segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Flavinha cresce 2cm, Ygor desponta... A Geração Nanquim nos Jogos do Rio

Tratados como promessas há dois anos, jovens pulam etapas, "roubam" vaga de experientes e chegam ao Rio 2016 prontos para contribuir na briga pelo Top 10

Por Rio de Janeiro
medalhistas brasil jogos olimpicos da juventude nanquim (Foto: Thierry Gozzer)Flavia Saraiva, ainda com 1,31m, e Matheus Santana, com cara de menino, em Nanquim 2014 (Foto: Thierry Gozzer)
Espinhas no rosto, nervosismo antes de competir e vergonha ao falar com a imprensa. Em Nanquim 2014, eles eram jovens desconhecidos da grande maioria dos brasileiros. Representantes do país nos Jogos Olímpicos da Juventude, na China, foram chamados pelo Comitê Olímpico do Brasil de Geração 20/24, em alusão à preparação para os Jogos de Tóquio 2020 e a edição subsequente, ainda sem local definido. Dois anos depois, porém, é possível dizer que oito deles passaram por uma "metamorfose" e pularam etapas. Para alguns, o rosto de criança já não reflete no espelho.  A fala é segura ao encarar as câmeras e os resultados foram suficientes para garantir vaga na Olimpíada Rio 2016. Muitos deles, inclusive, com chances de conquistar o pódio.
São os casos de Flávia Saraiva, da ginástica; Matheus Santana, Luiz Altamir e Natalia de Luccas, da natação; Ygor Coelho, do badminton; Hugo Calderano, do tênis de mesa; Marcus D'Almeida, do tiro com arco; e Ingrid de Oliveira, dos saltos ornamentais. Cada um à sua maneira, eles evoluíram, melhoraram tempos ou notas, cresceram no ranking mundial e deixaram para trás o rótulo de promessas para se tornarem realidade. E Nanquim, do outro lado do mundo, serviu como uma ponte e oportunidade para ganhar experiência e entender um pouco da vivência olímpica.
O GloboEsporte.com mostra o crescimento de cada um deles de lá para cá. Alguns cresceram no tamanho, como Flavia Saraiva. Outros, como Ygor Coelho, "voaram" no ranking mundial. Também existem casos com o de Matheus Santana, que apesar de não melhorar o seu tempo nas piscinas de lá para cá, tornou-se mais robusto fisicamente e chega ao Rio no revezamento 4x100m livres querendo medalha. Veja abaixo:
CARTELA geração nanquim Flavia Saraiva (Foto: Editoria de Arte)

Flavinha era uma criança em Nanquim. Com 14 anos, foi chamada para substituir Rebeca Andrade, hoje companheira da seleção na Rio 2016 e que tinha se machucado. A pequena, porém, brilhou muito na China. Foi ouro no solo e prata na trave e no individual geral. Ali, nascia uma estrela. Com três medalhas, Flavia voltou para casa com outro status. Ganhou espaço nos dois anos seguintes, foi bronze por equipe no individual geral nos Jogos Pan-Americanos de Toronto 2015 e conseguiu diversas medalhas de ouro no solo e na trave em etapas da Copa do Mundo. Hoje, é ginasta do Flamengo e uma das principais atletas da ginástica artística na seleção brasileira, que vai disputar a prova por equipes também: "A Olimpíada da Juventude me ajudou muito a ter mais experiências em outras competições, em saber como funciona e também na preparação e treinos entre pré e pós competição. Além disso, foi uma experiência boa estar com atletas de todo o mundo", disse Flavinha.

