anos em 2015. A partir do entendimento do esporte, você atrai patrocinadores, televisão. Agora a MLS está consolidada. E todos os clubes se protegem para o negócio crescer. Brincamos com dirigentes de outros clubes que somos concorrentes dentro de campo, mas sócios fora dele. Quando trago um Kaká, outros 20 caras estouram garrafas de champanhe. É bom para a liga – explicou Alexandre Leitão.
O amadurecimento da liga causou um movimento inverso ao que ocorria no fim dos anos 90, pouco depois da Copa do Mundo de 1994, realizada no país. Antes, os dirigentes da MLS se cansavam de procurar cidades interessadas em um time de futebol. Hoje, pelo menos cinco cidades brigam por uma franquia a ser inaugurada daqui a quatro ou cinco anos: Minneapolis, St. Louis, Las Vegas, Sacramento e San Antonio. Por enquanto, a liga quer ter apenas 24 times.
escritório Orlando City  (Foto: Diego Ribeiro)Relógio na sede do Orlando City mostra quanto tempo falta para a estreia do clube na MLS (Foto: Diego Ribeiro)
Por isso, os critérios são cada vez mais específicos para quem quiser colocar uma equipe na MLS. A principal regra é a construção de um estádio específico para o futebol, e na região central da cidade. Por isso, o Orlando City, de Kaká, vai inaugurar uma arena para 20 mil pessoas em 2016 – quase ao lado do Amway Center, ginásio que abriga o Orlando Magic, da NBA.
A força recente da liga faz a MLS, o Orlando City e o próprio Kaká acreditarem que ele pode expandir ainda mais a marca americana fora do país. O desempenho da seleção nacional também ajuda. Os EUA chegaram às oitavas de final da Copa de 2014, no Brasil, e deram continuidade ao trabalho do técnico alemão Jurgen Klinsmann. Astros daquela seleção estão de volta ao país: Jermaine Jones disputou a MLS pelo New England Revolution, enquanto Jozy Altidore assinou contrato com o Toronto FC, mesmo clube de Michael Bradley, outro titular da seleção.

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