segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Livio Oricchio: Vettel e Ricciardo vão desafiar Hamilton e Nico na Rússia?

Especialista do GloboEsporte.com acredita que corrida em Sochi pode ser cheia de surpresas, como foi Cingapura, e contrastar com o "passeio" da Mercedes no Japão

Por Direto de Nice, França
header livio oricchio (Foto: Editoria de Arte)
A F-1 tem elementos para acreditar que no GP da Rússia, 15º do calendário, domingo, Ferrari e RBR possam apresentar performance bem melhor que em Suzuka, quando Lewis Hamilton, a não ser na disputa após a largada com o companheiro de Mercedes, Nico Rosberg, passeou na pista.   
Será surpreendente, também, se for como no Circuito Marina Bay, em Cingapura, dia 20 de setembro. Lá Sebastian Vettel, com o modelo SF-15-T da Ferrari, largou na pole position e Daniel Ricciardo, com o RB11-Renault da RBR, em segundo. Mais: dominaram as 61 voltas da corrida e receberam a bandeirada em primeiro e segundo, com Kimi Raikkonen, Ferrari, em terceiro.   
É pouco provável que os saudáveis acontecimentos de Cingapura se repitam no Autódromo Internacional de Sochi. Mas alguns aspectos da prova no Circuito Marina Bay também vão estar presentes na Rússia, daí a possibilidade de Hamilton e Rosberg não imporem as mesmas vantagens desestimulantes para a concorrência como há pouco mais de uma semana no GP do Japão. E ao longo de quase toda a temporada.   
Hamilton e Nico Rosberg não tiveram em nenhum momento do fim de semana em Cingapura um carro que lembrasse a conhecida eficiência do modelo W06 Hybrid da Mercedes, 11 vitórias em 14 etapas até agora. No Marina Bay largaram em quinto e sexto e no domingo Rosberg recebeu a bandeirada em quarto, 24 segundos depois de Vettel. Hamilton não tinha o ritmo dos primeiros e abandonou pela primeira vez na temporada, com problemas na unidade motriz.  
Hamilton, Rosberg, Vettel ou Ricciardo? Quem vai levar a melhor na Rússia? (Foto: Getty Images)Hamilton, Rosberg, Vettel ou Ricciardo? Quem vai levar a melhor na Rússia? (Foto: Getty Images)
No Circuito de Sochi, faz sentido imaginar que a Mercedes não enfrentará a mesma séria dificuldade de fazer os pneus funcionarem, atingirem a temperatura ideal de aderência, como em Cingapura. Mas tem lógica o fã da F-1 acreditar que os pneus supermacios e os macios, a serem fornecidos pela Pirelli no fim de semana, os mesmos usados em Cingapura, devem reduzir a diferença de desempenho entre a Mercedes e seus adversários mais imediatos. No Japão foram os duros e os médios.   
Os pneus supermacios e os macios garantem maior aderência dos carros ao asfalto, mascaram suas deficiências, em especial as aerodinâmicas. Some-se a esse fator uma característica única do traçado russo e incompreensível, tratando-se de um autódromo novo: nada menos de 10 das suas 19 curvas são de 90 graus, sendo 8 para a direita e 2 para a esquerda.   
Esse tipo de curva é também a mais frequente nos 5.065 metros do Circuito Marina Bay, onde Ferrari e RBR, de repente, desafiaram a Mercedes. Não acabou: a previsão do tempo para os dias do evento em Sochi indica temperatura ambiente entre 20 e 25 graus, sem possibilidade de chuva.   
Depois da prova em Cingapura muita gente da F-1 discriminou as razões de Hamilton e Rosberg não terem sido adversários de Vettel e Ricciardo. E ficou claro como era lógico imaginar que em Suzuka a Mercedes reunia tudo a seu favor para, de novo, estabelecer a pole e conquistar a vitória. Como aconteceu.   
Agora, baseando no mesmo raciocínio, é possível acreditar que, em Sochi, Vettel, quem sabe Raikkonen, Ricciardo e Kvyat apareçam no Q3 com força para tentar roubar uma posição da Mercedes na primeira fila do grid. E depois no domingo exigirem que Hamilton e Rosberg suem um pouco mais o macacão, nas 53 voltas, para obter a 12ª vitória do ano. Não é impossível.  
Hamilton, vencedor, e Vettel, terceiro colocado, posam juntos no GP do Japão (Foto: Getty Images)Hamilton, vencedor, e Vettel, terceiro colocado, posam juntos no GP do Japão (Foto: Getty Images)


