sábado, 5 de julho de 2014

Runco: se estiver confortável, Neymar pode assistir à semifinal no Mineirão

Médico da Seleção explica procedimento feito durante o jogo contra a Colômbia e diz que camisa 10 não conseguia se virar no momento da chegada dos médicos

Por Teresópolis
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Um dia após a notícia de que Neymar está fora da Copa do Mundo, o médico da seleção brasileira José Luiz Runco concedeu entrevista coletiva para explicar o procedimento adotado no primeiro atendimento ao jogador, ainda no campo da Arena Castelão, durante a partida contra a Colômbia (veja o vídeo). Neymar não conseguia virar de barriga para cima no primeiro contato com os médicos, logo depois do craque sofrer a joelhada nas costas de Zúñiga. Apesar do susto, o médico garante que o caso não é grave, e que Neymar pode, inclusive assistir à semifinal contra a Alemanha no Mineirão, na terça-feira, desde que esteja se sentindo confortável com a cinta lombar que está usando.
O principal a partir de agora, segundo Runco, é que o atleta tenha repouso e conforto com o uso da cinta lombar. A expectativa é de que o período de afastamento gire em torno de 45 dias.
- Estar na semifinal depende do quadro de dor dele. Se estiver sem dor, nada é proibido. Não vai comprometer em nada a consolidação da fratura. Vai ter que estar sedado, em posição confortável. Se ele se sentir confortável, não vejo problema em ir ao jogo.
Runco admite que chegou a pensar em uma lesão mais séria. No entanto, fez questão de elogiar todo o procedimento até a retirada de Neymar do estádio e o transporte para o hospital na capital cearense, onde realizou o exame de imagem que confirmou a contusão.
- O trauma me deixava preocupado. O desespero do Marcelo para a nossa entrada em campo. O atleta estava lúcido, orientado, sem problema neurológico. Ficou claro que ele tinha um trauma na região lombar, pois ele tinha dificuldade de virar de barriga para baixo para barriga para cima. Essa dificuldade nos fez pensar que pudesse ter um trauma mais séria na região lombar. Pelo quadro de dor. Imediatamente se partiu que ele poderia ter uma fratura. O doutor Girão, chefe da equipe de profissionais do estádio, fez toda a orientação. O Rodrigo Lasmar deu o suporte inicial com o Serafim Borges - disse Runco, explicando ainda que primeiro foi feito um raio-x e, em seguida, uma exame de imagem mais detalhado.
José Luiz Runco médico coletiva (Foto: Gaspar Nóbrega / VIPCOMM)José Luiz Runco na coletiva realizada na Granja Comary (Foto: Gaspar Nóbrega / VIPCOMM)

