segunda-feira, 5 de outubro de 2015

"Sortudo", Fanning vê chance do tetra como bônus após trauma em J-Bay

Recordista de vitórias em Hossegor (4), australiano renasce após ataque de tubarão, assume a ponta em Trestles, mas vê ameaça de Medina, Julian e Jeremy na França

Por Rio de Janeiro
Mick Fanning Hossegor (Foto: AFP)Mick Fanning em ação em Hossegor; tricampeão mundial torce por mar grande e tubos (Foto: AFP)
O limite nunca esteve tão perto de Mick Fanning como nesta temporada. Estar no limiar da morte  ao ficar frente à frente com uma possível tragédia fizeram o australiano repensar os seus 34 anos de vida nos 40 segundos em que lutou com um tubarão branco nas águas de Jeffreys Bay, na África do Sul. A decisão contra Julian Wilson foi cancelada e nenhum dos finalistas assumiu a liderança. O tricampeão mundial escapou ileso e não se deixou abalar pelo trauma. Nem mesmo pelo encontro com outro tubarão logo em sua primeira sessão de surfe depois do ataque. Se cercou de amigos e familiares, continuou trabalhando duro e até encarou as ondas pesadas da Tasmânia, sem temer os predadores que vivem nas águas geladas do pico da Austrália. O sentimento de estar vivo deixou o esporte em segundo plano. Mas não por muito tempo. Após o renascimento, Fanning voltou ao topo com um emblemático título em Trestles, na Califórnia. A vitória sobre Mineirinho colocou ainda mais fogo na briga pelo caneco desta temporada. 
- Não importa o que tenha acontecido este ano no Tour, se eu fosse olhar para trás, eu estaria agradecido por não ter me machucado seriamente ou morrido. Estar em uma posição em que eu tenho chances de lutar por outro título mundial é um bônus - disse Mick Fanning.
Não importa o que tenha acontecido este ano no Tour, se eu fosse olhar para trás, eu estaria agradecido por não ter me machucado seriamente ou morrido. Estar em uma posição em que eu tenho chances de lutar por outro título mundial é bônus" 
Mick Fanning
- Definitivamente, tudo isso me fez apreciar o quão sortudo eu sou, não só naquela situação, mas na vida de forma geral. Mentalmente, estou bem. Houve aquele choque inicial para eu processar, mas, logo que eu o fiz, ficou tudo bem. Eu tenho vários bons amigos e pessoas que eu conversei durante toda a coisa que me ajudaram bastante - acrescentou.
Na nona de 11 etapas do Circuito Mundial de 2015, em Hossegor, na França, o australiano defenderá a ponta em um cenário ideal. A janela do campeonato será aberta nesta terça-feira e terá até o dia 17 para acabar. Na estreia este ano, Mick irá medir forças com o taitiano Michel Bourez e o local Maxime Huscenot.
Se pudesse apostar em três possíveis vencedores na primeira parada da perna europeia, o aussie colocaria todas as suas fichas em Gabriel Medina, Julian Wilson e Jeremy Flores. O atual campeão mundial inclusive levantou o caneco em Hossegor em 2011, quando tinha apenas 17 anos e fazia a sua temporada de estreia entre os melhores do mundo. Na ocasião, o paulista de São Sebastião foi o algoz de Wilson. Após subir três posições no ranking com a terceira colocação em Trestles e passar a ocupar a sexta posição no ranking, o local de Maresias espera conseguir mais um grande resultado na sua carreira na França, onde ele ainda foi finalista em 2013 e conquistou importantes títulos quando era juvenil. 
- Eu apostaria no Gabriel, pois penso que a França é o seu lugar preferido para surfar, no Julian, que é bom em ondas grandes e pequenas, e no Jeremy Flores, que tem surfado melhor do que nunca, conquistando grandes resultados e competindo em casa. 
Circuito Mundial de Surfe França Hossegor Mick Fanning (Foto: ASP/Divulgação)Recuperado de trauma, Mick Fanning defende a liderança do ranking mundial na França (Foto: ASP/Divulgação)





