quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Funcionária de agência boliviana questionou plano de voo da LaMia

Jornal Hoje teve acesso a documentos que provam questionamento sobre tempo de voo e quantidade de combustível do avião em acidente com time da Chapecoense

Por Medellín, Colômbia

Jornal Hoje, da TV Globo, teve acesso ao plano de voo do avião da LaMia que caiu com a delegação da Chapecoense, na madrugada de terça-feira, e a um documento com um relato de uma funcionária da da Aasana, a agência nacional de aviação da Bolívia. Segundo os documentos, Celia Castedo Monasterio questionou o piloto Miguel Quiroga sobre a autonomia do avião para o trajeto. Ela alertou que a capacidade de armazenamento de combustível da aeronave não era adequada para o plano de voo determinando e que faltava um plano alternativo, pois a quantidade de combustível seria insuficiente em caso de emergência. 
Plano de voo da LaMia (Foto: Reprodução)Plano de voo da LaMia (Foto: Reprodução)
A principal observação da funcionária teria sido com o tempo de voo entre Santa Cruz de la Sierra e Medellín. Celia alertou a um despachante da companhia que a duração era igual à autonomia de combustível da aeronave. Segundo os documentos aos quais o jornal teve acesso, o tempo de rota era de 4h22min, assim como a autonomia. Em resposta, o despachante disse ter conversado com o piloto, que insistiu na realização do voo, afirmando que a autonomia era suficiente e que faria a viagem em menos tempo.
- Não, senhora Celia, essa autonomia me passaram, é suficiente. Assim, não apresento mais nada. Vamos fazer em menos tempo, não se preocupe. É assim, fique tranquila, está bem.
A funcionária da Aasana não tinha autoridade para impedir a realização do voo. Esta responsabilidade cabia à Departamento de Aviação Civil da Colômbia. A agência ainda não se manifestou sobre o caso. Celia Castedo foi afastada de suas funções nesta quinta-feira.
Acidente avião chapecoense  (Foto: Agência Reuters)Acidente com avião da Chapecoense matou 71 pessoas (Foto: Agência Reuters)
Um comandante entrevistado pelo jornal boliviano "El Deber" criticou o plano. Segundo ele, a autonomia não deveria ser igual ao tempo de voo.
- Quando se faz um plano de voo, se deve contemplar a carga de combustível para ir desde o ponto de decolagem ao destino. Além disso, se deve contemplar o tempo que demoraria chegar a um aeroporto alternativo em caso de emergência ou de reabastecimento, somado a 45 minutos de autonomia no ar diante de qualquer eventualidade – disse o comandante, que não teve seu nome revelado e que classificou o plano de voo como uma “cadeia de erros”.
IML Medellín (Foto: Vicente Seda / GloboEsporte.com)IML de Medellín já identificou corpos (Foto: Vicente Seda / GloboEsporte.com)
A Chapecoense espera dar início ao velório coletivo das vítimas do acidente aéreo nesta sexta-feira. Havia uma previsão inicial para as 12h, mas que foi adiado em função de alguns atrasos. O Verdão acredita que as celebrações comecem entre o fim da tarde e o início da noite. Segundo o clube, há uma força-tarefa de funerárias em Medellín, na Colômbia, para o embalsamento dos corpos identificados e o posterior embarque ao Brasil.
O Verdão agora trabalha na estrutura da Arena Condá para receber cerca de 100 mil pessoas na despedida. Por metidas de segurança, os torcedores podem ficar apenas na área das arquibancadas e não circulariam entre os caixões. Dois telões devem ser colocados fora do estádio com imagens do velório.
Arena Condá Chapecoense (Foto: Diego Madruga)Arena Condá se prepara para receber vítimas (Foto: Diego Madruga)
Uma preocupação do clube catarinense é com o trajeto do aeroporto até o estádio. Em função da comoção da cidade e das pessoas que devem acompanhar os veículos de transporte, a Chape trabalha com a ideia de que os oito quilômetros de distância possam ser feito em cerca de duas horas.
Antes do velório coletivo haverá um tempo reservado aos familiares. A programação é de que 45 minutos para os entes e depois os torcedores podem fazer as homenagens. Os corpos sepultados na cidade devem ficar até oito horas na Arena Condá. Os que seguirão para outras cidades a expectativa é de quatro horas.
Na manhã desta quinta, profissionais do clube e voluntários se dedicaram à limpeza da Arena Condá. Com muito lixo em função da homenagem na noite de quarta, eles trabalharam para deixar o estádio em condições de receber o velório coletivo. Paralelamente, a empresa de cerimônias contratada finaliza a estrutura no gramado para receber os caixões.
A expectativa é que os corpos cheguem ao Brasil entre sexta e sábado. A Chapecoense preparada um velório coletivo na Arena Condá. A previsão é que cerca de 100 pessoas acompanhem o acontecimento.
INFO - acidente avião chapecoense v3 (Foto: Editoria de Arte)

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