PERDA IRREPARÁVEL

Dietrich Mateschitz, proprietário da RBR, está apenas esperando o desfecho das negociações com a Ferrari. Por questões até técnicas, não haver tempo para Rob Marshall, projetista-chefe da RBR, concluir o carro para os primeiros testes em fevereiro, elas não vão passar das próximas duas ou três semanas. Se a conversa não seguir rumo distinto do verificado hoje, o torcedor da escuderia austríaca pode ter a certeza de que o arrojado empresário vai retirar a RBR e a STR da F-1.   
Toto Wolff, da Mercedes, Maurizio Arrivabene, Ferrari, e Ron Dennis, McLaren, a essa altura já devem estar iniciando o planejamento para o caso de terem de inscrever um terceiro carro no próximo campeonato, conduzido por um jovem piloto, como será o caso se esse for o desfecho da história, RBR e STR fora da F-1.   
Hoje, a Ferrari concorda em fornecer para as duas escuderias apenas a versão da unidade motriz que vai terminar o campeonato. Em Austin, depois do GP da Rússia, dia 25 de outubro, os italianos estreiam uma nova versão, já com os conceitos do projeto de 2016. E é essa que Sergio Marchionne, presidente da Fiat e da Ferrari, sob pressão de integrantes do grupo, como o diretor técnico James Allison, se dispõe a oferecer a Christian Horner e Helmut Marko, da direção da RBR.   
Daniel Ricciardo e Dietrich Mateschitz (Foto: Divulgação/Red Bull)A RBR vive tempos de incerteza na Fórmula 1 (Foto: Divulgação/Red Bull)
Ambos já disseram se sentir até ofendidos, pois tanto a Sauber como a estreante Haas vão dispor da unidade de 2016 da Ferrari. Apesar de não estarem na condição de exigir nada, Horner e Marko só aceitam levar adiante as conversas se a Ferrari ceder a versão de 2016 da sua unidade. Vale lembrar que, por incrível que possa parecer, as unidades não poderão ser desenvolvidas ao longo do ano.   
Mercedes, Ferrari, Renault e Honda têm até 29 de fevereiro para homologar na FIA a unidade que, em essência, começará e terminará o ano.   
A eventual perda da RBR e STR será um desastre de dimensões ainda não mensuradas pela F-1. Bernie Ecclestone, a essa altura, colocou como prioridade máxima catalisar um acordo com Marchionne ou encontrar outra saída.
MAIS PROBLEMAS QUE SOLUÇÕES   

A introdução da tecnologia híbrida na F-1, no ano passado, representa um passo importante na direção de a competição antecipar o que daqui um tempo a indústria automobilística empregará com maior frequência em seus projetos, visando a preservação do meio ambiente, dentre outros objetivos. Ninguém questiona.   
Mas desde o ano passado as unidades híbridas, apesar da impressionante evolução de reposta de potência e confiabilidade verificada em tão pouco tempo, trouxeram tantos problemas para a F-1 que é inevitável se questionar se era mesmo a hora de partir para algo tão revolucionário.   
Seu custo é surreal. São fornecedores das unidades motrizes na F-1 Mercedes, Ferrari, Renault e Honda. Quem não produz, Williams, RBR, Force India, Lotus, STR, Sauber, Manor e em 2016 Haas F-1, paga a bagatela de algo como 22 milhões de euros para a Mercedes, Ferrari ou Renault por oito unidades, quatro por piloto. A McLaren tem um acordo especial com a Honda. Não as paga.   
Lewis Hamilton, da Mercedes, vence GP do Japão de Fórmula 1 2015 (Foto: Reuters)Altos custos operacionais afugentam novos investidores na Fórmula 1 (Foto: Reuters)
É esse estado de coisas, completamente incompatível com a realidade da economia no mundo, hoje, que está gerando situações bizarras na F-1, como a que vivemos agora: o risco, grande, de a competição perder a RBR, uma escuderia quatro vezes campeão do mundo, e sua irmã menor, a STR. E ainda mais grave: servir de exemplo para quem desejar se aventurar na F-1.
Não há estímulo algum para um investidor privado ou uma montadora se sentirem atraídos pela F-1. O americano Gene Haas é uma exceção da exceção. 
CONFIRA OS HORÁRIOS DO GP DA RÚSSIA
Info Circuitos Horários Rússia (Foto: Editoria de Arte)
Info Circuitos Horários Rússia (Foto: Editoria de Arte)

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