terça-feira, 21 de julho de 2015

Medina tira bi mundial da meta e vê insegurança no surfe contra tubarões

Após voltar a encontrar o seu bom surfe em J-Bay, campeão mundial afirma não mirar o título em 2015 e comenta ataque a Mick Fanning: “Segurança mesmo não tem”, diz

Por São Paulo
Poderia ter sido a etapa de redenção de Gabriel Medina. Depois de começar mal a temporada 2015, o campeão mundial do surfe teve boas atuações e chegou a superar Kelly Slater e Mick Fanning em Jeffreys Bay, mas o bom desempenho foi ofuscado por um incidente que quase se transformou em tragédia. De volta ao Brasil, Medina comentou o ataque de tubarão a Fanningna final da etapa sul-africana do Mundial de Surfe. Ele acredita que há uma insegurança na modalidade contra ataques de tubarões. 
Gabriel Medina lançamento livro (Foto: Marcos Guerra)Gabriel Medina participou de evento de lançamento de caderno com a sua imagem, em São Paulo (Foto: Marcos Guerra)
- Aconteceu esse lance do tubarão. É difícil. A gente sempre acha que não vai aparecer, que não vai acontecer com a gente, até acontecer, como foi nessa etapa, mas corremos esse risco. No Mundial de Surfe, várias etapas têm histórico, como a de J-Bay e a de Margaret River, que é na Austrália. Tem até tubarão em Fiji e no Taiti, mas lá tem muito peixe, então nunca houve ataques, mas tem praias com “currículo” de ataques de tubarão. Dá medo, mas é o nosso trabalho, tem que ir lá. Para falar a verdade, segurança mesmo não tem. A gente pôde ver isso em J-Bay. É que não era a hora dele, mas podia ter acontecido o pior ali. Seria muito ruim para o surfe e para nós. Poderia ser eu ou outro companheiro - disse Medina, que participou do lançamento de um caderno escolar com sua imagem, em uma feira do setor em São Paulo. 
Depois do ataque, a WSL (Liga Mundial de Surfe) anunciou que estuda implantar um sistema “espanta-tubarão”, um aparelho eletrônico que funciona coo “repelente” de tubarões e se chama “Shark Shield”. Atualmente, as etapas do Mundial de Surfe contam com procedimentos de segurança, como o uso de “olheiros” - salva-vidas que vigiam o mar - e dois jet-skis - esse número pode aumentar para cinco agora. Ainda assim, os surfistas estão assustados com a possibilidade de voltar a J-Bay - a etapa sul-africana tem contrato com a WSL até 2016. O brasileiro Jadson André, por exemplo, chegou a afirmar que nunca mais retornará para a praia da África do Sul. Medina diz não ter vontade de surfar mais em J-Bay, mas vai cumprir a programação do Mundial. 
Gabriel Medina antes da 2ª fase da etapa de Jeffreys Bay  (Foto: WSL )Gabriel Medina antes da 2ª fase da etapa de Jeffreys Bay: confiança (Foto: WSL )
- Tem jeito de melhorar a segurança. Em várias praias do mundo não tem esse histórico de ataque de tubarão, tem praia que não tem tubarão e são de ondas boas também, mas envolve um monte de coisa. Dá para evitar. Eu prefiro. Espero que isso mude um pouco. Só volto (a J-Bay) se tiver de competir lá em uma etapa do Mundial, mas voltar agora para surfar com certeza não. Não tenho nenhuma vontade. Quando fui embora, o mar estava perfeito, deu altas ondas depois do campeonato, e eu não caí, voltei ao Brasil. Tinha gente surfando até, mas prefiro não arriscar. Muita gente que está no circuito ficou muito assustada, então vão ser poucos que vão voltar para J-Bay - disse o atual campeão mundial. 
Medina também passou por um incidente com um tubarão neste ano, na etapa australiana de Margaret River, em abril. Na ocasião, porém, o animal estava caçado um peixe. 
- Em Margaret, foi na segunda rodada, eu estava competindo e apareceu u tubarão, só que ele estava atacando um peixe. Passou muito perto de nós, talvez uns três metros de distância, só conseguimos ver a barbatana dele indo atrás do peixe. Ele ficou rodeando a gente e atacando o peixe. A gente só botou o pé para cima da prancha e não fez nenhum movimento. Eu estava com um local na hora e ele falou: “é um tubarão de coral, esse não ataca, é tranquilo”. Mas eu fiquei de olho, ainda mais em Margaret, que tem histórico. Tem uma praia ao lado que cada mês morre um. Fiquei assustado na hora - recordou Medina. 
Tubarões à parte, a etapa de J-Bay foi boa para o campeão mundial, que reencontrou o bom surfe e parou nas quartas de final, com vitórias sobre a lenda americana Kelly Slater e o próprio finalista Mick Fanning. Com o resultado, ele agora figura na 15ª colocação, com 16.150 pontos, bem atrás do líder, o compatriota Adriano de Souza, o Mineirinho, que tem 33.200 pontos. A distância, fruto de um mau começo de temporada, fez Medina tirar de suas metas para o ano o bicampeonato. 
Gabriel Medina lançamento livro (Foto: Marcos Guerra)Surfista afirmou que agora ficará "mais leve" para o restante da temporada (Foto: Marcos Guerra)
- Estava sendo bem difícil o campeonato para mim. Para ser campeão precisa acontecer muitas coisas, eu ganhar várias etapas e os caras que estão lá em cima caírem. Eu não estou pensando em ser campeão mundial de novo, até porque comecei o ano muito mal, estava em uma má fase. É um ano que quero ir livre, sem pressão, quero fazer minha melhor performance e me manter entre os dez primeiros para no ano que vem voltar ao objetivo de ser campeão mundial.
Medina contou que tirar das costas o peso de defender o título mundial até o ajudou em J-Bay.
- Fui com uma cabeça diferente, pensando mais em fazer uma boa performance e não pensando em título mundial. Acho que isso acabou me ajudando sim. Competição é assim: você vai mal em algumas etapas, depois vai bem de novo. É assim que é a competição.
Mais leve, Medina agora se prepara para a etapa do Taiti do Mundial de Surfe, que está programada para ser realizada entre 14 e 25 de agosto, em Teahupoo.

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