Struve retorna após doença: "Só fiz o que os médicos pediram e aqui estou"

Recuperado de problemas no coração que o fizeram dar pausa na carreira, holandês descarta medo e destaca confiança nos médicos que o liberaram

Por Evelyn Rodrigues, Ivan Raupp e Marcelo Russio Direto de Las Vegas, EUA

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O gigante Stefan Struve (Foto: Ivan Raupp)

Stefan Struve vinha dominando Mark Hunt quando sentiu um cansaço anormal e perdeu sua força quase por completo. Era março de 2013, e o neozelandês conseguiu a virada e o nocaute que chegou até a quebrar a mandíbula do adversário. Quatro meses depois, Struve descobriu o motivo de tamanha fadiga: sofria de um vazamento da válvula aórtica e também do que se chama de coração aumentado. Teve de interromper a carreira de lutador para se tratar. Neste sábado, no UFC 175, o peso-pesado holandês de 2,13m voltará a pisar no octógono. O adversário é o americano Mat Mitrione. E ele garante estar em grande forma.
- É uma coisa louca. Me sinto completamente em forma, com muita energia, descansado. Eu sinto uma diferença tão grande. Durmo muito melhor e tenho muita energia à noite. Também tenho muito mais disposição para treinar. É uma diferença absurda. Desde o primeiro dia eu disse que não iria ficar sentado acreditando no que o médico disse, de que esse seria o fim da minha carreira. E funcionou. Eu só fiz o que os médicos pediram e aqui estou - disse, em entrevista ao Combate.com.
O medo seria algo normal para alguém que passou pelo mesmo que Stefan Struve. Mas ele garante também que está tranquilo e destacou a confiança em seus médicos:

Agora eu não tenho nada com que me preocupar, porque dois dos melhores cardiologistas do mundo me liberaram para lutar, e eles colocam a minha saúde em primeiro lugar sempre"

Stefan Struve

- Agora eu não tenho nada com que me preocupar, porque dois dos melhores cardiologistas do mundo me liberaram para lutar, e eles colocam a minha saúde em primeiro lugar sempre. Se há uma possibilidade remota de algo mudar, se lutar pudesse prejudicar a minha saúde, eles teriam me falado, porque isso poderia custar-lhes a carreira. Se algo mudar no futuro, eu aprenderei a lidar com isso. Se um dia ele disserem que não é mais seguro continuar lutando, eu vou ouvi-los, mas por enquanto isso não vai acontecer. O jeito de consertar isso é abrindo o meu peito e substituindo essa válvula por uma outra mecânica ou biológica, mas quando isso acontecer eu terei que me aposentar. A melhor opção foi a que eu tive, tomei duas medicações diferentes e vou continuar fazendo esse tratamento. Até o momento a doença melhora a cada dia. É por isso que me sinto muito bem e nem me preocupo com isso.
O duelo contra Hunt foi uma verdadeira batalha para Struve. Contra ele próprio até. Ao recordar aquele dia, ele valoriza o fato de ter feito uma luta equilibrada apesar das condições:
- Eu estava sem energia e cansava muito a cada dois ou três minutos. Não conseguia usar os meus braços, as minhas pernas. Sabe quando você acorda no meio da noite e sente o seu braço dormente? Eu sentia o meu corpo inteiro assim, como se fosse um sinal para não me esforçar além daquilo. E isso depois de apenas dois ou três minutos. Então, tentei me segurar como pude. Acho que eu fiz uma boa luta ainda assim.

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Mark Hunt quebrou a mandíbula de Struve em duelo no Japão (Foto: Getty Images)

A força de vontade de Struve para voltar ao que mais sabe fazer foi enorme. Os problemas do coração atrapalharam em alguns momentos, mas somente na parte emocional:
- Eu nunca parei de treinar. Quando eles me levaram para o hospital, em agosto, fiquei internado por uma semana, depois voltei para casa e tinha tanta coisa para fazer que preferi focar nisso. E aí eu disse a mim mesmo: “Você tem que voltar a lutar, você pode treinar com 80%, então vá lá e treine”. Então, ajudei muitos companheiros de treino, trabalhei com alguns treinadores novos algumas técnicas. Eu sabia que eu iria voltar. Não sou de desistir e aquele era o meu real objetivo. É claro que, quando alguém te diz que o seu coração não está funcionando 100%, durante o treino você não consegue parar de pensar nisso, mas nunca tive receio, a não ser no dia da luta contra o Hunt ou quando acontecia de eu ficar tão cansado que eu nem sabia o que era.

Sabe quando você acorda no meio da noite e sente o seu braço dormente? Eu sentia o meu
corpo inteiro assim, como se
fosse um sinal para não me esforçar além daquilo"

Stefan Struve

O período de preparação para o combate contra Matt Mitrone foi diferente dos anteriores. Struve contou que treinou menos desta vez, porém com mais qualidade:
- Muitos lutadores treinam exageradamente, é o que acontece quando você tem um camp. A única coisa que você quer fazer é treinar, porque você sempre diz a si mesmo que não está treinando o suficiente. Eu fiz isso no passado, especialmente se você olhar para a minha situação, por conta do meu problema com o coração, eu tive muitos overtrainings. Essa é realmente a melhor forma física em que já estive na vida. Eu treinei muito menos, mas me senti muito melhor. Nós realmente focamos em qualidade em vez de quantidade.
Por falar em Mitrione, o oponente não assusta Struve. Nem na hora em que o americano costuma provocar os rivais no falatório. O holandês diz que não se abala:
- Eu já enfrentei caras com mais força e cuidei deles direito. Mitrione é um bom lutador, um bom atleta, especialmente quando você permite que ele imponha o seu jogo. Quando ele cresce na luta, usa o bullying, mas eu não vou deixar com que ele faça isso comigo. Eu vou terminar esse duelo antes do tempo.
Com Stefan Struve de volta ao octógono após quase um ano e meio, o canal Combate transmite o UFC 175 ao vivo com exclusividade neste sábado, a partir de 19h30 (de Brasília). O Combate.com acompanha em Tempo Real no mesmo horário e transmite a primeira luta do card preliminar, entre Kevin Casey e Bubba Bush, em vídeo ao vivo.
UFC 175
5 de julho de 2014, em Las Vegas (EUA)
CARD PRINCIPAL
Peso-médio: Chris Weidman x Lyoto Machida
Peso-galo: Ronda Rousey x Alexis Davis
Peso-pesado: Stefan Struve x Matt Mitrione
Peso-médio: Uriah Hall x Thiago Marreta
Peso-galo: Russell Doane x Marcus Brimage
CARD PRELIMINAR
Peso-galo: Urijah Faber x Alex Caceres
Peso-meio-médio: Ildemar Marajó x Kenny Robertson
Peso-médio: Chris Camozzi x Bruno Carioca
Peso-galo: Rob Font x George Roop
Peso-médio: Luke Zachrich x Guilherme Bomba
Peso-médio: Kevin Casey x Bubba Bush