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Ygor-Coelho--NANQUIM-006 b (Foto: infoesporte)
Ygor era uma promessa do badminton. Lapidado pelo pai, mostrava talento nos campeonatos de base do país. No adulto, contudo, ainda era impossível medir suas possibilidades. Em Nanquim, caiu na primeira fase, mas garante ter percebido ali que era possível chegar na Rio 2016. Dali em diante, saltou números absurdos no ranking mundial, conseguiu patrocínios e neste ano carimbou sua vaga na Olimpíada: "O que levo de Nanquim e que pode me ajudar em 2016 é a garra. Quando olho para os meus vídeos de lá, vejo que deixei meu sangue e fiz o meu melhor. Espero fazer tudo isso de novo em casa", diz o carioca.
Hugo-Calderano--NANQUIM-004 (Foto: infoesporte)
Hugo Calderano sempre foi tratado como uma joia rara no tênis de mesa. E provou o motivo de tanta badalação. Em Nanquim, conseguiu uma medalha inédita para o Brasil na modalidade com o bronze no individual aos 18 anos. Depois disso, confirmou-se como uma realidade também no adulto. Passou a jogar na Alemanha, em uma equipe profissional, e em Toronto 2015 foi ouro no individual e por equipes: "Foi muito importante por eu ter chegado como um dos favoritos a medalha e ter conseguido lidar com a pressão e confirmar o favoritismo. Nanquim também já me deu uma visão melhor de como são os Jogos Olímpicos, vivendo na vila com atletas de todas as modalidades", garante Calderano, que joga a chave de simples e duplas no Rio.
Marcus-DAlmeida--NANQUIM-005 (Foto: infoesporte)
Marcus D'Almeida é o maior atleta do tiro com arco da história do Brasil. Isso aos 18 anos. E com 16 ele já se aproximava disso. Em Nanquim, sua primeira grande competição internacional, foi medalha de prata no individual geral, perdendo apenas para um coreano, país meca da modalidade. Um ano depois, em Toronto 2015, quebrou um jejum de décadas do Brasil com um bronze por equipes nos Jogos Pan-Americanos. Antes, já havia sido prata em uma etapa da Copa do Mundo adulta. Em 2015 também foi campeão mundial júnior, título inédito no país:"Estava amando aquele momento, estar numa final olímpica. O que levo de Nanquim é que na semifinal eu comecei perdendo e consegui virar. No Rio, posso começar assim, e sei que posso manter a frieza para melhorar depois", conta Marcus, que disputará a prova individual e por equipe masculina no Rio.
Ingrid-Oliveira--NANQUIM-003 (Foto: infoesporte)
Ingrid Oliveira surgiu como uma grande revelação dos saltos no Brasil. Levada para os Jogos Olímpicos da Juventude, em Nanquim, aos 18 anos, ela participou da prova do trampolim de 3m e da plataforma de 10m. Na plataforma, terminou em quinto lugar, e no trampolim foi sexta colocada. No ano seguinte, foi classificada para os Jogos Pan-Americanos de Toronto, no Canadá, para a plataforma sincronizada dos 10m. Ali, conseguiu a medalha de prata. Nos dois anos de lá até a Rio 2016, a carioca aumentou o grau de dificuldade dos seus saltos para até 3,2 e se garantiu ao lado de Giovanna Pedroso na plataforma sincronizada dos 10m. Mais tarde, por acomodação das vagas da Fina, também teve seu lugar garantido na plataforma de 10m individual: "Nanquim me deu muita experiência. Foi um grande aprendizado e também importante para o desenvolvimento da minha carreira", contou Ingrid Oliveira.
Matheus-Santana--NANQUIM-002 b (Foto: infoesporte)
Matheus Santana desembarcou em Nanquim como um candidato a desbancar Cesar Cielo, na época o mais veloz do Brasil. Antes de chegar na China, o carioca já tinha batido marcas do medalhista olímpico quando ambos tinham a mesma idade. De 2012 para cá, no ciclo olímpico, ganhou quase 7kg de massa muscular. Em Nanquim, Matheus foi ouro nos 100m livre, prata nos 50m livre e prata nos 4x100m livre misto. No mesmo ano, nos Jogos Sul-Americanos, foi ouro nos 100m livre, e também ouro nos 4x100m livre e 4x100m medley. Em 2015, em Toronto, nos Jogos Pan-Americanos, foi ouro nos 4x100m livre. Da China para cá, porém, o brasileiro não conseguiu melhorar sua performance. Ele mantém como melhor tempo nos 100m livre os 48s25 que lhe deram o ouro nos Jogos Olímpicos da Juventude, e só disputará no Rio o revezamento 4x100m livre: "Os Jogos Olímpicos da Juventude foram importantes para minha carreira e ter vivenciado essa experiência me ajudou a chegar a Rio 2016. Era uma competição importante para minha fase na natação. Vivenciar uma Vila Olímpica, ver uma estrutura de um grande evento e competir em alto nível fizeram parte daquele momento", contou o atleta.
Luiz-Altamir--NANQUIM-008 b (Foto: infoesporte)
Aos 20 anos, Luiz Altamir chega em sua primeira Olimpíada. Em Nanquim, ele tinha 18 anos, e conseguiu uma prata no revezamento 4x100m livre misto. A performance nas provas individuais não lhe renderam pódio, mas de lá para cá o nadador teve evolução brilhante. Na China, ele nadou os 400m livre para 3min55s074. Um ano depois, quando conseguiu o índice para a Olimpíada Rio 2016, ele fez 3min50s32, melhorando mais de 5 segundos. Em 2015, ele também foi ouro no revezamento 4x200m livre. Na Rio 2016, contudo, Altamir tem um tempo 3 segundos acima dos finalistas do Mundial de Kazan nos 400m livres: "Ter feito parte de uma Olimpíada da juventude foi algo de extrema importância para a minha preparação para os jogos, a experiência de estar em uma vila, comer no refeitório, viver e respirar o ar olímpico é algo que eu jamais esquecerei, os objetivos são os mesmos, representar o Brasil da melhor forma possível, e agora é só deixar levar e viver esse momento", disse Altamir.
Natalia-de-Luccas (Foto: infoesporte)

Natalia de Luccas chegou em Nanquim já como a recordista sul-americana dos 200m costas, mesmo aos 17 anos. Nos Jogos, foi prata no revezamento 4x100m livres misto, uma novidade naquela Olimpíada. No mesmo ano, nos Jogos Sul-Americanos, no Chile, foi bronze nos 100m e 200m rasos. Em Toronto 2015, já com 18 anos, foi bronze nos 4x100m medley, no revezamento brasileiro. Nesse período, melhorou seu tempo nos 100m costas de 1m01s39 para 1m01s11, o que lhe garantiu lugar na Rio 2016: "Nanquim foi um momento muito especial, acredito que foi essa competição que plantou aquela sementinha de querer cada vez mas chegar nos Jogos Olímpicos no Rio. A pressão sempre existe, mas nadando em casa fica mais fácil lidar com ela", garante Natalia.

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