quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Glover usa piada de "Uma Família da Pesada" para explicar luta com OSP

Em entrevista ao Combate.com, brasileiro fala sobre confronto de sábado, desafios na categoria após saída de Jon Jones e "pedreiras" no caminho do cinturão meio-pesado

Por Rio de Janeiro
"Rocky, não vá até Marte lutar com aquele marciano". Deitado na cama, Rocky Balboa ouve a súplica de sua esposa, sem reconsiderar sua decisão inicial. "Mas não tem oxigênio lá", ela argumenta, ao que o marido responde: "Não tem oxigênio para ele também. Se aquele marciano quer luta, ele terá uma luta".
A cena é de "Uma família da pesada", seriado animado americano, e satiriza o filme Rocky IV, em que o personagem de Sylvester Stallone aceita um combate contra Ivan Drago, na União Soviética, país do gigante. "O problema é que o cara era marciano, tava acostumado com isso", diz Glover Teixeira, aos risos. É descrevendo essa piada que o ex-desafiante ao título meio-pesado do UFC e quarto colocado no ranking da divisão explica como será enfrentar Ovince St-Preux no estado de Tennesse, casa do americano, próximo sábado, dia 8.
- O profissional tem que estar preparado para guerra. Não tem esse negócio. Tem que ser um samurai. Se adaptar a qualquer clima, qualquer luta - afirma, em entrevista ao Combate.com.
Glover Teixeira MMA UFC 172 (Foto: Evelyn Rodrigues)Glover Teixeira faz sua 27ª luta na carreira no próximo sábado, dia 8, contra Ovince St-Preux (Foto: Evelyn Rodrigues)
O confronto acontece 10 meses após a última luta do brasileiro. Na oportunidade, Glover perdeu para Phil Davis por decisão unânime. O evento aconteceu no Rio de Janeiro, e marcou a segunda derrota seguida do lutador, que tinha sido derrotado por Jon Jones seis meses antes. De lá para cá, Teixeira teve duas lutas desmarcadas. Ficou fora de duelo em fevereiro contra Rashad Evans por lesão no joelho e, em junho, viu sua luta contra Alexander Gustafsson cair devido a contusão nas costas sofrida pelo sueco. 
Entre Evans, Gustafsson e St-Preux, uma semelhança: os três são ranqueados no top 6 dos meio-pesados. Para Glover, ter "pedreiras" pela frente indica sua relevância na categoria. 
- Se for falar dos caras que podem lutar pelo cinturão, você tem que falar meu nome. Goste de mim ou não. Ainda mais depois dessa luta. Ganhando, todo mundo vai ter que falar de mim, ali junto com o Daniel Cormier, Anthony Johnson, Ryan Bader e Gustafsson. São caras que podem lutar pelo cinturão a qualquer momento. Eles só marcaram pedreira para mim, que é o que eu quero. Minha chance é muito grande. Estou ali, na porta.
E a porta fica ainda mais perto sem o maior dos obstáculos pela frente: o ex-campeão da categoria Jon Jones. Destituído do cinturão desde abril deste ano, quando se envolveu em acidente de carro e não prestou socorro à vítima, uma mulher grávida, "Bones" deixou a divisão aberta para os desafiantes que já haviam batido nela, sem conseguir entrar.
MMA - UFC 172 - Jon Jones x Glover Teixeira (Foto: Reuters)Glover Teixeira foi derrotado pelo então campeão Jon Jones por decisão unânime no UFC 172, em abril de 2014 (Foto: Reuters)
No top 5 da categoria, só Anthony Johnson não enfrentou o ex-campeão. A luta aconteceria em maio deste ano, mas o imprevisto fez com que o cinturão tivesse que ser disputado com Daniel Cormier, que saiu com a vitória e agora reina na divisão. Glover enxerga isso de maneira positiva para uma possibilidade de se tornar o número 1, mas garante que não deseja o mal para Jones.
- É lógico que agora fica mais fácil, mas não vou torcer para uma fatalidade do cara. Não vou torcer contra ele na vida pessoal. Posso até torcer contra, que alguém o vença, mas na vida profissional. O Jon Jones é um campeão, um cara que vende, mas agora está passando por essa situação. O cara é bruto, é bom. Tive o prazer de lutar com ele e, se Deus quiser, quero ter o prazer de lutar de novo. Me adaptar ao estilo dele e voltar lá e ganhar. Mas não vou torcer contra. Tomara que dê tudo certo para ele, e que ele volte a lutar.
E para vencer St-Preux, o brasileiro afirma se inspirar no ex-campeão. Por ter tido que mudar um pouco a preparação para pegar o americano, já que tinha luta marcada com Gustafsson menos de dois meses antes, Glover aposta em um atributo: adaptação. Ele acredita que o sueco era mais técnico, enquanto que o atual adversário tem maior poder de nocaute. A diferença de base, por St-Preux ser canhoto, também interfere no desenrolar do combate. 
- Mas a estratégia é a mesma, pressionando, trabalhando bem o boxe, porque os dois são caras altos, que gostam de trabalhar chutes. São caras completos. É difícil falar qual é o mais difícil. Essa é a graça de lutar. Você tem que se adaptar. Seja o Gustafsson ou o St-Preux. Tem que achar um meio termo, porque todo mundo tem um estilo diferente. Para ser campeão, você tem que se sair bem em todos os quesitos, assim como o Jon Jones foi. Ele pegava os caras mais diversos e ganhava.
O confronto será o 27º da carreira de Glover, que soma 22 vitórias e quatro derrotas no cartel. Aos 35 anos, o mineiro busca em St-Preux uma oportunidade de voltar a vencer e subir os degraus que o separam de uma disputa de cinturão. Seu adversário, que luta em casa, tem 32 anos e vem de dois triunfos, sobre Maurício Shogun e Patrick Cummins. O atleta tem 18 vitórias e seis derrotas até agora.

*Estagiário, sob supervisão de Raphael Marinho

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