terça-feira, 21 de julho de 2015

Orlando diz que São Paulo tem até quinta para dizer se aceita acordo

Clube norte-americano também ameaça Tricolor com outro processo pela não realização de um amistoso no estádio do Morumbi, como estava previsto no contrato

Por Sâo Paulo
Paulo Henrique Ganso São Paulo (Foto: Site oficial do SPFC)Ganso pode ser cedido ao Orlando 
(Foto: Site oficial do SPFC)
O São Paulo tem até quinta-feira para dar uma resposta à proposta feita pelo Orlando City, queentrou com uma ação na última segunda pedindo o pagamento de R$ 13.878.159,26 do São Paulo referentes a obrigações contratuais não cumpridas no empréstimo do meia Kaká no segundo semestre do ano passado. O clube norte-americano propõe o perdão da dívida e ainda aceita pagar R$ 6 milhões em troca da cessão do meia Ganso. Caso o Tricolor não se manifeste, a proposta de acordo será cancelada.   
Isso porque a janela de transferências para contratações na liga norte-americana fecha na próxima segunda-feira. E, caso Ganso não seja liberado até quinta-feira, o Orlando teria tempo de correr atrás de outro jogador para a posição.
O Orlando ainda estuda entrar com outro processo contra o clube paulista por causa de um amistoso não realizado no Morumbi, como previsto no contrato de empréstimo. Segundo o advogado do time norte-americano, Paulo Luciano de Andrade Minto, essa segunda etapa só será cumprida caso o São Paulo se recuse a marcar a partida.   
– O Orlando está sempre disposto ao entendimento. As duas diretorias vão conversar e ver a possibilidade de um amistoso no Morumbi, com a renda do jogo sendo dividida da seguinte maneira: 80% para o Orlando e 20% para o São Paulo. Se isso não acontecer, vamos encontrar com outro processo, pedindo uma indenização – afirmou o advogado.
A ação de quase R$ 14 milhões não tem data para ser julgada. 
– Estou muito confiante, até porque o São Paulo, em uma entrevista recente do seu presidente (Carlos Miguel Aidar), reconheceu que tem uma dívida com o Orlando City. O que eles não concordam é com uma parte da dívida que faz parte do processo no nosso entender. A diretoria do Orlando tem um perfil de conciliação, topa sentar e conversar. Por isso, vamos aguardar - ressaltou,.     
Entenda o caso
Kaká chegou ao Tricolor em julho do ano passado, com vínculo de seis meses, já que a liga norte-americana de futebol começaria apenas em março deste ano.  O São Paulo, por contrato, tinha uma série de obrigações a cumprir. Veja abaixo:
1) Durante o período de empréstimo, o São Paulo deveria pagar a Kaká o valor total de US$ 1,3 milhão, relativo ao pagamento de salários.
2) São Paulo e Orlando City deveriam disputar dois amistosos, um no Morumbi, outro em Orlando, que deveriam ser realizados respectivamente em janeiro de 2015, para marcar a despedida de Kaká da equipe brasileira, e fevereiro de 2015, para marcar a chegada do jogador ao time norte-americano.
3) O lucro com a bilheteria das duas partidas deveria ser dividido da seguinte maneira: 80% para o Orlando City e 20% para o São Paulo.
4) O São Paulo deveria repassar ao Orlando City a renda líquida total da partida de estreia de Kaká no estádio do Morumbi.
5) A partir da estreia de Kaká no Morumbi, a arrecadação nos jogos da equipe aumentou sensivelmente. O Orlando City deveria receber 20% dessa diferença, em comparação a jogos realizados antes da estreia do camisa 8.   
6) O São Paulo deveria enviar ao Orlando City um documento idôneo e comprobatório mostrando o valor médio das receitas líquidas registradas no Morumbi nas quatro partidas anteriores à estreia do jogador: Botafogo, Coritiba, Grêmio e Atlético-MG. Isso tinha um prazo de dez dias para ser enviado a partir de 26 de junho de 2014.
Como esse prazo não foi cumprido, iniciou-se uma cobrança diária de US$ 10 mil até a data em que fosse feito o envio da documentação. Segundo o Orlando, foi enviada apenas uma planilha por e-mail no dia 13 de fevereiro de 2015. Isso, segundo os americanos, não serve como documento idôneo e comprobatório. Com isso, cobrou-se a multa até a última segunda-feira, o que resultou na quantia de US$ 3.780.000,00, o que convertido ao  câmbio do dia 20, resultou no valor de R$ 12.133.800,00.
O valor total relativo ao item 5 deveria ser pago pelo Tricolor até o dia 15 de janeiro de 2015, o que não aconteceu. Com isso, foi acrescida uma multa de 10%, além de juros de um por cento ao mês. Aqui, o débito chegou a R$ 1.744.359,26. 
Como Kaká estreou fora do Morumbi (diante do Goiás, no estádio Serra Dourada), ficou acordado entre as partes que o São Paulo cederia a renda da partida contra a Chapecoense, realizada no dia 19 de julho do ano passado: R$ 997.855,00, o que também não aconteceu. Foi repassada a renda do jogo contra o Vitória, realizado no dia 10 de agosto: R$ 869.534,00. Somando tudo o que o Tricolor deixou de pagar, a ação chegou aos quase R$ 14 milhões.
São Paulo se manifesta sobre o caso
A reportagem do GloboEsporte.com foi procurada pela assessoria de imprensa do clube do Morumbi, que trouxe informações sobre o caso. Sobre o documento comprobatório idôneo, o São Paulo alega que a planilha de prestação de contas enviada ao Orlando City foi assinada por Alexandre Leitão, CEO do clube dos Estados Unidos. De acordo com o Tricolor, isso faz do documento válido. E que como ele foi enviado no dia 13 de fevereiro, o valor da multa cairia para US$ 1,8 milhão (R$ 5,7 milhões). A multa é vista como abusiva pelo Tricolor. 
Segundo o clube do Morumbi, como o contrato foi registrado no Brasil, a cobrança da multa não poderia ser feita em dólar. E, mesmo assim, deveria ser colocado no documento o valor da cotação de cada dia de atraso, não simplesmente colocar a cotação do dia 20, como foi feito.
Além disso, a ação do Orlando City é de execução e, do jeito que foi feita, não atende todos os requisitos. Por isso, dificilmente será aceita por qualquer juiz. No total, o São Paulo reconhece dever aproximadamente 10% do valor cobrado pelo clube norte-americano. 

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