domingo, 12 de dezembro de 2010

Meninas fazem pedágio e ‘dormem com inimigas’ para jogar rúgbi em SP

Atletas do Recife bancam própria viagem e se hospedam na casa de adversárias para disputa da segunda etapa do Brasileiro da modalidade

Por Julyana Travaglia São Paulo
Um voo do Recife para São Paulo dura, em média, três horas. Mas para as meninas do Recife Rúgbi Club, a saga para conseguir pagar esta viagem começou muito antes. E durou meses. Sem recursos para conseguirem participar da segunda etapa do Brasileiro de Rúgbi Sevens (modalidade com sete atletas em cada equipe e dois tempos de sete minutos), as atletas de Pernambuco não pouparam esforços para bancarem do próprio bolso passagens e alimentação na capital paulista.
Meninas da equipe Recife Rugbi ClubMeninas da equipe Recife Rúgbi Club competem em São Paulo (Foto: Divulgação)
- Fizemos pedágio nos semáforos, mostrando o que era o rúgbi e pedindo ajuda. Também vendemos rifas e adesivos na praia. Como não podemos gastar com hotéis, dormimos na casa de meninas que conhecemos e são nossas adversárias no campeonato. Aí nunca falamos sobre rúgbi para não saberem nossas estratégias – contou Renata Barros de Sá, aos risos com as companheiras de time.
Incluído no programa olímpico dos Jogos Rio 2016, o rúgbi ainda é um esporte amador no Brasil. Cerca de 10 mil pessoas praticam a modalidade no país e 5 mil atletas são federados. Pela dificuldade em arrumar patrocínios, não é raro encontrar um atleta que leva uma vida dupla, dedicando o tempo a um trabalho qualquer e ao rúgbi.
- Eu já fiz futsal e vôlei. Gostei do rúgbi depois de ver meu cunhado jogando e resolvi jogar também. Mas não vivo disso. Sou operadora de telemarketing – disse Gica Souza, outra atleta da equipe pernambucana.
Com os pedágios e rifas, o time do Recife arrecadou R$ 3 mil para a viagem até São Paulo. Além disso, cada atleta paga R$ 20 de mensalidade para ajudar a equipe. Quando retornarem para sua cidade, elas voltarão para o batente. Mas não aquele que tem trombadas ou arremessos de bola de formato oval.
- Vamos ter de trabalhar muito quando voltarmos. Parcelamos a viagem em várias vezes – afirmou Carmen Freire, atleta do Maceió que integrou a equipe pernambucana na disputa.

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