terça-feira, 3 de março de 2015

Estado suspende dois programas de 



despoluição da Baía de Guanabara


Continuidade de ecobarcos e ecobarreiras serão estudadas. O primeiro não cumpria meta e o segundo tinha estrutura frágil, segundo Secretaria de Estado do Ambiente

Por Rio de Janeiro
Uma semana depois de sustentar para o Comtiê Olímpico Internacional que ainda é possível tratar 80% do esgoto na Baía de Guanabara para a disputa da vela dos Jogos de 2016, o governo do estado suspendeu, através da Secretaria de Estado do Ambiente (SEA), dois programas que ajudariam a atingir a meta estabelecida no dossiê de candidatura: os dez ecobarcos, que retiraram o lixo flutuante da superfície da água, e as ecobarreiras nas saídas de alguns rios que desembocam na baía. Na semana passada, o Comitê Rio 2016 havia anunciado o pedido de uma reunião com órgãos ambientais para discutir a questão. De acordo com o governo do estado, 49% do esgoto da Baía de Guanabara está tratado. 

A atuação dos ecobarcos estava suspensa há 20 dias e será reavaliada. Segundo o secretário de estado do Ambiente, Antônio da Hora, o programa custava cerca de R$ 300 mil por mês e não atingia a meta de 45 toneladas mensais. 

- Não há nenhuma inteligência orientando o trajeto dos barcos. Qualquer gestor público responsável, identificando essa situação, para evitar o uso ineficiente dos recursos públicos, faria um freio de arrumação. Na verdade, do jeito que estão, os ecobarcos são para inglês ver. Infelizmente se privilegiou os ecobarcos, em detrimento à estrutura mais profissionalizada e funcional de ecobarreiras. É óbvio que evitar a entrada de lixo, na Baía de Guanabara, é muito mais eficiente do que recolhê-lo ao sabor de correntes e marés - disse Hora, em comunicado no site da secretaria.
baia de guanabara ecobarco (Foto: AP)Ecobarco na Baía de Guanabara. Trabalho insuficiente foi suspenso (Foto: AP)


Já o sistema de ecobarreiras é considerado primitivo pela SEA. As estruturas frágeis se rompem ou são cortadas facilmente para a passagem de pequenas embarcações. De acordo com Hora, o sistema de manutenção também é pouco transparente. Custa R$ 100 mil por mês e é pago pela Associação de Supermercados do Estado do Rio de Janeiro a uma federação de catadores, como uma espécie de contrapartida ao cumprimento da lei 3.369 de 2000, que obriga os supermercados a terem uma política de reutilização de materiais recicláveis. De acordo com a SEA, a Associação de Supermercados não vem pagando os catadores. 

- Infelizmente o sistema de coleta de lixo no entorno da Baía de Guanabara, atribuição dos municípios, não tem se mostrado eficiente. E é em função disso que o estado, em apoio aos municípios, está fechando um novo projeto de implantação e operação de novas ecobarreiras, mais robustas, tendo como exemplo outras experiências no mundo. Projeto este que vem sendo concebido em parcerias com a sociedade civil, entre elas com os iatistas Axel e Torben Grael - disse Hora.
 
De acordo com o secretário, é preciso contar com o apoio da população para que ela não jogue lixo nos rios. Mesmo com estes programas funcionando plenamente, não é possível garantir a ausência total de lixo na baía. 

- Sobretudo após chuvas fortes. Fundamental, também, é o apelo que fazemos a todos os moradores da Região Metropolitana, que evitem jogar lixo nos rios, pois o destino final dele será, inevitavelmente a Baía de Guanabara. Sem a colaboração de todos, vencer esse desafio é extremamente complexo.
Baía de Guanabara água verde (Foto: Reprodução vídeo)Água verde da Baía de Guanabara (Foto: Reprodução vídeo)
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EMPRESA DE ECOBARCO DIZ QUE ESTADO NÃO PAGA DESDE NOVEMBRO

De acordo com o diretor operacional da EcoBoat, Lourenço Ravazzano, a empresa não recebe há 105 dias da SEA. Dos dez barcos que estavam recolhendo lixo na superfície da Baía de Guanabara, a EcoBoat operava três de médio porte, e parou de trabalhar no domingo. A Brissoneau era responsável por um barco maior e seis menores, e parou no mês passado pelo mesmo motivo de falta de pagamento.   

- O nosso desafio é diário. São 12 meses de trabalhos ininterruptos. Não recebemos desde novembro. Tiramos geladeira, fogão, sofá, tronco de árvore e certa vez, até um bode morto. Se tivéssemos uma ferramenta de monitoramento agregaria valor. Sairíamos para os locais aonde sabemos que tem lixo. Mas isso deveria ser feito pelo estado - disse Ravazzano.  
A Secretaria de Estado de Fazenda reconheceu o débito com a EcoBoat e informou através de nota que o mesmo está sendo regularizado. 

O contrato do governo do estado com a EcoBoat havia sido renovado para este ano. Ravazzano diz que a empresa tem mais três barcos prontos para operar. O uso de ecobarcos já foi críticado por velejadores como Martine Grael, que reclama da poluição do mar através do combustível usado no motor.  

- Você não faz omelete sem quebrar ovo. Se o barco não tiver um motor vai usar remo? - questionou Ravazzano.

Atualizado às 19h com a informação de que a Secretaria de Fazenda reconhece o débito com a EcoBoat.

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