sexta-feira, 29 de julho de 2016

Moradores festejam segurança em Deodoro mas preveem novo descaso

Proximidade da Olimpíada torna dia a dia de pessoas locais mais tranquilo e de menor
medo. Certeza de que a paz é parcial atormenta o sossego de quem vive no bairro 

Por Rio de Janeiro
Amanda Ribeiro trem (Foto: Cassius Leitão)Amanda diz que as viagens de trem ficaram mais tranquilas (Foto: Cassius Leitão)
A paz está instalada em Deodoro e nos bairros adjacentes. É bem verdade que se trata de uma situação momentânea. Isso porque as ruas da vizinhança estão ocupadas pelo Exército em virtude da proximidade dos Jogos Olímpicos. Moradores se mostram aliviados e satisfeitos com a sensação de segurança e ao mesmo tempo têm a devida dimensão de que a situação de maior tranquilidade é efêmera. Ela deve acabar de forma praticamente simultânea com as competições, que vão até o dia 21 de agosto. É possível que a serenidade se estabeleça ao menos até o fim da Paralimpíada, em setembro. Não há expectativa de nada além disso.

Deodoro teve o policiamento reforçado por ser um dos principais pontos de disputas do evento mundial. Complexos modernos foram instalados e competições de hipismo, mountain bike, ciclismo BMX, pentatlo moderno, tiro esportivo, canoagem slalom, hóquei sobre grama, rúgbi e basquete serão disputadas no subúrbio carioca. A volta do descaso com a população de um lugar predominantemente formado pelas classes C, D e E já é dado como certo. 

A fisioterapeuta Amanda Ribeiro falou desse misto de sentimentos que ela e sua vizinhança estão vivendo. Moradora de Ricardo de Albuqurque (sub-bairro da “Grande Deodoro”), ela admite a satisfação com o momento atual mas prevê o retorno do cotidiano caótico que costuma imperar nas redondezas. 

- De um mês pra cá a gente vem tendo mais sossego. Mas já sabemos que tudo isso deve acabar depois da Olimpíada. Tenho que viver tomando devidas precauções para evitar qualquer tipo de situação ruim. Sempre que chego de trem, pego mototáxi para casa para não dar bobeira na rua.  Fui assaltada uma vez quando estava com mais seis pessoas pertinho de onde moro, no ano passado. Três homens armados chegaram e levaram os pertences de todos nós. É uma pena que esse período de maior segurança tenha fim. Mas é o que imagino que vai acontecer – declarou Amanda, que está perto de se formar em educação física e completar a sua segunda faculdade. 
Amanda Ribeiro Deodoro (Foto: Cassius Leitão)Amanda Ribeiro faz sinal de positivo por um lado e de negativo por outro (Foto: Cassius Leitão)
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A vendedora ambulante Rafaella Carvalho é outra moradora de Deodoro que duvida da continuidade do reforço policial nas cercanias. Como passa quase o dia inteiro na rua devido ao trabalho, ela já foi testemunha de muitas situações que amedrontariam qualquer estrangeiro que está vindo ao Brasil para prestigiar ou competir nos Jogos. 

- Graças a Deus nunca fizeram nada comigo. Mas já vi muito assalto, agressão de homem e mulher e até um início de tiroteio aqui perto da estação. É uma sensação de insegurança diária. A presença de mais policiais agora certamente vai desaparecer quando acabar essa tal de Olimpíada. E o pior é que não posso parar de trabalhar. Preciso levar dinheiro para casa e sustentar quem depende de mim – frisou Rafaella, que por timidez preferiu não ser fotografada.

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