UFC retira patrocínio a Europeu de Judô, mas federação cancela torneio
União Europeia de Judô afirma que Ultimate "não corresponde aos seus valores" e considera parceria com organização de MMA "inaceitável"; dirigente lamenta decisão
David Allen, vice-presidente do UFC na Europa: decepção com decisão da EJU em cancelar torneio (Foto: Adriano Albuquerque)
O patrocínio do UFC ao Campeonato Europeu de Judô não foi bem recebido pela União Europeia de Judô (EJU, na sigla em inglês), federação que regulamenta o esporte na Europa. O torneio, que estava marcado para os dias 9 a 12 de abril em Glasgow, na Escócia, teria o Ultimate como um de seus principais patrocinadores, mas a EJU não aprovou a parceria e decidiu cancelar o evento com cerca de oito semanas de antecedência.
O acordo de patrocínio havia sido firmado entre a Associação Britânica de Judô (BJA), responsável pela organização do campeonato em Glasgow, e o escritório europeu do UFC, que tem um evento marcado para a cidade escocesa no dia 18 de julho, e anunciado na imprensa em janeiro. Contudo, a EJU comunicou o comitê organizador que o Ultimate "não correspondem aos valores" da federação, e que considerava o acordo "inaceitável".
O UFC anunciou na sexta-feira à noite que estava retirando o patrocínio na esperança de que o campeonato não fosse cancelado.
- Nosso objetivo era ajudar o judô a alcançar uma nova audiência, aumentar sua promoção, ajudar a vender ingressos e criar expectativa em torno do Campeonato Europeu de Judô. É decepcionante que a União Europeia de Judô não consiga ver os benefícios da colaboração e celebração de todos os esportes - afirmou David Allen, vice-presidente do UFC para a região Europa, África e Oriente Médio, através de comunicado oficial.
Entretanto, o torneio foi cancelado por decisão unânime do comitê executivo da EJU, que citou ainda um atraso da BJA em pagar uma taxa pela licença para organizar o campeonato, o que representa quebra das cláusulas do contrato. A federação afirmou que buscaria uma nova sede para o evento.
A decisão da EJU segue o discurso do presidente da Federação Internacional de Judô (FIJ), Marius Vizer, que declarou em 2014, segundo o site "Inside the Games", que a migração de judocas para outros esportes representava uma "contaminação espiritual". Na ocasião, ele disse que não descartaria parcerias com outras disciplinas de esportes de combate, mas condicionou esses acordos aos "limites das vantagens mútuas e sem a migração de atletas de uma comunidade para outra."
A presença de judocas em lutas de MMA, porém, é realidade antiga. Atualmente, o maior exemplo disso é Ronda Rousey, medalha de bronze olímpica em Atenas-2004 e atual campeã dos pesos-galos femininos do UFC. Outros judocas no Ultimate incluem Hector Lombard e Daniel Kelly, e lutadores como Karo Parysian, Hidehiko Yoshida e Satoshi Ishii também deixaram sua marca no MMA após se destacarem nos tatames.
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