terça-feira, 21 de julho de 2015

Em funeral, Massa lembra relação com Bianchi na Ferrari: "Moleque nota mil"

Um dos mais emocionados no adeus, brasileiro teve contato próximo com jovem francês, membro da Academia de Pilotos da Ferrari: "Melhor piloto de kart que já vi"

Por Direto de Nice, França
Pastor Maldonado e Felipe Massa choram em funeral de Jules Bianchi (Foto: AP)Pastor Maldonado e Felipe Massa eram alguns dos maios emocionados em funeral de Jules Bianchi (Foto: AP)
Foram poucos os personagens da F-1 que se mostraram dispostos a falar com os jornalistas, nesta terça-feira, na Catedral Sainte-Réparate, em Nice, França, depois da missa de corpo presente de Jules Bianchi. O jovem e promissor piloto francês, de 25 anos, morreu sexta-feira, no Hospital Universitário de Nice, sua cidade, quase nove meses depois do acidente sofrido no GP do Japão, em Suzuka, dia 5 de outubro.
Dentre os que encontraram equilíbrio para dizer algo estava Nicolas Todt, empresário de Bianchi, e filho do presidente da FIA, Jean Todt. “Foi um dia muito emocionante, hoje, por ver o que os amigos fizeram por Jules”, disse o francês. Muitos pilotos da F-1 estiveram no início do funeral do piloto da Marussia. A seguir a missa de corpo presente a família não divulgou se o corpo seria levado ao crematório ou ao cemitério.
Nicolas Todt no funeral de Jules Bianchi (Foto: AP)Empresário de Bianchi, Nicolas Todt pôde acompanhar de perto o talento do piloto (Foto: AP)
Nicolas falou mais: “Infelizmente Jules não pôde ver tanta gente o aplaudindo na sua breve vida, nunca teve um carro para mostrar o seu verdadeiro talento. Mas aqui, hoje, Jules recebeu muitos, muitos aplausos”.
No caminho do kart a F-1 Bianchi teve de superar muitos desafios. “Foi uma luta chegar na F-1. Acabamos por nos tornar amigos. O momento mais espetacular da trajetória de Jules foi quando conquistou os dois pontos em Mônaco, no ano passado, com um carro que, em condições normais, não permitiria a ninguém realizá-lo, foi uma proeza". O que mais vem à mente de Nicolas quando pensa em Bianchi é a sua perseverança. “Ele não desistia nunca. Só alguém com a sua determinação chegaria a F-1 como ele fez. Eu posso dizer que sentirei muito a sua falta".
Felipe Massa Jules Bianchi (Foto: Divulgação)Massa e Bianchi em 2013 (Foto: Divulgação)
Felipe Massa é também empresariado por Nicolas. Quando o piloto da então Ferrari, em 2009, se acidentou na classificação do GP da Hungria, Nicolas sentiu o golpe. Estava fora de si no Circuito Hungaroring, próximo a Budapeste, onde no fim de semana, agora, será disputada a décima etapa do campeonato. Nesta sexta-feira o filho de Jean Todt não escondeu também a emoção.
Massa conhecia Bianchi por ambos trabalharem com Nicolas e mais de perto quando o piloto francês, em 2009, aos 19 anos, passou a fazer parte da Academia Ferrari, administrada por Luca Baldisseri, presente nesta sexta-feira, na missa, e bastante atingido com a perda do piloto que considera “a maior promessa da academia”. Baldisseri foi engenheiro de Michael Schumacher na Ferrari. Massa falou sobre Bianchi, antes ainda da cerimônia, onde se emocionou bastante: “Jules era um superpiloto, um moleque nota mil e o melhor piloto de kart que eu já vi".
Jules Bianchi, campeão do desafio de Kart das Estrelas (Foto: Carsten Horst / Divulgação)Em 2013, Bianchi foi campeão do Desafio de Kart das Estrelas, organizado por Massa em SC (Foto: Carsten Horst)

Luca Colajanni, ex-assessor da Ferrari e da Marussia, trabalhou duplamente com Bianchi. Hoje faz parte do grupo que lidera a Fórmula E, única categoria de carros elétricos. Colajanni acompanhou boa parte da trajetória do francês no automobilismo. “Vimos Daniel Ricciardo pegar o carro da RBR, no ano passado, pela primeira vez um carro melhor que o seu, da STR, e já no primeiro ano ganhar três corridas. Se dessem um carro melhor para Jules ele faria a mesma coisa de Ricciardo, venceria seu primeiro GP também. Seu nível de piloto pode ser comparado ao de Ricciardo”.
Jules Bianchi testa Ferrari em Silverstone (Foto: Reprodução/Twitter Ferrari)Jules Bianchi era membro da Academia de Pilotos da Ferrari e grande aposta do time para o futuro (Foto: Reprodução)

Talvez o piloto mais emocionado do evento desta sexta-feira na Praça Rossetti, onde está localizada a catedral de Nice, era o francês Jean-Eric Vergne, 25 anos também, como Bianchi, hoje piloto de testes da Ferrari, e por três temporadas titular da STR. “Nós começamos juntos no kart, demos passos semelhantes nas nossas carreiras. Jules era um grande piloto, um apaixonado por automobilismo. E apesar do pouco tempo de F1, deixou seu nome na história.”
Jean-Eric Vergne abraça Philippe Bianchi, pai de Jules Bianchi em velório (Foto: AFP)Francês como Bianchi, Jean-Eric Vergne era o mais emocionado no velório (Foto: AFP)
Em 2010, três equipes estrearam na F1, Virgin, HRT e Lotus, que nada tinha a ver com a atual Lotus e muito menos com a original, criada por Colin Chapman, em 1958. A única que sobreviveu foi a Virgin, que hoje se chama Manor e no campeonato passado, Marussia, o time de Bianchi. Desde então, em apenas uma ocasião um piloto desses times marcou pontos na F1. Por serem escuderias de recursos bastante limitados, o nono lugar do francês no Circuito de Monte Carlo, no ano passado, é como disse Vergne, um fato histórico.
“Eu me emocionei por ver tanta gente aqui, por ver como Jules era querido. Essa demonstração de carinho foi fantástica. Agora temos que rezar por Jules e para sua família se recompor”, disse, sempre em voz embargada, Vergne. Ele foi um dos que seguiu, depois da saída do caixão da igreja, para o local reservado pela família Bianchi os amigos, a fim de acompanhar a parte final do funeral.
Felipe Massa e Jean-Eric Vergne no funeral de Jules Bianchi (Foto: AFP)Felipe Massa e Jean-Eric Vergne no funeral de Jules Bianchi (Foto: AFP)

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