Uma vez que o jogador foi imobilizado, ficou decidido pelo retorno à Granja Comary. O voo foi tranquilo, e o trajeto terrestre, realizado em uma ambulância. Neymar jantou com os companheiros e almoçou em Teresópolis antes de ser transportado para o Guarujá. O jogador pode caminhar, contanto que a dor esteja suportável, de acordo com o médico.
- Para o grupo era bom que ele estivesse conosco. Conseguimos com um sistema de mobilização até a ambulância. Dentro do nosso voo ele foi colocado da mesma maneira que a alimentação é posta no voo. O colocamos deitado, confortado, tomou uma medicação relaxante.  Ele consegue caminhar, ele consegue dar passos. Ele não tem nenhuma lesão neurológica e não ter nenhum problema para voltar a praticar futebol.
Confira mais tópicos da entrevista do médico José Luiz Runco:
A notícia
- Estávamos vivendo um momento especial, sem corte de atletas, como todos em condição de competir. Foi um momento desgastante. Quando ele absorveu a informação de que estaria fora da Copa, realmente ficou muito triste, se emocionou bastante, assim como todos nós. É extremamente desagradável.
Como foi?
- Fui eu quem passou a informação. Eu não dei chance nem de ele perguntar. Eu passei a ele que estava fora da Copa do Mundo. Ele ficou extremamente emocionado. Era uma coisa normal de se esperar. Era a limitação de um sonho ele, mas não a limitação de um jogador que tem uma vida futura.
Remoção do campo
- Para esses casos, existe uma prancha rígida, que é o que normalmente se recomenda na remoção dos jogadores. Mas não é praxe da Fifa. Eles optam por usar uma maca com menor risco de virar. Mas aquela maca é rígida também. Só é mais difícil de encaixar. E eu já tinha observado se ele tinha alguma lesão neurológica. E não tinha.
Presença na semifinal
- Tudo depende do quadro de dor dele. Se estiver sem dor, nada é proibido. Não vai comprometer em nada a consolidação da fratura. Vai ter que estar sedado, em posição confortável. Se ele se sentir confortável, não vejo problema em ir ao jogo.
Punição a Zuñiga
- Essas coisas nós temos de analisar com muita tranquilidade. No âmbito do torcedor, que gosta de futebol, estamos tendo entradas pouco compatíveis com o futebol, acima da linha da bola, entradas mais sérias. As pessoas da Fifa devem estar olhando para isso. E o que temos ouvido é que os árbitros têm sido orientados a evitar os cartões, a conversar mais. Não sei se talvez o conversar muito dá o direito de o jogador achar que pode usar mais força. No caso do atleta que fez o trauma no Neymar, acredito que a Fifa vá tomar alguma posição. 
Lesão comum
- Essa lesão é bastante comum. Participei de dois casos recentemente. Em relação ao tempo que ele vai precisar de analgésico, ele tem um linear de dor bom. Ele não fica a todo momento pedindo medicação. Ele lembra o jogador à moda antiga. Coloca gelo, bate o pé no chão e segue pra frente. Mas essa lesão é no meio do corpo. Incomoda. E deve incomodá-lo de sete a dez dias de maneira chata. 
Tempo de recuperação
- Esse tipo de fratura leva de três a seis semanas para consolidar. Depois que a dor desaparecer, vamos fazer uma tomografia. A imagem e os movimentos dele é que vão nos mostrar a evolução. Vai levar de 40 a 45 dias. Se ele tiver uma proteção como a cinta lombar, ele vai poder sentar e também caminhar. Isso vai diretamente proporcional ao caso de dor. Ele não está proibido nem de caminhar, nem de sentar. 
Barcelona
- O doutor Daniel Medina, com quem temos uma excelente relação, ainda no departamento médico do estádio, manteve contato comigo. Nós passamos as informações, depois eu passei para ele tudo o que aconteceu. E evidentemente eles vão ter as imagens que nós temos. Neymar é um jogador do Barcelona que presta serviço à seleção brasileira. 
Reação do grupo
- No início teve um choque. Um atleta até me fez o seguinte comentário: “está parecendo que a gente perdeu o jogo”. Mas isso vai ser importante para o time crescer na competição.
Decisão de seguir com o grupo
- Foi minha. Eu poderia até tentar encontrar uma UTI móvel para levar no aeroporto e pegar um avião direto para a casa dele. Mas aquilo daria uma hora da manhã. E outra: a primeira noite era importante que ele estivesse com a gente. O pai do Neymar ficou bastante satisfeito. Ele veio confortável, com todos os cuidados. Andando de cadeira de rodas. Para ele foi bom, para a logística foi bom e para o grupo também foi bom. 
Outros jogadores perdidos em copas
- Eu diria para você que são situações parecidas. E com o Emerson também foi difícil. Era o capitão da equipe. E o Neymar era o objetivo de ser campeão tão jovem. São coisas bastante abruptas. De repente o sujeito se machuca. Outros cortes, em porte menor, são até mais fáceis, porque a repercussão é menor. 
Presença do pai
- Nós também trouxemos o pai dele. Dormiu com ele. Ele usou uma medicação para relaxar. Ele não nos chamou. Apesar de triste, a face dele melhorou de ontem para hoje, em relação à hora do trauma. 
Tem como piorar?
- Só se ele saltar, der cambalhota. Mas como ele não tem condições de fazer isso, não tem chance de piorar. Piorar com repouso não vai, não. A recuperação do Neymar é repouso. Não tem uma específica recuperação. Ele vai recuperar o Guarujá, onde tem mais conforto. Talvez o Barcelona desloque um profissional lá da Espanha para o tratamento de fisioterapia.

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