O australiano tricampeão mundial perseguia há meses a liderança, nas mãos de Adriano de Souza por mais de quatro meses, desde o título do brasileiro em Margaret River, na Austrália. Mineirinho contou com a sorte, evidenciada pelo tropeço dos principais rivais na briga pela ponta, mas, principalmente, pelo cancelamento da final em J-Bay. O vencedor assumiria a posição, no entanto, os dois surfistas terminaram em segundo lugar e não alcançaram pontuação suficiente. 
- A sensação é maravilhosa. Já estive nessa posição antes e sei que há muito trabalho pela frente. Preciso seguir o meu caminho e ir conquistando bons resultados - comemorou. 
Mick Fanning, maior vencedor em Hossegor, na França, com quatro títulos, assina nome na parede durante coletiva de imprensa da etapa do Circuito Mundial de Surfe  (Foto: WSL / Kirstin Scholtz)Mick Fanning, recordista de vitórias em Hossegor, na França, com quatro títulos, assina nome na parede durante coletiva de imprensa da nona de 11 etapas do Circuito Mundial de 2015 (Foto: WSL / Kirstin Scholtz)
O risco de perder a lycra amarela, no entanto, é iminente diante do equilíbrio de forças a três etapas para o fim da temporada. Líder, Fanning soma 44.700 pontos, mas sofre a ameaça dos primeiros colocados da tabela. Na França, três surfistas têm chances de ultrapassá-lo: Mineirinho (42.950), Filipe Toledo (39.700) e Owen Wright (38.400). O título da etapa vale 10.000 pontos. Julian Wilson (34.950), Kelly Slater (32.400) e Gabriel Medina (30.650), atual campeão mundial, também podem encostar no topo dependendo dos resultados.
- Eu acho que a briga ser dura. Todos os que estão na corrida pelo título têm tido resultados incríveis nos últimos três eventos e definitivamente vêm com tudo para Pipe. Todos os caras do top 5 estão muito bem e eu consigo vê-los lutando pesado nos próximos eventos para tornar a disputa interessante. Essa parte final do Tour (França, Portugal e Havaí) é uma das minhas favoritas, e eu espero garantir bons resultados para fechar de maneira sólida a temporada em Pipe - apostou o tricampeão mundial. 
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O australiano é o maior vencedor da história do evento, com quatro títulos (2007, 2009, 2010 e 2013) e um vice-campeonato (2006). Em segundo lugar, está o lendário havaiano Andy Irons, com três conquistas seguidas na França (2003, 2004 e 2005). A etapa faz parte do calendário desde 2002, quando o brasileiro Neco Padaratz sagrou-se campeão. 
mick fanning hossegor (Foto: AFP)Mick Fanning, tetracampeão na França, é carregado após um de seus títulos (Foto: AFP)
- Eu sempre busco a vitória em todo o evento. Tive bons resultados na França, é um lugar que eu amo. É um line-up que muda constantemente por conta dos bancos de areia e das mudanças abruptas, mas eu amo o desafio da adaptação. As condições perfeitas para mim são os dias de tubos maiores - revelou Fanning. 
A Tempestade Brasileira terá dez representantes nas águas francesas. Além dos sete que fazem parte da elite, o país contará com o reforço de Alejo Muniz, Tomar Hermes e Caio Ibelli.
O Brasil se agarra ao bom retrospecto na França para poder sonhar com uma sequência de títulos mundiais. Foi no país europeu que os brasileiros conquistaram o maior número de vitórias fora do território tupiniquim na elite do surfe. Foram seis títulos de etapas, uma a menos do que em casa, além de cinco vices. Depois de Hossegor, o Circuito Mundial terá apenas outras duas paradas: Peniche, Portugal, de 20 a 31 de outubro, e Pipeline, Havaí, de 8 a 20 de dezembro.
Surfe Hossegor Mick Fanning comemoração (Foto: Divulgação/ASP)Ninguém tem mais títulos em Hossegor do que Mick Fanning, atual líder do ranking mundial (Foto: Divulgação/ASP)

CONFIRA AS BATERIAS NA FRANÇA
1: Kelly Slater (EUA), Jadson André (BRA), Brett Simpson (EUA)
2: Julian Wilson (AUS), Miguel Pupo (BRA), Aritz Aranburu (ESP)
3: Owen Wright (AUS), Sebastian Zietz (HAV), Dane Reynolds (EUA)
4: Filipe Toledo (BRA), Adam Melling (AUS), Tomas Hermes (BRA)
5: Adriano de Souza (BRA), Keanu Asing (HAV), Caio Ibelli (BRA)
6: Mick Fanning (AUS), Michel Bourez (TAH), Maxime Huscenot (FRA)
7: Gabriel Medina (BRA), Matt Wilkinson (AUS), Dusty Payne (HAV)
8: Jeremy Flores (FRA), John John Florence (HAV), Alejo Muniz (BRA)
9: Italo Ferreira (BRA), Adrian Buchan (AUS), Ricardo Christie (NZL)
10: Nat Young (EUA), Bede Durbidge (AUS), Glenn Hall (IRL)
11: Josh Kerr (AUS), Kai Otton (AUS), Kolohe Andino (EUA)
12: Wiggolly Dantas (BRA), Joel Parkinson (AUS), C. J. Hobgood (EUA) 
TOP 22 ATÉ HOSSEGOR E MAIS BRASILEIROS
1: Mick Fanning (AUS) - 44.700 pontos
2: Adriano de Souza (BRA) - 42.950
3: Filipe Toledo (BRA) - 39.700
4: Owen Wright (AUS) - 38.400
5: Julian Wilson (AUS) - 34.950
6: Kelly Slater (EUA) - 32.400
7: Gabriel Medina (BRA) - 30.650
8: Jeremy Flores (FRA) - 29.000
9: Italo Ferreira (BRA) - 28.900
10: Nat Young (EUA) - 27.950
11: Josh Kerr (AUS) - 26.650
12: Wiggolly Dantas (BRA) - 26.350
13: Taj Burrow (AUS) - 24.450
14: Joel Parkinson (AUS) - 21.900
15: Kai Otton (AUS) - 21.850
16: Bede Durbidge (AUS) - 21.200
17: Adrian Buchan (AUS) - 19.700
18: John John Florence (HAV) - 18.750
19: Matt Wilkinson (AUS) - 18.500
20: Jadson André (BRA) - 15.950
21: Miguel Pupo (BRA) - 14.750
22: Sebastian Zietz (HAV) - 13.750
33: Alejo Muniz (BRA) - 7.950
39: Bruno Santos (BRA) - 4.000
41: Tomas Hermes (BRA) - 1.000
42: Alex Ribeiro (BRA) - 500
42: David do Carmo (BRA) - 500

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